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terça-feira, 13 de julho de 2010

MENTES CATIVAS - Parte 1


Este trabalho versa sobre o livro MENTES CATIVAS

Seu autor - o escritor e poeta polonês Czeslaw Milosz, ganhador do prêmio NOBEL de literatura, em 1980, nasceu na Polônia, naturalizado norte-americano na década de setenta.

'Mente Cativa' analisa o poder dos regimes tiranos COMUNISTAS que escravizam homens e mulheres, não somente por meio do terror, mas por meio das ideias, obtendo a qualidade de 'propriedade sobre o espírito humano'.

Este trabalho constará de excertos extraídos do próprio livro, em várias partes.

Utilizarei as imagens do fotógrafo MISHA GORDIN - russo, também

naturalizado norte-americano, cujo trabalho expressa o HORROR do regime comunista.



PRÓLOGO ESCRITO PELO PRÓPRIO AUTOR

Este livro foi escrito entre 1951 e 1952 em Paris, em uma época cuja maioria dos intelectuais franceses ressentia-se da dependência de seu país à ajuda americana e alocava sua esperança em um novo mundo no Oriente , ditado por um líder chamado STALIN.

Seus compatriotas, que, como Albert Camus, ousaram mencionar a rede de campos de concentração como a pura base do regime socialista, foram DIFAMADOS e condenados ao ostracismo por seus colegas.

Meu livro, mediante sua aparição, em 1953, desagradou a todos. Os admiradores do comunismo o acharam infame. O livro foi uma aventura solitária, visto que se embasa em FATOS E DEFENDE-SE BEM contra todos os tipos de crítica.

Seu tema é a VULNERABILIDADE do pensamento intelectual do século 20 À sedução pelas doutrinas socio-políticas e sua PRESTEZA EM ACEITAR O TERROR TOTALITÁRIO pela PROTEÇÃO DE UM FUTURO HIPOTÉTICO.

Mente Cativa foi amplamente lido na POLÔNIA, após os anos oitenta e tem exercido um PAPEL LIBERTADOR

Berkeley, fevereiro de 1981

EXCERTOS INICIAIS

" Assisti uma garota russa com sua metralhadora, avançar em minha direção. Para ela, eu era um dos milhões de europeus a ser "libertados e educados". E o meu único bem era o meu macacão surrado de trabalhador que usava - minha única posse neste mundo"

" Mas como ?- pode indagar o leitor, "você pode tornar-se um oficial diplomático de tal governo, se não era um membro do Partido?"

A resposta se embasa no fato que escritores nas democracias populares pertenciam à nova casta privilegiada. Pensavam que indicar um escritor a um cargo diplomáitco produziria uma boa impressão no exterior.

" Você concordou em servir por dinheiro" - pode prosseguir meu leitor.

Não , não sou nenhum santo, mas aqueles que me conhecem têm consciencia de que minhas necessidades são modestas, exceto o amor aos livros.

Concordei em servir , em princípio, com medo do exílio, e também como forma de mater viva a LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Servi no exterior, pois assim ficava livre da pressão direta.

Se me exilassem, perderia a chance de trabalhar em minha terra natal e participar do que acontecia em meu próprio país.

Mais tarde, admitiria minha derrota"

" Para se entender o curso dos eventos na Europa oriental e ocidental durante os primeiros anos pós-guerra, deve-se constatar que as condições sociais demandavam extensas reformas.

A guerra produziu uma desintegração da ordem social. Assim sendo, o que se planejou em MOSCOU como uma passo em direção à servidão foi voluntariamente aceito nesses países, que percebram isto como uma esperança.

Os homens se agarram à ilusões quando não há mais nada a se segurar


O método - ou seja, o materialismo dialético como foi interpretado por LENIN E STALIN, exerce uma poderosa e magnética influência sobre o homem fraco.

Nas democracias populares, outro nome para COMUNISMO, os comunistas falam da NOVA FÉ, e compara-se seu crescimento ao do cristianismo no Império Romano.

Na França, instituiu-se um grupo de padres trabalhadores que trabalham nas fábricas e levam o evangelho às massas. Uma grande parte destes padres abandonou o catolicismo e se converteu à NOVA FÉ  - o comunismo.


À medida que os centros de controle do país foram elaborados pelos seguidores de MOSCOU fui forçado a me lançar no abismo. E o abismo, para mim, era o exílio, o pior de todos os infortúnios.

No campo da literatura, proíbe-se a independência, dizer a verdade como ele a vê .

Observe meu problema.

Minha casa na Polônia, meus amigos, minha família, os teatros nos quais minhas traduções de SHAKEASPEARE estavam sendo encenadas, editoras prontas para publicar meus livros.
MEU PAÍS E MINHA LÍNGUA.

O que é um poeta que não mais possui a sua Língua?

Mas reneguei à tirania e à conformidade.

Não me arrependo.
Por Gracias Ferraz

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