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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O dono do Banco Opportunity se disse perseguido por "facções do governo", que teriam interesse no controle da Brasil Telecom.


- Em 2002, fui avisado que o novo governo iria entrar em guerra contra mim. Depois eu percebei que não era o governo, mas facções do governo, que teriam interesse em manter o controle da Brasil Telecom - disse o banqueiro, citando o nome de três petistas: o ex-ministro e deputado federal cassado José Dirceu; o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, que atualmente exerce mandato de deputado federal; e o ex-ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República).

Dantas: parte de US$ 800 milhões da compra da CRT teria sido desviada

O banqueiro disse que a Kroll foi contratada pela Brasil Telecom (BrT) para investigar se houve alguma ilegalidade no valor imposto pela Justiça para a compra da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). Segundo Dantas, na disputa estavam a Brasil Telecom e a Telcom Itália, sócias na época, e, para resolver a questão, a Justiça determinou que a empresa deveria ser vendida por US$ 800 milhões. Quem venceu a disputa foi a Brasil Telecom, que havia oferecido US$ 750 milhões e teve de pagar US$ 50 milhões a mais pela companhia CRT.

" US$ 800 milhões saíram dos cofres da BrT e foram para os cofres da Telefonica da Espanha, e daí podem ter tido destinos distintos. A função da Kroll era investigar se esse dinheiro teria tido um destino ilícito "

A função da Kroll era investigar para onde teria ido esse valor pago a mais pela BrT, segundo o banqueiro.

- US$ 800 milhões saíram dos cofres da Brasil Telecom e foram para os cofres da Telefonica da Espanha, e daí podem ter tido destinos distintos. A função da Kroll era investigar se esse dinheiro teria tido um destino ilícito - explicou Dantas.

Dantas também afirmou categoricamente que a Kroll não realizou grampos ilegais quando prestava serviço para a BrT e que o processo na Justiça Federal de São Paulo que resultou da operação não tem informações sobre grampos ilegais.

Segundo ele, grampos ilegais teriam sido usados pela Telecom Itália, na disputa societária, conforme confissões de agentes contratados que estariam em mãos da Procuradoria Federal de Milão, na Itália. A versão de Dantas contraria o depoimento do delegado da Polícia Federal Élzio Vicente da Silva à CPI do Grampo, na última quinta-feira.

O delegado, que comandou a Operação Chacal, disse que a Kroll realizou escutas clandestinas contra a Telecom Italia .

O banqueiro afirmou que a Kroll teria sido contratada em outras ocasiões pela Telecom Itália. Uma delas foi durante a época da privatização. Nesse caso a Telecom Itália queria evitar que o preço que ela iria oferecer na compra de uma empresa fosse antecipado aos concorrentes.

- De fato a Kroll prestou esse serviço. A Telecom Itália foi a contratante, não o consórcio, e quando surgiu o problema dos grampos, ele não dizia mais respeito à Telecom Itália, ele não tinha mais nenhuma materialidade em si - explicou o banqueiro.

Durante o depoimento, a Kroll e a Telecom Itália divulgaram nota negando as acusações.

As histórias por trás do depoimento

Dantas foi convocado pela CPI para falar sobre a Operação Chacal, realizada pela Polícia Federal em 2004, que desvendou um esquema de escutas telefônicas clandestinas feitas pela empresa americana Kroll Associates. As escutas teriam sido encomendadas por Dantas durante a disputa com a Telecom Itália pelo controle acionário da Brasil Telecom. A investigação demonstrou que a Kroll também investigou autoridades brasileiras.

O banqueiro foi denunciado e preso na Operação Satiagraha, realizada no mês passado pela Polícia Federal, mas foi solto por decisão do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, e responderá ao processo em liberdade.

Na terça-feira, o juiz Fausto de Sanctis, que autorizou as escutas e prisões realizadas pela Polícia Federal durante a Operação Satiagraha, depôs na CPI. Ele negou abuso da PF com 'senhas' de acesso ao cadastro telefônico.

Em seu depoimento à CPI do Grampo, na semana passada, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz defendeu regras mais frouxas para autorização de escutas telefônicas. Protógenes conduziu as investigações da Operação Satiagraha, mas depois foi afastado do caso por supostos abusos.

Leila Suwwan - O GloboO Globo Online, Agência Brasil e Agência Câmara


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