Prestem bastante atenção ao que vai a seguir.
A prisão de Romero Menezes, o nº 2 da Polícia Federal — não entro, agora, no mérito sobre culpa ou inocência — foi praticamente imposta a Luiz Fernando Corrêa, o atual diretor-geral.
É na polícia, e não em outro lugar qualquer, que se atribui ao grupo de Paulo Lacerda, o diretor afastado da Abin (consta que definitivamente), a seqüência de eventos que resultou em tal desfecho.
Menezes é aliado de Corrêa, que nunca chegou a ter o comando efetivo da corporação. A prisão de seu imediato o fragiliza ainda mais. Lacerda já deixou claro que não pretende sair pela porta dos fundos — da Abin ou do governo.
E ele tem, se querem saber, algumas medalhas no peito, com muitos serviços prestados ao petismo e, por que não dizer?, ao próprio Lula.
Vamos lá:

Zero! Nenhum!
- Qual foi o contratempo criado pela Polícia Federal na questão da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo?
Zero! Nenhum!
- Qual foi o contratempo criado pela Polícia Federal na investigação do dossiê dos aloprados?
Zero! Nenhum!
Quem era o diretor da Polícia Federal nesses três casos?
Lacerda.
Em compensação, ele tornou operativa a Polícia Federal de propaganda, aquela apta a cassar e caçar alguns ricos, o que permitiu a Lula anunciar o fim da impunidade dos poderosos. Como todos formos informados, Lula nunca soube de nada, não é mesmo?
E Lacerda conferiu verossimilhança policial a essa versão.
A tendência, podem apostar, é a acomodação. O rearranjo terá de ser grande, profundo e subir alguns degraus na hierarquia. Qualquer que seja a direção da PF, uma coisa é certa: Tarso Genro não terá o comando dela.
E, pois, Lula sentirá, cedo ou tarde, a necessidade de demiti-lo — ao menos da Justiça — se quiser que o órgão deixe de ser fonte de instabilidade.
Mais: Lacerda quer o seu quinhão, nem que seja para exibir aos colegas.
O que isso quer dizer?
Se não pode ter seu cargo de volta na PF ou na Abin, quer aliados seus em postos de chefia. Está com a vaidade ferida. E é um homem que sabe demais para permanecer como um canhão solto no convés. E acho que Lula acabará cedendo.
Vivemos o ponto extremo da balcanização dos órgãos de segurança do estado. E o motivo é um só. Nas democracias, polícias e órgãos de Inteligência exercem funções técnicas.
Só as tiranias tornam a polícia um braço da política. O petismo resolveu inovar, tendo uma polícia politizada num regime democrático.
O resultado é o que se vê.
Lula vai ter de ouvir a pauta de reivindicações de Lacerda. E sabe que vai. Mais do que isso: sabe por quê. E, suspeito, sabe que acabará cedendo.
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