Fotos Cesar Greco/Foto Arena/AE e Sergio Dutti/AE
Marina Silva, insatisfeita, deve trocar o PT pelo PV.
Os petistas também não querem Ciro Gomes
Há, de fato, uma insatisfação latente entre diversos setores do PT que não têm coragem de enfrentar o presidente Lula mas alimentam uma espécie de rebelião silenciosa. Em uma reunião com dirigentes do PT e do PSB, Lula não poupou críticas ao líder de seu partido, Aloizio Mercadante. Para Lula, se houve omissão ou falha do líder no caso da convocação da ex-secretária da Receita, é um fato grave.
Mas, se a ausência da bancada foi deliberada, como forma de mandar um recado ao governo, é imperdoável. Mercadante e os petistas do Senado vêm batendo de frente com Lula desde a eleição de José Sarney para a presidência do Senado, em fevereiro passado.
O PT queria o senador Tião Viana, e o governo, o PMDB, representado por José Sarney – que acabou vencendo a disputa e enfrentando uma saraivada de denúncias que o envolvem em nepotismo, favorecimento de familiares, contas secretas no exterior, desvios de recursos públicos e irregularidades administrativas. Boa parte dos escândalos envolvendo Sarney, suspeita o governo, teve origem em documentos e informações vazadas por parlamentares do PT.
O episódio Lina não foi o único a azedar a semana da ministra Dilma. Talvez pior tenha sido o aparecimento no cenário de campanha para 2010 da senadora petista Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, que recebeu convite do Partido Verde para se candidatar ao Planalto.
"Tantos projetos que eu não consegui aprovar nestes anos…
Se eu não consegui com o Lula, como é que eu vou lutar por mais oito anos com a Dilma?", disse ela.
O Planalto convocou os dois principais aliados de Marina, o senador Tião Viana e o ex-governador Jorge Viana, para tentar demovê-la da ideia, mas eles nada fizeram, porque também estão insatisfeitos com Lula. Tião não se conforma com o boicote do presidente e de Dilma à sua candidatura no Senado.
E seu irmão, Jorge, desconfia que Dilma foi contra a sua entrada no ministério após a queda de Marina. Para aumentar a tensão, os petistas de São Paulo, que comandam o partido, não querem nem ouvir falar no apoio, defendido pelo presidente Lula, ao deputado Ciro Gomes para o governo paulista.
"Falta a Lula dimensão histórica dessa crise. Sarney, Collor e outros representam a política que o Brasil quer superar. Ao apoiá-los e obrigar o PT a andar junto com essa gente, Lula está nos forçando a abraçá-los e morrer junto com eles", analisa um senador petista, sob a garantia do anonimato.
Esse mesmo senador, se perguntado formalmente sobre a mesma história, dirá, em público, que Lula tem razão ao defender o presidente do Congresso, que não há nada de mais em andar acompanhado de Fernando Collor e que as críticas não passam de uma conspiração da oposição para tentar implodir o apoio do PMDB a Dilma em 2010. Diz o filósofo Roberto Romano:
"A mentira sempre foi um componente histórico da política.
O avanço da sociedade democrática serve como um antídoto, mas os políticos continuam fazendo da mentira um instrumento de trabalho".
Sendo realistas, foi, é e sempre será assim.
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