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terça-feira, 18 de agosto de 2009

A FARSA DE QUE MERCADANTE FOI O ATOR PRINCIPAL

Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 18 de agosto de 2009 | 14:02

É normal que governo e oposição se esforcem para fazer o melhor uso dos depoimentos em comissões etc. No caso de Lina Vieira, o papel da oposição é evidenciar que Dilma Rousseff tentou interferir na investigação da Receita; no caso do governo, evidenciar que não. Muito bem. Há modos de fazer isso. O dos petistas é vergonhoso. E o que mais envergonha o bom senso até agora é o senador Aloizio Mercadante (PT-SP):

  • 1) Tentou pôr palavras da boca de Lina Vieira, sustentando que ela está mudando a entrevista concedida à Folha. Não está. Repetiu rigorosamente o que disse à publicação e ao Jornal Nacional: a ministra Dilma Rousseff lhe pediu para agilizar a investigação nas empresas da família Sarney, e ela, Lina, entendeu como uma pedido para que fosse encerrada. Hoje em dia, ela acredita que isso tenha ocorrido porque Sarney era candidata à presidência do Senado.

  • 2) Mercadante, falando alto, tentando sempre constranger a mulher Lina Vieira, insistiu que ela estava mudando a versão porque teria dito que Dilma lhe pedira para fazer algo ilegal. É MENTIRA! LINA NUNCA DISSE ISSO EM LUGAR NENHUM.

  • 3) Seguindo argumentação do nobre Renan Calheiros (PMDB-AL), Mecadante argumentou que, se havia uma determinação da Justiça para acelerar a investigação, então Dilma não fez nada demais. Mercadante e lógica não combinam: a Justiça cumpria seu papel determinando agilidade; Dilma exorbitava do seu. Ela, afinal, não é juíza.

  • 4) Quase aos gritos, Mercadante deu um salto argumentativo e disse que ou Lina está mentindo ou, então, prevaricou, já que teria sido convidada a praticar uma ilegalidade e nada fez. Vamos ver: a) por que ela estaria mentindo? Ele não diz: b) não ocorre ao senador que, para que Lina estivesse prevaricando, forçoso seria que o encontro tivesse ocorrido e que o pedido tivesse sido feito. Nesse caso, o crime de Lina seria decorrente de outro bem mais grave, cometido por Dilma. De todo modo, a ex-secretária sempre deixou claro que aquela fora a sua interpretação. Se, hoje, numa comissão, é esmagada por gente delicada e amiga da verdade como Mercadante, imaginem se teria tido como encaminhar uma denúncia quando ainda secretária da Receita. Ademais, tendo sido como ela diz, Dilma pediu “agilidade”, entendem?

  • 5) Lina afirmou que não procurou os jornalistas da Folha para dar entrevista, mas que foi procurada por eles, que já tinham a informação de seu encontro com Dilma. Aí Mercadante demonstrou o melhor do mercadantismo: “Se a senhora não falou a ninguém sobre o encontro, como os jornalistas da Folha sabiam? Como?” E Lina: “Isso o senhor tem de perguntar a eles”. Que nada! O petista — afinal, havia uma mulher ali — tentava intimidar: “Como? Diga como?”

Sugiro aos jornalistas de Brasília que entreguem a Mercadante as suas respectivas fontes. Esse gigante tem o direito de saber!

Imagem de depoimento no Senado pode ser usada em campanha eleitoral? As mulheres de São Paulo não podem perder essa atuação de Mercadante.

Se algum bom senso lhe restar, espero que se desculpe publicamente com Lina pelo espetáculo

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