Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Dantas acusa PF e levanta suspeitas sobre o governo

BRASÍLIA - Apesar de contar com um habeas corpus para manter silêncio no depoimento à CPI dos Grampos, o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, acionou uma metralhadora giratória de insinuações durante mais de cinco horas.

Acompanhado de seis advogados e uma mala azul com documentos, ele levantou suspeitas de pagamento de propina e de interferências políticas na disputa pela Brasil Telecom (BrT) e afirmou que o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, responsável pela Operação Satiagraha - que o prendeu - teve a intenção de investigar Fábio Luiz, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por envolvimento no imbróglio da guerra da telefonia.

Dantas afirmou que a Operação Chacal da Polícia Federal (2004) foi "montada" para frear a investigação que a empresa americana Kroll Associates fazia sobre o paradeiro de milhões de dólares que teriam sido desviados na Brasil Telecom e que supostamente teriam sido usados para fins ilícitos.

- No meu entendimento, na minha opinião, essa operação da PF foi montada, articulada e encomendada para sustar a investigação da Kroll - disse Dantas.

Com desenvoltura e ironia - convidou a CPI a enviar um avaliador de paredes para constatar que seu apartamento não tem um fundo falso -, Dantas não enfrentou resistência consistente, mesmo de deputados petistas, para colocar sob os holofotes teses como a de que o ex-diretor da PF Paulo Lacerda, atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), "armou" a Satiagraha para "colocar um par de algemas" nele . Suspeita-se que o banqueiro seja a fonte de reportagens que apontavam a existência de dinheiro ilegal de Lacerda no exterior.

- O Protógenes me recomendou que não falasse mais com a imprensa, que isso não está ajudando. E que não tentasse trazer o material lá da Itália porque já tinha sido apurado e não tinha nada e que vai investigar a fusão da BrT-Oi. O Protógenes disse que também ia investigar os filhos do presidente Lula - disse Dantas.

Questionado pelo deputado Nelson Pellegrino (PT) sobre a citação, reafirmou:

- Ele disse que ia apurar a operação BrT-Oi envolvendo o filho do presidente Lula e também disse que ia até o fim - disse Dantas, sem fazer referência à empresa de jogos eletrônicos Gamecorp, da qual Fábio Luiz é sócio e que recebeu R$ 5 milhões da Oi (ex-Telemar).

Dantas negou ter qualquer conhecimento sobre a tentativa de suborno de um delegado da PF, acusação que recai sobre Humberto Braz, ex-diretor e atual consultor da BrT. E disse que contratou o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) para ser um "negociador" com os fundos de pensão, na tentativa de obter um acordo na briga societária.

- Dantas deu seus recados de forma calculada. Seguiu um roteiro e abriu o caminho para a CPI investigar questões até do filho do presidente Lula - avaliou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).

O deputado Raul Jungmann (PE) entregará, nesta quinta-feira, pedido de acareação entre o banqueiro Daniel Dantas e o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que comandou a operação Satiagraha, na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga escutas telefônicas.

Dantas disse, em depoimento à CPI, que o delegado lhe garantiu que iria "até o fim" nas apurações, que alcançariam, até mesmo os filhos do presidente Lula. Quando Jungmann perguntou ao banqueiro se ele se submeteria a uma acareação, ele respondeu:

"Os senhores têm a prerrogativa de convocar; eu não tenho alternativa".

Banqueiro acusa Telecom Italia de ter pago propina de 25 milhões de euros

No depoimento desta quarta-feira à CPI do Grampo, Daniel Dantas disse ainda que a Telecom Itália teria distribuído "25 milhões de euros de propina no Brasil" e que a investigação da Kroll teria o objetivo de identificar para quem teria ido o dinheiro.

- Minha interpretação é que a Kroll estava próxima de achar para onde estava indo esses recursos. Essa celeuma que foi criada em cima disso teve efeito, que era parar a investigação da Kroll - afirmou

" Em 2002, fui avisado que o novo governo iria entrar em guerra contra mim. Depois eu percebei que não era o governo, mas facções do governo, que teriam interesse em manter o controle da Brasil Telecom "

Leila Suwwan - O GloboO Globo Online, Agência Brasil e Agência Câmara

0 comentários: