Por Augusto Nunes
Já não se fazem cavalheiros dessa estirpe, murmura a expressão derretida de Dilma Rousseff enquanto contempla o homem que se inclina para beijar-lhe a mão. No rosto da presidente, não há vestígios da rabugenta vocacional.
A carranca exibida desde o berço foi subitamente demitida para abrir espaço aos sinais emitidos por corações em descompasso: os olhos semicerrados, os lábios comprimidos de quem ensaia um selinho, ou o queixo que se projeta para testemunhar de perto o encontro da boca de gentleman de filme antigo com a pele de uma dama adestrada em colégio de freiras.
Tanta doçura torna quase irreconhecível a mulher fotografada de frente. O homem fotografado por trás, e só do pescoço para cima, esse todos sabem quem é: Paulo Maluf, claro.
A festinha no jardim da mansão anunciou que Maluf é o mais recente amigo de infância de Lula.
O beijo na mão acaba de avisar que o antigo satã do PT sente pela afilhada o mesmo afeto desinteressado que devota ao padrinho.
Para justificar a aliança pornográfica com o chefão do PP (e dono de cobiçadíssimos 95 segundos no horário eleitoral gratuito), Fernando Haddad explicou que o novo e o velho se acasalaram em decorrência de afinidades ideológicas.
“É natural que os partidos que apoiam o projeto do governo estejam comigo”, recitou.
Maluf nunca soube que projeto é esse.
Bastou-lhe saber o tamanho do cofre da secretaria do Ministério das Cidades que ganhou de presente.
Por embutir uma relevante informação adicional, a Interpol certamente já distribuiu cópias da foto do beija-mão entre os agentes espalhados por 180 países prontos para extraditar para os Estados Unidos o brasileiro caçado pela Justiça americana.
A polícia internacional sabe faz tempo como Maluf é de frente e de perfil.
Agora já sabe como é por trás.
05/07/2012
quinta-feira, 5 de julho de 2012
A foto do beija-mão ajudou a Interpol
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