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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

MERCADANTE SÓ SURPREENDE QUEM NÃO CONHECE MERCADANTE

O primeiro compromisso de Mercadante é com a sua vaidade.
O que vocês querem que eu diga?

Vocês viram aqui Tio Rei levar a sério a palavra de Aloizio Mercadante (PT-SP)? Eu lia os meus colegas — profissionais sérios, competentes, trabalhadores — a anunciar a renúncia certa de Mercadante, questão de tempo apenas etc, e eu pensava: “Não vai acontecer.

O primeiro compromisso de Mercadante é com a sua vaidade.

E isso, curiosamente, pode custar até mesmo a humilhação”.

É que não sou repórter, todos sabem. Admiro os que são. Mas eu não sou. Eu gosto é de Freud.

A renúncia de Mercadante era tão séria quanto o seu doutorado.

As palavras com que anunciou a renúncia da renúncia são patéticas: “Não tenho condições de dizer não [ao pedido de Lula]. Não tenho, como não tive antes”, afirmou ele, referindo-se à carta de Lula. Entendo! Mas pode dizer um “não” à própria palavra.

Mercadante vive negando anunciadas convicções por causa desta, como chamarei?, compulsão para servir.

Este valente achava que havia razões para cassar Renan Calheiros. Dizia isso.
Sabem o que ele fez? Absteve-se e comandou a abstenção. E Renan está aí, humilhando Mercadante. Convenham: a diferença entre ambos é de palavra, não é mesmo?

Escrevi à época: “Como sempre, quando o caso é Mercadante, o bigode precede a coragem. A ser assim, admite-se, então, que um senador que não tem condições de permanecer na Casa é peça importante do poder petista — e isso define o poder petista, certo?”

Também naquele caso, o que ele tentou?

Manter Renan, mas preservando a sua “indpendência” (risos).

Foi um articulador incansável a favordo senador de Alagoas.

Não é a primeira vez que Mercadante põe o bigode à frente da coragem. Há coisa de três anos, Sarney apresentou um projeto que criava uma zona franca que abrangia praticamente metade do país. O texto transformava o Brasil num Paraguai de dimensões gigantescas. O que fez o corajoso petista? Reconheceu o malefício do projeto, mas votou a favor porque disse que não podia se colocar contra uma proposição de um ex-presidente da República… Mercadante, naquela época, votou contra São Paulo, que representa no Senado, mas não contra Sarney…

No episódio dos aloprados do dossiê, vocês se lembram, o seu braço direito, Hamilton Lacerda, foi flagrado com a mala de dinheiro. Mercadante, claro, afirmou que não sabia de nada, e o outro arcou sozinho com o peso da suspeita - só da suspeita, já que o caso, até agora, é um daqueles crimes de petistas para os quais não há criminosos.

Que os meus colegas repórteres aprendam a pôr a palavra de Mercadante em perspectiva.

Por Reinaldo Azevedo

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