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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

‘Presidenta, quem sabe se ele pode ou não ser útil sou eu.’






Para Jobim, Planalto cometeu ‘muita trapalhada’ na discussão sobre fim de sigilo de documentos

por Lilian Venturini
Estadão
 
Em entrevista à edição deste mês da revista Piauí, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez novas críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff e às ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

‘É muita trapalhada, a Ideli é muito fraquinha e Gleisi nem sequer conhece Brasília’, afirmou sobre a condução do Planalto na discussão do fim do sigilo de documentos ultra-secretos.


Abaixo, trechos exclusivos da reportagem:

‘Numa quinta-feira de julho, Nelson Jobim marcou apenas um compromisso na agenda, na parte da manhã: participar da comemoração dos 80 anos de Fernando Henrique Cardoso, no Senado. De terno escuro e gravata azul-clara, foi o único ministro do governo a participar da cerimônia.

Quando o aniversariante chegou, Jobim sentou-se à mesa armada no palco do auditório do Senado, cercado de políticos do PSDB e do DEM.

Fez questão de falar e chamou seu discurso de um monólogo para Fernando Henrique. ‘Fui seu amanuense, ou escrivão, durante a Constituinte’, brincou.

‘Fui seu ministro da Justiça e indicado por você para o Supremo Tribunal Federal. Se estou aqui hoje, Fernando, é por tua causa.’

E encerrou o discurso com uma citação que causou surpresa na mesa e na plateia: ‘Nelson Rodrigues dizia que, no tempo dele, os idiotas entravam na sala, ficavam quietos num canto ouvindo todo mundo falar e depois iam embora. Mas hoje, Fernando, os idiotas perderam a modéstia.’

Ao fim da cerimônia, à uma da tarde, Jobim foi para o gabinete do senador Fernando Collor. (…)

Jobim deixou a sala de Collor e foi para o Ministério, onde almoçou rapidamente. Enquanto comia uma salada, comentou a discussão da liberação de documentos sigilosos do Estado. ‘É muita trapalhada, a Ideli é muito fraquinha e Gleisi nem sequer conhece Brasília’, falou, referindo-se à ministra das Relações Institucionais e à da Casa Civil.

Disse que o Collor não criaria empecilhos, mas que estava chateado porque, enquanto ele discutia o projeto, foi atropelado por um pedido de urgência na votação, feito pelo senador Romero Jucá, da base governista.

‘Ele se sentiu desrespeitado, não havia razão para o pedido de urgência’, afirmou Jobim.

Na conversa, Collor lhe contou que faria um discurso contra o projeto e Jobim lhe pediu que não o fizesse, no que foi atendido. ‘Eu disse a ele que havia muito espaço para negociação e que, se ele fizesse o discurso atacando o governo, estreitaria essa possibilidade.’

Perguntado sobre por que havia tantas idas e vindas no governo na relação com o Congresso, Jobim não teve dúvidas: ‘Falta um Genoíno para ir lá negociar.’
José Genoíno se candidatou a deputado, não se elegeu e, no começo do ano, Jobim o chamou para ser seu assessor.

Antes de convidá-lo, porém, informou a presidenta da sua intenção. ‘Mas será que ele pode ser útil?’, perguntou-lhe Dilma.

E ele respondeu: ‘Presidenta, quem sabe se ele pode ou não ser útil sou eu.’

04.agosto.2011

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