Abandona a República, esquerda atrasada!
Este corpo não te pertence!
Por Reinaldo Azevedo
Aí um leitor, fazendo-se de muito esperto, sem perceber que me dá razão, decide me contestar. Ele começa citando algo que escrevi:
"Se estivesse claro, implícito ou sugerido o risco de pegar os extremistas de um dos lados apenas, a lei não teria saído em 1979 — ou teria sido outra, excluindo-se, por exemplo, os crimes de morte e as ações terroristas, como queriam os militares." Reinaldo Azevedo, 10/08/08
E depois me envia o que seria a contestação fática:
PROGRAMA MÍNIMO DE AÇÃO
"Na defesa dos Princípios aqui expostos, o CBA/SP se compromete, neste momento, a encaminhar a sua luta pela consecução dos seguintes Objetivos Imediatos, que constituem o seu Programa Mínimo de Ação: 1. Fim Radical e Absoluto das Torturas. Denunciar as torturas e contra elas protestar, por todos os meios possíveis. Denunciar à execração pública os torturadores e lutar pela sua responsabilização criminal. Investigar e denunciar publicamente existência de organismos, repartições, aparelhos e instrumentos de tortura e lutar pela sua erradicação total e absoluta." Carta de Princípios e Programa Mínimo de Ação - Comitê Brasileiro pela Anistia/São Paulo - julho de 1978 Publicar Recusar (Anônimo) 11:43
Comento
Pois é. O que vai acima é trecho de um documento de uma das seções do Comitê Brasileiro pela Anistia: a de São Paulo. É de quando mesmo? Ah, sim, de julho de 1978. Qual é a data da Lei de Anistia? 28 de agosto de 1979.
O que terá acontecido naqueles 13 longos meses? Negociação. Como funciona o jogo político? Tio Rei explica a alguns senhores já maduros, mas ainda doidivanas, que, creio, estão se olhando no espelho e se imaginando com 30 anos a menos... Sei: essa idéia também me agrada: Volver a los 17... Ocorre que a ninguém é dado o direito de comprometer gerações futuras para fazer revanche histórica. Não temos mais 17. E os que têm querem oportunidades de estudo, de trabalho, de lazer — vocês sabem: essas coisas aburguesadas... Volto ao ponto. O que é uma negociação? Com efeito, havia quem estivesse na luta pela anistia imaginando a grande revanche o quanto antes. E aí reivindicava o que vai acima. Havia contrapartida? Havia reivindicação do outro lado? Sim: terroristas e assassinos de esquerda ficariam de fora — sem perdão.
E foi então que os grupos favoráveis à anistia perceberam que a revanche não lhes era útil. Nasciam ali os três adjetivos para se colar à palavra “anistia”: ela haveria de ser “ampla”, “geral” e “irrestrita”. E qual foi a forma jurídica que isso tomou? Esta, que vai em azul:
Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares. § 1º Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política.
É a política, estúpido! Repito: as leis perfeitas não estão guardadas na caverna. Nascem de pactos. Sim, claro, é compreensível que haja quem queira fazer a história retroagir 30 anos ou mais para caçar e cassar seus inimigos. Afinal, não é?, há gente disposta a rever até o processo de colonização...
Mas falta apontar algo na Lei de Anistia. Este parágrafo: § 2º Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal.
E o que “o regime” fez em nome da pretendida “pacificação”? Fingiu que o dispositivo não existia. E todos foram anistiados. Pelo andamento da história.
A esquerda atrasada, sem futuro, agora decidiu voltar seus horizontes utópico-revolucionários para o passado!
Exorcizemo-la!
Sai da República, esquerda atrasada!
Este corpo não te pertence!
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