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terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Regime do Irã não deveria ser reconhecido", diz ONG a Lula



"Regime do Irã não deveria ser reconhecido", diz ONG a Lula; leia carta na íntegra



MINA AHADI
DO COMITÊ INTERNACIONAL CONTRA EXECUÇÕES

Caro presidente Lula da Silva,

Sua oferta de asilo no Brasil para Sakineh Ashtiani, sentenciada à morte por ter feito sexo fora do casamento, é um passo importante para salvar a ela e seus filhos.

Espero que com as muitas ações e esforços internacionais em curso no momento possamos salvar Sakineh e que ela e seus filhos possam voltar a se abraçar o mais cedo possível.

Agora que escrevo esta carta tenho diante de meus olhos o rosto de Maryam Ayoubi, morta por apedrejamento em 2001.

Vejo o rosto de Shahnaz, Shahla, Kobra e dezenas de outras mulheres que foram enterradas até a altura do peito e mortas com pedras arremessadas contra elas.

São imagens que continuo a ter diante de meus olhos. As vozes das crianças que me telefonaram para dizer que "nossa mãe foi morta por apedrejamento"-- continuo a ouvi-las.

É esse o regime islâmico.



Os governantes do Irã não conseguiriam sobreviver por um dia sem execuções, terror e sem espalhar o medo.

Ainda que o regime islâmico tenha recuado um pouco devido à pressão da campanha pela salvação de Sakineh, tenta continuar espalhando o medo na sociedade por meio da execução de outros prisioneiros, especialmente prisioneiros políticos.

Hoje, dia 2 de agosto, nove prisioneiros foram sentenciados à morte em Kerman. Além disso, a promotoria em Teerã sentenciou seis prisioneiros políticos à morte, entre os quais Jafar Kazemi,(foto) que pode ser executado a qualquer momento.



Zeynab Jalalian, outro prisioneiro político, também corre risco iminente de execução. Há mais pessoas na lista de execuções: Mohammad Reza Haddadi foi sentenciado à morte quando ainda menor de idade e agora, depois de completar 18 anos, pode ser executado a qualquer momento.

Há mais de 130 menores idade prisioneiros e sentenciados à morte. O regime islâmico é o único do mundo a executar menores de idade.

Presidente Lula da Silva, existem hoje 17 famílias de prisioneiros políticos em greve de fome diante da prisão de Evin, em Teerã, para demonstrar solidariedade à greve de fome iniciada por seus filhos dentro da prisão alguns dias atrás.

Trata-se de um protesto contra a brutalidade das autoridades da prisão para com os prisioneiros políticos.

Além disso, o destino de três jovens alpinistas norte-americanos e as lágrimas de suas mães entristece as pessoas.

O regime iraniano deteve os parentes do Sr. Mostafaei, o advogado de Sakineh Ashtiani, e os está retendo como reféns até que ele se entregue.

Presidente Lula da Silva, o Irã é um país com um regime brutal e criminoso.


Trata-se de um regime homicida que deveria ser condenado por todos os povos e todos os governos.


Permita-me, como representante do povo oprimido do Irã, dizer que não apenas desejo salvar Sakine e abolir o apedrejamento como também apelo a todos os chefes de Estado para que não reconheçam o regime islâmico como representativo do povo iraniano, e sim o vejam como o assassino do povo do Irã.


O regime é um governo de apedrejamentos e execuções, que lança pessoas à prisão a cada dia e corta suas mãos e pés.

Trata-se de um regime que executa mais pessoas, em termos per capita, do que qualquer outro governo do mundo.

Um regime como esse não deveria ser reconhecido pelas organizações internacionais e por chefes de Estado.

Cordialmente,

Mina Ahadi, porta-voz do Comitê Internacional Contra Execuções e do Comitê Internacional Contra o Apedrejamento


TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI

03/08/2010

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