A cartilha é a lei
É sintomático o gesto do presidente Luiz Inácio da Silva de atacar duramente a legislação eleitoral e, três dias depois, reunir seus ministros para orientá-los sobre como agir nas campanhas municipais frente às restrições legais impostas ao poder público em períodos pré-eleitorais.
Pelo simples fato de que nenhum deles ignora o significado das expressões uso da máquina e abuso de poder. Para quem tem bom senso e um mínimo de disposição de respeitar a lei nada precisa ser dito além dessas poucas e muito objetivas palavras.
O legislador quando elaborou as leis e a Justiça quando as interpretou e baseada nelas determinou as balizas de conduta não estavam acometidos de "falso moralismo", como disse o presidente Lula em seus ataques na última sexta-feira. Estavam apenas tentando garantir razoáveis condições de igualdade entre candidatos de situação e de oposição.
É provável que a "hipocrisia" apontada pelo presidente decorra da experiência própria. Lula sabe que, a despeito da legislação, quando o governante não tem moderação institucional nem maiores compromissos morais, ele sempre encontrará um jeito de burlar a norma escrita.
Agora, não é a fraqueza de caráter deste ou daquele que pode justificar a suspensão total das regras. Ou o inverso: o pressuposto da inocência geral até prova em contrário tampouco torna aceitável o império do cada um por si porque vencerá sempre o mais forte.
Queira o bom senso que Lula não tenha se expressado bem e aquele raciocínio sobre "o lado podre da hipocrisia brasileira" que impede um presidente de fazer de sua caneta o que bem quiser por três meses em quatro anos de mandato não signifique a defesa da ausência pura e simples da lei.
O silêncio obsequioso ou é sinal de muito amor ou tradução de muito temor do PMDB por Garotinho.
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