O que significa o dedo em riste?
O que certos cacoetes de expressão facial ou gestual
revelam sobre nossa personalidade?
Li que a ministra Dilma Rousseff sairá de cena por um tempo para evitar desgaste. Não sei se o governo esconde algo. Vamos combinar que é cada vez mais difícil confiar nas justificativas oficiais.
Pode ser que Dilma se recolha por uma semana, pode ser mais.
Mas, depois de polêmicas como o mestrado que não concluiu, o encontro com Lina Vieira que negou, o apoio a José Sarney e ao PMDB, a deserção e provável candidatura de Marina Silva, as manguinhas de fora de Ciro Gomes etc etc …, depois de tudo isso o governo deu a Dilma umas férias dos palanques e da superexposição política.
Lendo nas entrelinhas, já se fala até em plano B de Lula (Palocci) para a candidatura do PT à Presidência em 2010. Ninguém do governo está satisfeito ou tranquilo com o desempenho de Dilma nas pesquisas. Ela empacou, mesmo com o suado esforço do presidente em comícios país afora – e com sua enfermidade explorada politicamente.
O nome Dilma foi imposto por Lula e não é uma escolha do partido. Aumentam as dúvidas sobre sua capacidade de enfrentar adversários pesos-pesados, experientes no jogo das urnas. Falta a Dilma peso próprio.
Ou será que sua imagem é pesada demais?
Talvez o painel de fotos da ministra (acima) explique um pouco o sentimento que ela passa para o Brasil. Talvez ajude a entender por que o presidente não consegue transmitir para a ministra um naco respeitável de sua imensa popularidade.
Qualquer bobagem que Lula diga – e já disse muitas –, qualquer impropério que pronuncie – e foram muitos também –, ele dá um jeito de aparecer rindo nas fotos.
Impregnou-se mesmo do Lulinha paz e amor, incorporou o personagem inventado para ele por Duda Mendonça, e livrou-se do “sapo barbudo”.
O sorriso ajuda a criar empatia com o povão. Até as gafes são admiradas pelo homem comum – como se sabe, “homem comum” é aquele que é o contrário de Sarney, o conselheiro da corte, o senador intocável que revoga a rebeldia de bigodudos como o ex-Mercadante.
Conversei com o psicanalista Francisco Daudt sobre a importância de nossas expressões de rosto, mãos, o movimento dos olhos, da boca, dos dedos.
O que revela o rosto de Dilma?
Francisco Daudt – Antes dos 40, temos a cara que Deus nos deu. Depois dos 40, temos a cara que nós merecemos: nosso caráter marca nossa expressão facial.
Dilma fez a mesma coisa que Zé Dirceu. Ela se disfarçou. Dirceu fez plástica quando caiu na clandestinidade, para se esconder. Dilma fez plástica porque a cara que ela tinha antes da plástica era assustadora, era a cara de uma pessoa agressiva, autoritária, impositiva, de dar medo.
Hoje em dia você olha fotos dela e é capaz de achar até agradável, mas esta não é a Dilma Rousseff.
E o dedo para o alto? Isso a plástica não resolve.
O que representa esse dedo erguido, a mão crispada?
- Há vários tipos de dedo em riste.
Há o dedo na cara do outro, que é insultuoso.
O dedo levemente inclinado para trás pede a atenção para um determinado ponto de vista ou um momento em silêncio.
O dedo cujas costas da mão estão viradas para o interlocutor, enquanto os outros estão fechados, é um gesto stalinista, reflete o desejo de impor uma opinião.
Somente um treinamento intensivo pode substituir a pele verdadeira por uma pele de cordeiro.
O dedo erguido é quase um lembrete: olhe, a anágua está aparecendo.
Mas alguém já deve ter dito isso para ela, porque a Dilma anda mais econômica nos gestos ultimamente.
E você, o que acha?
Quem é simpático tem mais amigos. E conquista muito mais eleitores – se não parecer falso. Nessas férias, Dilma precisará de um bom tempo em frente ao espelho, com as mãos para trás, controlando as sobrancelhas que teimam em arquear, a boca que teima em exagerar para norte, sul, leste e oeste, os olhos que teimam em se indignar, às vezes esbugalhar.
Sobretudo os dedos que cismam em dar um tom professoral ou autoritário e que nenhum bisturi pode consertar. Algum personal-face-stylist, algum mago do carisma conseguirá suavizar Dilma, por fora e por dentro, sem que ela perca a autenticidade?
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