Chanceler Celso Amorim |
Daqui a pouco, quando terminar o efêmero oba-oba das pesquisas de opinião e tiver início o rigoroso e duradouro julgamento da História, estará o Brasil finalmente maduro para reconhecer a herança negativa deixada pela política externa do governo Lula.
Ela enfraqueceu o nosso Estado Nacional em um dos seus setores mais estratégicos, justamente aquele cujo trabalho sempre fora consensualmente admirado – aqui e lá fora – pelo pragmatismo, profissionalismo e preparo intelectual dos quadros diplomáticos do Itamaraty.
Em nome de um antiamericanismo ultrapassado e de uma retrógada liderança terceiro-mundista, o governo força a renegociação do Tratado de Itaipu com o Paraguai em condições desvantajosas para o Brasil; manda a Petrobras engolir em secos os prejuízos causados pela expropriação de suas instalações na Bolívia de Evo Morales; torra um bilhão de dólares para escorar a carcomida tirania cubana; dá casa, comida, roupa lavada e palanque ao ex-presidente golpista de Honduras; e importa para a até então pacífica América do Sul os intratáveis conflitos do Oriente Médio.
Nas palavras do professor-titular de Direito Internacional da USP e ex-chanceler Celso Lafer, o alinhamento brasileiro àquele regime “descapitaliza nossa credibilidade na busca um ilusório prestígio”.
Lula colocou-se frontalmente na contramão da opinião internacional e também das potências membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, descrentes das intenções pacíficas proclamadas pelo Irã na defesa do seu programa nuclear.
Apesar das advertências, manteve a visita ao seu colega Mahmoud Ahmadinejad, sem se importar com o declarado desejo deste de riscar Israel do mapa, nem com a brutal repressão ao povo iraniano durante recentes protestos contra uma eleição fraudulenta e ilegítima.
Nessa mesma linha, Lula não se contenta em debochar da greve de fome dos oposicionistas em uma Cuba longamente oprimida pelos irmãos Fidel e Raúl Castro.
Conforme assinala outro destacado docente da USP, o cientista político José Álvaro Moisés, o governo brasileiro abstém-se sistematicamente “em votações da ONU destinadas a condenar o desrespeito aos direitos humanos na Coreia do Norte, no Sudão, no Congo e no Sri Lanka”, bem como faz vista grossa “à destruição da democracia na Venezuela”, confraternizando sempre que pode com o déspota Hugo Chávez.
No front da diplomacia econômica, o Palácio do Planalto e a Chancelaria brasileira insistem em fazer crer que revolucionam a geoeconomia global com sua concentração obsessiva nas chamadas relações Sul-Sul.
Enquanto isso, as duas mais dinâmicas potências do mundo em desenvolvimento, China e India, não medem esforços para atingir sua prioridade maior: a conquista dos mercados dos países ricos.
Mas, é impossível compreender corretamente – e criticar devidamente – essa desastrada diplomacia sem sondar as profundezas do inconsciente petista.
Curtidos durante três décadas de apego aos dogmas totalitários da esquerda pré-queda do Muro de Berlim e, ao mesmo tempo, impedidos de colocar em prática seus instintos antidemocráticos aqui dentro, Lula e o PT se restringem, no plano doméstico, aos arreganhos mais ou menos inócuos de uma série de “conferências nacionais” bancadas pelo dinheiro dos contribuintes para defender a censura à mídia, preconizar o aparelhamento ideológico da educação, louvar o esbulho da propriedade privada e conclamar à destruição dos direitos, liberdades e garantias fundamentais do cidadão, empregando a mentirosa novilíngua de um Programa Nacional de Direitos Humanos !?!
É por isso mesmo que, em um processo de regressão psicanalítica, o presidente e o seu partido convertem a política externa em playground simbólico da esquerda não-reformada para posar de déspotas populistas e truculentos, pois, afinal, é ai que residem suas inclinações mais recônditas e fidelidades mais ardentes.
Infelizmente, como adverte mestre Lafer, essa brincadeira redunda em profundo descrédito para a imagem internacional do Brasil como país sério e maduro.
A eleição deste ano dará aos brasileiros a grande chance de restituir essa seriedade e o perdido pragmatismo à nossa política externa, retomando o fio da tradição do Barão do Rio Branco.
Também nesse setor, precisamos tirar o Brasil do vermelho!
Deputado Eduardo Sciarra
Deputado federal desde 2002 (DEM-PR), Eduardo Sciarra é engenheiro civil e empresário do setor da construção. No período de 1998-2002, exerceu o cargo de Secretário de Indústria, Comércio e Turismo do Paraná, assumindo o desafio de iniciar um novo processo de industrialização que culminou na formação de novos pólos econômicos tanto na capital como no interior do Estado. Pertence à Comissão Executiva Nacional do Democratas, da qual é Vice-Presidente.
0 comentários:
Postar um comentário