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sexta-feira, 2 de maio de 2008

1º de Maio - dia do Trabalho

Quem sou?

Se precisar de consulta médica, devo entrar numa fila antes do dia nascer para obter uma senha. E mesmo com este papel na mão, nem sempre sou atendido. E quando sou, dizem que minha dengue é uma “virose” ou o aparelho que vai me examinar está com defeito.

Para matricular um filho numa escola pública distante 30 minutos de onde moro, devo entrar numa outra fila noturna e por vários dias. Quando consigo a vaga para meu herdeiro, vejo-o sem aulas por falta de professores, falta de estrutura da escola e sobra de balas perdidas. No fim do ano vejo o filho sendo “aprovado” com média zero. Isto garante que no futuro, ele será no máximo, igual a mim.

Se precisar de ajuda de uma delegacia após 22 horas, terei de esperar até o dia seguinte, pois a mesma está fechada com receio de ser metralhada pelos bandoleiros que dominam a cidade onde moro. Se meu caso chegar aos tribunais, se não tiver um advogado gabaritado, perderei a causa movida contra um “tubarão”.

Tenho de acordar em torno de 4 horas da madrugada para ser pisoteado durante horas num transporte público que me “empacota” até a porta do local de meu destino. E tenho de pagar tarifa desproporcional por este “conforto”.

Em troca destes “serviços” que me são oferecidos, me esfolo durante quatro meses por ano para pagar os pesados impostos que nos são “impostos” para sustentar os bandos de legisladores que possuem dezenas de mordomias durante suas permanências em cargos públicos.

Enquanto a turma lá de cima se farta com os lucros que superam 6 ou 8 vezes os índices inflacionários, meus ganhos parcos recebem aumentos debochados que não chegam à metade dos tais índices. Creio que “complementam” meu salário com besteiras do tipo Big Bobo Brasil (se bem que ainda pago para telefonar e “salvar”(?) um condenado a um paredão virtual.

Eles se divertem DIARIAMENTE com este cenário que massacra a mim e a tantos outros semelhantes que aqui estão apenas para manter o país produzindo valores que cada vez mais distancia os mais abastados dos excluídos.

Bem, pelo menos eu tenho um dia como homenagem. O dia do TRABALHADOR.

Nada tenho a comemorar nesta data, a não ser comprovar que superei mais um ano de injustiças e que amanhã, caso acorde apto a caminhar, deverei continuar minha dolorosa trajetória para manter no poder os que se aproveitam de minha humildade, falta de oportunidade e herança sanguínea que me impede saber qual é o verdadeiro sentido de minha pátria.

Por enquanto, não precisa me chamar de trabalhador. Pode ser escravo mesmo.

Nossa sociedade é um colosso! Já passamos do fundo do poço!
Referendo de sucesso será o que permitir expurgo no Congresso!
Haroldo P. Barboza - Vila Isabel / RJ - Aulas de Matemática.
Autor do livro: Brinque e cresça feliz

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