Maravilhoso desabafo de um MÉDICO - verdadeiro
À Diretoria do Conselho Regional de Medicina RJ – CREMERJ
Eu, FERNANDO BEVILACQUA (CREMERJ – 5208917-0, estou encaminhando o texto abaixo dando conta, de forma clara e honesta, que o mesmo será divulgado pela Internet e enviado a dois periódicos de grande circulação no país, visando à sua publicação.
VERGONHA E DESESPERANÇA
Recebi, como muitos outros médicos e indivíduos “formados em Medicina”, carta endossada por 11 membros da diretoria do Conselho Regional de Medicina - RJ (CREMERJ), inclusive a Presidenta atual, carta de pasmar. Nela anunciava-se a “tomada de liberdade de pedir voto para Jandira Feghali (65) ao cargo de prefeita e para Roberto Monteiro (65123) ao cargo de vereador”.
Imagine um colegiado, com missão específica de regulamentar e preservar a conduta ética de seus afiliados, pedindo votos para candidatos selecionados à luz de solerte princípios. Por quê apoio a apenas dois médicos, quando tantos outros associados e “pagantes” do conselho também candidatos?
Um conselho de ética que se preze, tem um só caminho – manter-se afastado e soberanamente isento de contaminações político-partidárias.
Coteje-se a circunstância com a de uma comissão examinadora de um concurso público, com seus membros “apoiando” integralmente dois das centenas de postulantes ao cargo!
E a desfaçatez e a hipocrisia são de tal grandeza, que a carta termina com o mais decadente e velhaco chavão –
“... os abaixo assinados esperam que esta indicação que fazem de Jandira Feghali Prefeita (65) e Roberto Monteiro Vereador (65123) seja incentivo para o debate democrático em torno da necessidade do voto consciente”.
É de se registrar o cunho eleitoreiro profissional, com a indicação repetida dos números dos “indicados”.
Texto patético, se não revoltante.
Membros do CREMEJ, como de qualquer outro conselho de ética profissional, têm o direito de escolha e revelação de suas preferências eleitorais.
A entidade CREMERJ, contudo, não pode pedir voto, ainda mais porque, quem garante que os candidatos selecionados na carta são, de fato, os preferidos pela classe (ou bando?) médica?
Que democracia, que ética são essas?
Só falta o CREMERG anunciar, impoluto, que não tem, e muito menos se associa, a raízes partidárias e ideológicas.A covardia (e justiça seja feita não exclusiva dos candidatos em apreço) dos atuais políticos atinge índices tão elevados que os partidos aos quais são filiados, quando aparecem, são impressos nos corpos tipográficos daqueles assemelhados aos contratos – hoje, por sinal, “manobras” proibidas por lei.
Como sempre fui caracterizado na minha vida pública como um “militante político desastrado”, quero acreditar que o CREMERJ não tem nehuma simpatia, e muito menos vínculo com quaisquer agremiações partidárias, o que, de todo, seria sacra obrigação.
Todas estas revelações não devem ser relevantes, apenas sístoles de um velho médico submetido às rabugices e às intolerâncias da idade, pois:
Sou de uma época em que médico não roubava; sou de uma época em que médicos dos serviços públicos, mesmo adoentados, superavam suas dores e não faltavam ao trabalho, em respeito aos pacientes; sou de uma época em que médico conversava, examinava (aquelas coisas de palpar barriga, pedir para abrir a boca) e cuidava das pessoas, indo além e acima de olhar exames complementares; sou de uma época em que médico, sabendo de antemão (como até hoje) sua remuneração no serviço público e, portanto, não enganado a respeito, levava a cabo seus “compromissos hipocráticos, sem greves e cumprindo fielmente seus horários de trabalho, sem burlas para “compensar” os baixos salários (que são, de fato).
Enfim, sou de um tempo em que ser médico era PROFESSAR a profissão, e não apenas exercê-la.
Fica óbvio que sou de uma época antiga (talvez nem tanto), quando dava-se prioridade de passagem às mulheres e cedia-se assento nas conduções coletivas às mesmas.
Tenho até um certo pejo de confessar mas, ... sou de um tempo em que se morria de amor!
Bem sei que esta carta, de indignação, será até ridicularizada nas alcovas do CREMERJ.
Não importa, cumpri o meu dever de anunciar minhas VERGONHA E DESESPERANÇA,nos (des) caminhos de missão médica.
A “velha arte” está ferida e sangrando.
Que riam os de lá; eu, de cá, choro desencantado.Oremos
Fernando Bevilacqua
Médico e Professor-Titular da UERJ
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