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quarta-feira, 15 de abril de 2009

'Dona Marisa, leia para o Lula antes de ele dormir'

Carta do leitor Amandio Luís Teixeira

'Dona Marisa, leia para o Lula antes de ele dormir'

Como brasileiro que sou, não tendo mais a quem recorrer, e sabedor do seu importantíssimo papel como primeira-dama desse país, resolvi lhe escrever esta carta. Mesmo correndo o risco de estar incomodando a preparação das malas de mais uma internacional e importante viagem do casal, decidi arriscar. Minhas desculpas pelo incômodo da leitura ou pela constatação da verdade pura. Absoluta frustração, desânimo e preocupação. Outro, dos incontáveis pronunciamentos de seu nobre consorte, foi a gota d'água para me levar ao pânico. Desta vez disparou, sem constrangimento, a seguinte barbaridade:

- Às vezes, eu chego a pensar que 50% da crise é um pouco de pânico.

Frase tão profunda, quase de um visionário. Disse o seu marido! Não dá para corrigir a gramática, já que é uma citação. Mas corrigir para quê? Esse errinho não é uma exceção. Concordo com o semialfabetizado mandatário, é pânico mesmo. Só que um pânico mais intenso, pânico já síndrome, ou como preferem os especialistas, distúrbio do pânico. Esse distúrbio que acomete milhões de brasileiros, sensatos, pensantes, com algum nível de instrução. Não precisa muita não. Basta ser um pouquinho maior do que a do nosso "discursante" presidente, que todos os dias nos atola nessa verborragia sem direito a correção. É o pânico da ignorância, cruel e sem "consertação".

Eu, particularmente, gostaria de recomendar à Dona Galega que todos os dias, antes do nosso ilustre chefe dormir, lesse um pouquinho para ele, já que o próprio não gosta. Só um pouquinho mesmo, senão o Cara se perde, dá nó na cabeça e vira confusão. Acaba piorando, vai usar o que ouviu em alguma "falação". Se me fosse permitido sugerir, e aproveitando a grande intimidade e admiração que o homem tem pelo Obama, certamente não hesitaria em pedir que a senhora começasse com outro conterrâneo do Barack e também presidente dos Estados Unidos.

Não é brincadeira nem deboche, é preocupação. Acho até que, arguto como é, ele vai logo perceber as "semelhanças". Não acredito que saibam quem foi, e menos ainda que estejam informados sobre o que esse presidente fez pelo país dele. Não faz mal. Serve para começar.

Abraham Lincoln não tinha olhos azuis, também nasceu pobre, numa família de condição humilde, no "interiorzão" dos EUA. Outra incrível "semelhança": exerceu diversos ofícios manuais, e seus estudos, segundo suas próprias palavras, se resumiam a ler, escrever e fazer as quatro operações; pouco mais que nosso presunçoso governante. Até foi balconista numa loja.

Talvez, porque não fosse burro, resolveu estudar. Não para ser presidente. Acho que para isso, assim como o seu esposo, não precisaria. Também teria chegado lá. Decidiu sair da ignorância que tanto o incomodava, que o limitava e que, resoluto, rejeitava. Também não tinha dinheiro nem para comprar livros, tomava-os emprestados, estudava-os e, em 1836, se tornou advogado.

Lutou pela abolição da escravatura e por isso deixou de ser popular. Eleito presidente em 1861, o que lhe tocou, apesar de seus esforços para a conciliação, foi a guerra civil americana.

Dona Galega, apesar dos insucessos iniciais (como os do seu marido) e da conseqüente impopularidade, Lincoln jamais se deixou abater. Para ele, os EUA representavam uma experiência da capacidade de um povo para se governar a si mesmo.

Apesar de uma guerra de tais proporções àquela época, esse presidente conseguiu algo memorável. Impopular e sem apoio da maioria, chegou à reeleição e assumiu novo mandato em 1865. À semelhança do seu consorte, Dona Galega, nada na experiência passada de Lincoln indicava que poderia enfrentar, com êxito, a maior crise da história do seu país.

Sua maior qualidade residia na capacidade de compreender os problemas mais graves. Tinha a habilidade de expressar suas convicções de uma maneira tão clara, verdadeira e vigorosa que milhões de americanos acabaram por aderir às mesmas. Não parece o Lula?

Portanto senhora Galega, espero que não descuide da leitura noturna, para embalar o sono tranquilo de seu marido. Como viu, as "semelhanças" são inúmeras entre esses dois fantásticos presidentes.
O de lá fez a história. O daqui faz fantasia.

Outro "grande orador" que acreditava que "através da aplicação inteligente e constante da propaganda, as pessoas podem ser induzidas a ver o paraíso como o inferno, e também o contrário, e considerar o mais miserável tipo de vida como paraíso" convenceu toda uma nação. Peça a ele que, antes de dormir, reflita.

Não sabe quem disse?

Diga a ele que foi Adolf Hitler.

Se ele entender e se assustar, console-o, volte para o Lincoln e lembre ao seu marido: "É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do quer falar e acabar com a dúvida". Ou, se preferir, Dona Galega, faça-o meditar: "Podes enganar todo o povo durante algum tempo; podes até enganar algumas pessoas o tempo todo; mas não será possível enganar todo o povo para sempre". Ou ainda como pensava o Presidente Lincoln: "Tato é a capacidade de descrever os outros, tal como eles se julgam".

Dona Galega, a grande maioria do povo tem tato e, pelo jeito, o que essa maioria pensa e diz sobre o seu marido deve tê-lo levado piamente a acreditar, corroborando o pensamento do americano. Por isso tanto pânico. Mas o maior deles, esteja certa, é que, provavelmente, ele adormeça antes de a senhora terminar. Não seria de espantar. Se o pânico é responsável pela crise e o seu cônjuge parece ser responsável por ele, melhor pegar no sono e nem pensar. A senhora compreende agora o porquê do pânico? Diz o ditado popular, que por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher. Não desista, Dona Galega, e leia para ele sempre que puder.

Publicada em 15/04/2009 às 18h31m
Este artigo foi escrito por um leitor do Globo. Quer participar também e enviar sua opinião?

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