Imagem:SilsaboiaFOLHA DE SÂO PAULOPOR FERNANDO RODRIGUES
BRASÍLIA - A crise produzida pela deposição-relâmpago de Fernando Lugo no Paraguai, no mês passado, tem sido útil para a presidente Dilma Rousseff. Ajudou a tornar ainda mais evidente um problema gerencial grave no Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
O Itamaraty desenvolveu um defeito crônico: não informa ao Planalto de maneira eficaz nem rápida sobre o que se passa no mundo. Some-se a essa anomalia gerencial a má vontade da presidente quando tem de tratar com seus diplomatas.
Só depois de a Câmara dos Deputados do Paraguai já haver votado o impeachment de Fernando Lugo é que Dilma foi informada sobre o fato. O Brasil e alguns parceiros latino-americanos reagiram enviando uma comissão de ministros das Relações Exteriores a Assunção.
Passado algum tempo, sabe-se que foi um ato patético. Não foi pior porque os políticos paraguaios foram magnânimos e tiveram a grandeza de não humilhar os diplomatas estrangeiros em público.
Essa incapacidade de gerir informações no Itamaraty não é de hoje. Numa ocasião, o ex-presidente Lula comandava uma reunião na qual seria decidido se o Brasil concederia mais benefícios ao Paraguai pelo uso da energia de Itaipu.
Lula citou uma pesquisa na qual a imagem brasileira no Paraguai aparecia muito associada a Itaipu. Teria de ceder. O então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, não conhecia o estudo. Indagou de onde era. E a resposta: da embaixada brasileira em Assunção.
É claro que há muita gente competente no Itamaraty. Mas esse preparo formal não tem se traduzido em bons resultados para o país.
O cenário fica mais grave, e até dramático, por causa do desprezo quase público que a presidente nutre pelos diplomatas. Ao agir assim, ela opta pelo caminho mais curto em direção a outras decisões temerárias na sua política externa.
04.07.2012
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