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sábado, 7 de julho de 2012

Dilma e os desagradáveis ruídos da democracia



BRASIL
Em dois dias seguidos, em três locais, o primeiro em São Paulo, o segundo no Rio, em dois eventos, a presidenta ao inaugurar obras enfrentou ruidosos manifestantes, grevistas e descontentes

Nos três casos os gritos eram por reclamações do pessoal da saúde e na educação, exatamente os mais frágeis segmentos do Brasil, a quinta maior economia do planeta. Pelo visto, o povo sabe o que quer

Foto: Jorge Araujo/Folhapress
Protesto em São Paulo


Durante visita a São Bernardo do Campo (SP) nesta quinta-feira (5), a presidente Dilma Rousseff enfrentou um protesto de estudantes e servidores de universidades federais em greve.

Dilma ouviu aos brados queixas de cerca de 30 representantes da Universidade Federal do ABC e da Unifesp.

Eles reclamavam da falta de reajuste para servidores e de problemas de infraestrutura nos campi na Região Metropolitana de São Paulo.

Os estudantes gritavam: "Dilma a culpa é sua, a minha aula é na rua".

Os manifestantes protestaram durante a cerimônia de inauguração de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

"O pessoal pode se acalmar que as coisas irão para os seus lugares na hora certa. Pode ter certeza disso", disse Dilma, ao final de seu discurso.

Também participara do ato o ex-presidente Lula; o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho; e o ministro Alexandre Padilha (Saúde).
Foto: Stuckert Filho/Presidência da República
Protestos no Rio

Nesta sexta (6), Dilma Rousseff foi ao Rio entregar 460 apartamentos. Enfrentou um protesto de estudantes. A rapaziada gritava pela destinação de mais verbas para a educação.

O alarido abafou o discurso da presidente.

Ela elevou o volume da voz e seguiu em frente.

Sendo Josias de Souza, no seu Blog, “Numa vã tentativa de salvar a cena, o prefeito carioca Eduardo Paes, que foi ao ato junto com o governador Sérgio Cabral para tirar uma casquinha da popularidade da visitante, puxou um coro: ‘Olê, olê, olê, olá’, Dilma, Dilma!’.

Mas não houve adesão dos presentes a intervenção do prefeito, e a coisa ficou mais vexatória ainda.

”A ação dos seguranças revelou-se, por assim dizer, mais produtiva. Sem muita conversa, rasgaram cartazes. Tomaram os celulares dos que filmavam o rififi. Lançaram os aparelhos no solo. De resto, impediram que os repórteres levassem sua curiosidade para perto do tumulto”.

No segundo estágio de sua agenda, Dilma deparou-se com outro protesto. Foi inaugurar uma ala nova da emergência do Hospital Miguel Couto. Aguardavam-na professores e servidores de hospitais federais em greve. Recepcionaram-na com um coro diferente daquela que Paes entorara na cerimônia dos apartamentos.

“Saúde na rua, Dilma a culpa é sua!”, gritava a turba. “A greve é todo dia, porque a Dilma não negocia!”, variavam os manifestantes. O carro que levava Dilma rumou para uma entrada lateral do Miguel Couto.

Acompanhada do prefeito e do ministro-senador Marcelo Crivela (Pesca), a presidente tomou o elevador. Não subiu. Dilma viu-se compelida a enfrentar as escadas. Visivelmente irritada, dessa vez, não discursou. Limitou-se a dizer meia dúzia de palavras ao séquito de repórteres.

Um deles perguntou à visitante se notara os protestos do lado de fora do hospital. E Dilma:

“Vi, meu querido. Vivemos numa democracia, vocês querem o quê?”.

Dilma precisa aguçar os ouvidos e arregaçar as mangas para atender aos apelos da barulhenta e sonora democracia, que pelo visto, teima em perseguí-la, como a voz da consciência, pelo Brasil afora.

07/07/2012

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