INOCENTINHO DA LÍNGUA PRESA
DOCA RAMOS MELLO
DOCA RAMOS MELLO

Nem precisava defender tanto, afinal Palofinho já teve arquivadas outras 20 acusações criminais que lhe pesavam aos ombros (beleza de currículo!), e se há mais outras tantas, todas irão igualmente para a casa do chapéu por falta de provas.
O bom no Brasil é a Justiça feita com esse primor que nos encanta, que país divino...
Foram três anos debaixo dessa ignominiosa suspeita de ter mandando o Mattoso abrir o sigilo da conta bancária do tal Francenildo, vê se pode uma maldade dessa! Então um ministro, homem proeminente, ex-prefeito, médico, sempre de terno, pessoa de total confiança de V. Exa. Metalurgíssima, iria se dar a tamanho desfrute?!
Quem é Francenildo no contexto deste país, minha gente?
Ninguém!
Pó de traque, zero à esquerda, titica de galinha, o cocô da mosca do cavalo do bandido, um nada, um coió: um Quase Indigente mesmo, palmas para o advogado de defesa.
Mas esses tipos, quando ousam, são de um atrevimento impressionante, sem limites.
Ninguém!
Pó de traque, zero à esquerda, titica de galinha, o cocô da mosca do cavalo do bandido, um nada, um coió: um Quase Indigente mesmo, palmas para o advogado de defesa.
Mas esses tipos, quando ousam, são de um atrevimento impressionante, sem limites.
Francenildo até foi capaz de jurar de pés juntos que Palofinho era o “chefe” de umas festas lá em Brasília, enfim, falou um monte de barbaridade e ainda afirmou que continuaria sustentando tudo até a morte. Francenildo lembra aquele chinês que ficou em pé diante de um tanque de guerra, inibindo seu condutor de prosseguir na marcha - mas isso ocorreu por uma questão de honradez do condutor.
Como a honradez desapareceu entre os condutores do poder nacional, aqui o trator esmagou o chinês...
Como a honradez desapareceu entre os condutores do poder nacional, aqui o trator esmagou o chinês...
Na verdade, o relator alegou não haver provas do envolvimento de Palofinho no caso, os ministros do Supremo fecharam logo um pacote de inocência e absolveram também um jornalista acusado de vazar as informações da conta do caseiro para a imprensa e fim de conversa.
Sobrou para o Mattoso, mas com certeza mais tarde ele será recompensado, alguém tem de se sacrificar e segurar as pontas, vamos combinar. Depois, Mattoso se perderá na poeira do tempo e, um dia, vamos saber que ele está muito bem em algum cargo relevante e pronto, vai ficar tudo ótimo, como sempre. Justiça é para isso mesmo.
O Supremo é muito detalhista e não vai aceitando denúncias sem mais nem meio mais. Acho que eles queriam uma carta escrita de próprio punho por Palofinho, assinada e com firma reconhecida em cartório, quatro cópias, com foto 3 x 4, e mais ou menos assim:
Caro Matosso:
Escrefo para lhe pedir um faforssão, espero que possa me atender, amigo é para essas coissas, focê me entende...
Estou tendo aqui um problema com esse tal casseiro desgrassado, focê sabe, ele me acussa de ser o chefe de umas festas lá na República de Ribeirão, com malas de dinheiro e mulheres alegres, hehehe, focê me entende, estou dissendo que nem sei dirigir em Brassília, é uma inshjúria e tal, mas isso pode dar merda, então...
Pois é, quero que focê feshja aí se o Francenildo não tem dinheiro suspeito na conta dele, se tifer, fou acussar o cara de ganhar grana para mentir sobre mim, focê me entende...
Fassendo isso, focê me ashjuda a continuar ministro e eu boto o sushjeito na cadeia, que cara mais audaciosso, onde shjá se fiu lefantar suspeitas contra um ministro como eu?
Fá ser petulante no inferno!
Lefa a conta dele lá em cassa, espero focê.
Grato,
Menino Palofinho
Como o Supremo não é besta nem nada, além de destacar que nunca houve nenhuma prova, mas sim “um conjunto de ilações”, com dois palitos derrubaria a carta acima, começando pela alegação de ter sido usado nela o idioma linguapresês com o claro intuito de envolver o ministro.
“Ressalte-se que mesmo Vicentinho se comunica nessa mesma língua e que, bem lembrando, também V. Exa. Metalurgíssima tem lá sua identidade com o idioma, de sorte que isso não prova coisa nenhuma”, analisaria com propriedade. Em seguida, questionaria a assinatura, o reconhecimento de firma e a foto:
“Tudo falso como nota de 3 reais”.
Enfim, o que viesse o Supremo traçaria na baba, embrulharia e jogaria na lata de lixo, pois existem outros planos presidenciais para o Menino Palofinho, de sorte que ele vai continuar a aparecer nas fotos dos jornais com aquela cara de inocentinho da língua presa que ele tem e acabou-se o que era doce.
No total, até agora 20 acusações já foram arquivadas, as restantes 10, 18 ou 185 que possam vir à tona serão todas rechaçadas como manda o figurino desta ditadura petista que vem se apossando do país sem que ninguém consiga dar um breque nessa malta de ordinários.
Há uns problemas ainda com a merenda de Ribeirão, ao tempo que Palofinho foi prefeito, mas a ervilha citada no tal molho exigido na licitação já disse que vai ao tribunal para fazer um depoimento isentando o inocentinho de tudo. “Foi um arranjo do molho de tomate, ele não vale um ovo”, adiantou ela.
Também existe uma questão sobre o superfaturamento relacionado à coleta de lixo pela empresa Ratão Ratão, mas Palofinho está tranqüilo porque também não vai dar em nada.
E quem quiser vá chorar na cama, que é lugar quente.
Em compensação, para que ele não fique triste, V. Exa. Metalurgíssima quer lhe dar de presente um mimo especialíssimo, como forma de compensá-lo por esses dissabores todos. Coisa pouca, quase simbólica, espaço bom, progressista e trabalhador – o Estado de São Paulo.
O problema é que o presente vem com um monte de Quase Indigentes dentro e essa gente...
Muito boa!
0 comentários:
Postar um comentário