Carta de uma professora para o Luís Inácio
DESABAFO DA PROFESSORA CIDINHA, DIRETORA DA ESCOLA ESTADUAL ARACILDA CÍCERO CORREA DA COSTA EM PARANAÍBA, MS. Hoje tomei uma séria decisão: resolvi estabelecer contato com o Planalto. Eis a missiva que ora rascunho.
Paranaíba, 08 de abril de 2008.
Prezado Luís Inácio
Constantemente recebo notícias suas e hoje resolvi enviar-lhe as minhas. Espero que esta o encontre gozando de plena saúde, juntamente com os seus. Aqui estamos todos “quase” bem. Esse quase fica por conta dos probleminhas corriqueiros de saúde: hipertensão, gastrite, coisa à toa, que qualquer brasileiro tem que aceitar e conviver e procurar viver.Ainda não descobri o que está mais caro: se a vida ou a morte...
Mas em se tratando de vida, vamos lá: está semana descobri que não tenho salário!
É, sou professora, funcionária pública e não tenho salário! Segundo a Receita Federal, tenho é Renda! Por isso tenho que pagar mais um imposto, entre tantos embutidos que já pago. Conta de energia, água, telefone, alimentação, vestuário, remédios, internet.
Não fique surpreso, mas também tenho internet, senão como acompanharia a vida movimentada que você leva?
Só mesmo pela internet!
Mas sabe, Luís Inácio, esse foi um final de semana especialmente triste, para mim:
recebi uma Notificação de Multa!
Você sabe o que é isso? E ainda mais da Receita Federal? O que mais doeu, foi ser chamada de sonegadora! Já fui chamada de tantas coisas nesta vida! Mas sonegadora, nunca! Uma professora que trabalha quarenta horas semanais e até mais do que isso, pois nas horas vagas sou dona de casa, ser chamada de sonegadora?
Esse negócio de sonegar não é aquela prática dos que tem colarinho branco?
Que escondem o dinheiro onde o governo sabe que está, mas não tem coragem de buscar?
Isso parece mais é coisa de elite branca...
Por falar nisso, quero te fazer uma pergunta: Quem sustenta a elite branca? É o Governo? Porque a elite política quem sustenta é o assalariado! Esse é fácil de rastrear, “né”?
Sabe, Luís Inácio, até o décimo terceiro salário, que a gente pensa que é líquido, que é um extra que dá para colocar as finanças mais ou menos em dia, esse também ta lá, no tal do Demonstrativo de Rendimentos Anuais.
E pensar que a bem pouco tempo nós podíamos usá-lo para comparar presentes de Natal... hoje mal dá para a rabanada!
Sonegadora... essa palavra não me sai da cabeça. Nem a quantia que terei de devolver ao erário federal: são três meses de salário, ou melhor, de arrecadação de renda, se eu pudesse quitá-la. Sabe que esse dinheiro daria para fazer uma graça no “Bazar do Abadias”?
Agora serão dezoito parcelas, um ano meio! Como o Leão é mansinho! Lá se vai minha geladeira nova... Pergunte para sua esposa o que significa uma geladeira nova para uma mulher! Ela sabe.
Tem hora que até tento brincar, para tentar aceitar esse golpe que recebi de assalto! Será que já é reflexo da taxação das grandes fortunas? Que azar o meu, servir de exemplo! Mas bate uma revolta quando penso que é o troco da CPMF.
Pagar para comer, beber, vestir, ir e vir e agora, para viver!
Será que se eu me auto declarar indígena, poderei adquirir vida a preços mais modestos?
Acho que vou pensar nisso... já pensei: vou conclamar a todos os brasileiros para voltarmos às nossas origens! Vamos formar uma grande tribo, ou várias, sei lá! Só não vale criar sindicato!
Espero que para o ano, eu tenha notícias mais alvissareiras para enviar, por ora estou muito triste e decepcionada, não me guarde rancor.
Abraços a todos
Professora Cidinha Eufrásia
P.S. Se quiser, pode me responder ou pedir a um assessor que o faça. Só não peça para a Dilma: não confio mais nela.
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