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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mercadante pode deixar liderança do PT com crise



Ele avisa que não indicará aliados de Sarney para Conselho de Ética

Christiane Samarco

O governo e o PMDB devem ser bem-sucedidos hoje, na articulação para livrar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), da abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa, mas a operação política pode custar ao senador Aloizio Mercadante (PT-SP) o cargo de líder do PT. Pressionado pelo Palácio do Planalto, pela cúpula do PMDB e pela direção do PT a preencher as duas vagas de titular do conselho com representantes do bloco governista favoráveis a Sarney, Mercadante recusou-se a fazer o "serviço" e pôs o cargo à disposição.

"Esse tipo de coisa eu não faço. Se for para fazer, que seja com outro líder", disse Mercadante ao presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), no fim da tarde de ontem. Àquela altura, ele já havia recebido dois ofícios solicitando a indicação para o conselho do senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) e do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

O preenchimento das vagas de titular é a única saída para dar tranquilidade ao PMDB e ao presidente do Senado na votação dos recursos para desarquivar as 11 representações apresentadas contra ele no Conselho de Ética.

CONTAS

A contabilidade da cúpula peemedebista indica que, dos 16 votos no conselho - incluindo aí o presidente Paulo Duque (PMDB-RJ), que só vota em caso de empate, e o corregedor da Casa, Romeu Tuma (PTB-SP) -, seis são contrários a Sarney: cinco da oposição (DEM e PSDB) e um do PDT.

Daí o esforço para evitar que o terceiro suplente - o petista Eduardo Suplicy (SP) - seja chamado a votar. Suplicy já antecipou posição favorável à abertura de um processo no conselho contra o presidente do Senado e outro contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).

Ontem, no plenário do Senado, Suplicy sugeriu a Sarney e ao líder tucano que se dispusessem a comparecer ao conselho, antes da votação dos recursos, para responder "a toda e qualquer questão e esclarecer as dúvidas". Ele explicou que votaria a favor do recurso da oposição porque havia dúvidas que precisavam ser esclarecidas. Virgílio manifestou-se de pronto, prometendo presença na reunião e dispondo-se a responder às indagações dos colegas. Da cadeira de presidente do Senado, Sarney respondeu que era parte interessada e, por essa razão, não poderia responder naquele instante.

RACHA

A pressão sobre o líder petista aumentou por conta do racha da bancada petista e da recusa dos dois primeiros suplentes do bloco - a líder do governo no Congresso, Ideli Salvati (SC), e o senador Delcídio Amaral (MS) - a votar em favor de Sarney, temendo desgaste nas eleições de 2010.

A ameaça de renúncia não é novidade. Desde a semana passada, quando foi informado por Ideli e Delcídio que ambos pretendiam se ausentar da votação no conselho, Mercadante se nega a fazer substituições de última hora, temendo ser o único responsabilizado pela vitória de Sarney perante a opinião pública. Exatamente por isso ameaçara deixar a liderança do partido no Senado.

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