Ainda os privilégios da Família Lula da Silva, a nova aristocracia brasileira, e os bocós que não sabem distinguir questão pública de vida privada
Há dezenas, centenas talvez, de protestos porque publiquei aqui o vídeo, que está no YouTube, com a festa dos 15 anos de Bia Lula, a neta do “Cara”, atriz — amadora, segundo se sabe — cujo grupo de teatro conquistou o direito de captar R$ 300 mil pela Lei Rouanet.
A Oi, a quem Lula prestou tão relevantes serviços, e a empresa sempre lhe soube ser grata, já se apresentou.
A mamata foi garantida pelo Ministério da Cultura, cuja titular é Ana de Hollanda.
É a velha aristocracia de esquerda garantindo benefícios à nova.
Vivemos este estado de coisas, em que os ladrões reivindicam o direito de assaltar os cofres públicos em nome do bem comum, porque devem ser raros os países a juntar tantos bananas.
Aquela indagação feita por Juan Arias, o correspondente do El País, ainda está insuficientemente respondida: “Por que os brasileiros não se indignam?”
Já ensaiei algumas respostas a sério. Talvez a verdade esteja no sarcasmo. Porque adoramos ter um nhonhô com o chicote na mão, dando ordens.
O sistema indica a origem de algumas visitas ao blog. Vi lá que veio um monte de gente do site “Amigos do Presidente Lula”, ou coisa assim. Espero que seja ao menos gente a soldo, que ganha uns trocos para fazer esse trabalho. Torram o saco: “Ah, você mistura tudo; trata-se de vida privada”. Quem mantém, ou permite que se mantenha, “vida privada” no YouTube quer que ela seja pública. Isso só para começar a conversa.
Não sabendo qual é a contribuição de Bia Lula à estética, tenho mais do que o direito — tenho é o dever — de saber por que o seu grupo mereceu a graça de Ana de Hollanda e vai fazer o seu “trabalho” com o meu dinheiro.
Ali está esboçado um padrão, um entendimento, por assim dizer, da “arte”.
Como tudo está exposto para toda gente, esses deslumbrados reivindicam a força do exemplo.
Ao divulgar a sua obra, em certa medida, eu cumpro a sua vontade.
Mas não sou obrigado a gostar do que vejo.
Nota à margem
Os que vêm com aquele papinho de que gostavam do meu blog até ontem, mas, depois daquele post, não mais, respondo: a porta da rua é a serventia da casa.
Há blogueiros implorando por leitores. É claro que gosto de ser muito lido, mas jamais deixarei de dizer o que penso porque “não pega bem”.
Os “meus” leitores de fato sabem que não lhes puxo o saco, dizendo apenas coisas com as quais concordam. Às vezes, discordam de mim. É do jogo. Não sou populista. Não disputa eleição. Não sou candidato a blogueiro simpático do ano. Quem gosta fica aqui; quem não gosta vai embora. Ocorre que os que vêm com essa besteira não são nem leitores nem admiradores do blog.
Pobrismo
Alguns bobalhões tentaram acusar meu preconceito; eu estaria mangando da cafonice da festa — e, pois, “do povo”, que seria também daquele jeito: cafona.
Um: a família Lula da Silva não representa os brasileiros; ele foi eleito (e seu mandato já terminou, embora não pareça); ela não foi.
Dois: “povo” uma ova! A festa é brega, mas é rica, conforme demonstra uma fartura de fotos, disponíveis a quem quiser ver. Está na Internet, diga-se (aqui), para que seja vista. Até os rótulos da Coca-Cola traziam o nome da garota.
Os idiotas não me venham com a tese da natural humildade que simbolizaria o povo brasileiro.
Que humildade?
Que pobreza?
Lula é político desde 1975, quando assumiu a direção de um sindicato.
Tornou-se, por excelência, o burguês do capital alheio.
Se ele próprio ou a família não souberam se aproveitar de determinados bens culturais que talvez traduzam com mais complexidade os matizes do ser humano — vale dizer: o que presta —, não foi por falta de oportunidade.
Há muito ele e a família vivem como NÃO VIVE boa parte dos ricos brasileiros, que têm de zelar, sim, pelos negócios, ou a vaca vai para o brejo.
São poucos os que vivem do puro “rentismo ” (se me permitem a palavra) ou da simples usura.
Lula, o burguesão do capital alheio, este, sim, é um usurário da esperança.
E cobra muito caro por isso — inclusive institucionalmente.
O ambiente em que floresce essa nova aristocracia é relevante porque ele nos diz muito do nosso presente e do nosso futuro.
A concessão da autorização para a captação pela Lei Rouanet é mais uma evidência de que Lula transmite privilégios à sua descendência, como se não bastasse a grana da Oi na Gamecorp, de Lulinha, ou os passaportes diplomáticos concedidos a seus familiares.
Houve exageros nos comentários, e eu procurei cortá-los. Se escapou algum, volto lá e excluo. Aliás, não cheguei a publicar a metade do que foi enviado. Alguns ainda se indignam, sim, e isso é bom sinal.
MAS É PRECISO TER MEDIDA NAS COISAS, E RENOVO O APELO NESSE SENTIDO.
Dizer, no entanto, o que esse caras fizeram e fazem do que lhes concedeu, vá lá, o destino é mais do um direito; trata-se de uma obrigação. Sobretudo porque estão por aí, abusando de privilégios.
A festança foi tornada pública de vários modos e em várias linguagens. Tudo posto na Internet para deleite das massas. Não recorri aos métodos do News of the World…
A propósito: escrevi que só faltara um poema de Gabriel Chalita para abrilhantar a festa. Se houve poema, não sei, mas o “poeta” estava lá, como revelam as fotos.
O evento deve render o seu 9.763º livro…
02/08/2011
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