Deputados usam cota de passagem aérea do Congresso Nacional para passeios com namorada, esposa, filhos, parentes, amigos e até para negócios
Otávio Cabral
FIM DO MUNDO Fábio Faria levou Adriane Galisteu, sua ex-namorada, e a mãe dela aos EUA com verba da Câmara: "Achei o fim do mundo", reclama Galisteu |
Nas democracias tradicionais, o mau uso do dinheiro público é considerado pela sociedade algo repugnante, imperdoável, um crime hediondo que merece desprezo e severas punições para os responsáveis.
No Brasil, ao contrário, alguns políticos ainda se comportam como se estivessem na pré-história do desenvolvimento moral e, sem nenhum pudor, promovem uma verdadeira farra com os recursos recolhidos do contribuinte.
Flagrados, não se constrangem, mentem e inventam desculpas estapafúrdias para tentar minimizar o caso.
Fora os eleitores potiguares, pouquíssima gente já tinha ouvido falar do deputado Fábio Faria, do PMN. Jovem, rico e boa-pinta, ele está no Congresso desde 2007 e, na semana passada, credenciou-se como o mais novo membro do clube da patuscada.
Com uma atuação parlamentar insignificante, Faria era conhecido apenas pelo excelente desempenho com belas modelos e atrizes famosas.
O jovem deputado também tinha o hábito de usar passagens aéreas da cota de seu gabinete para deliciosos passeios – um deles, a Miami, em companhia da apresentadora de televisão Adriane Galisteu, então sua namorada. Bom moço, o parlamentar também descolou passagem para a futura sogra.
Antes de se eleger deputado, Fábio Faria era popular no Rio Grande do Norte na função de promoter de festas de Carnaval. Seu camarote sempre foi disputado por políticos e celebridades locais. Em 2007, já deputado, a festa contou com a presença dos artistas da Rede Globo Samara Felippo, Sthefany Brito e Kayky Brito.
O custo das passagens foi debitado na conta da Câmara dos Deputados. Denunciado pelo portal Congresso em Foco, o deputado teve a reação típica: primeiro negou, depois disse que não havia nada de ilegal e, por fim, devolveu 21 000 reais – o valor correspondente às passagens dos artistas, da sogra e de alguns amigos que pegaram carona na farra.
Com relação aos sete bilhetes que emitiu em favor de Adriane Galisteu, Fábio Faria disse que não via necessidade de devolver o dinheiro, já que a apresentadora era sua companheira e não havia nada de mais em a Câmara bancar as viagens dela no Brasil e no exterior.
"Foi um erro pontual", explicou Faria.
É chocante a desfaçatez do nobre deputado diante do caso. Porém, mais chocante ainda é a amplitude da indignação vista no Congresso: nenhuma.
E por uma razão elementar: o jovem deputado potiguar apenas fez o que a maioria de seus colegas habitualmente faz – como tem ficado evidente diante dos escândalos dos últimos dois meses.
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