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terça-feira, 7 de outubro de 2008

Até reunião dedicada à crise política,

Lula encontrou espaço para falar de eleições

Lula desfila entusiasmo e bom humor pelos corredores do Planalto. Festeja o desempenho dos “aliados” nas urnas de domingo. E tira sarro da oposição.


No geral, o presidente avalia que todas as legendas que gravitam na órbita do governo dele saíram da eleição maiores do que entraram.


Acha que foram fincadas em 2008 as estacas que vão sustentar, em 2010, o palanque presidencial da candidatura da ministra Dilma Rousseff.


Impressionou-se especialmente com o desempenho do PMDB, o partido que mais amealhou prefeituras no domingo.


Noves fora as disputas de segundo turno, o PMDB já elegeu 1.194 prefeitos –140 a mais do que elegera em 2004.


De todas as legendas, “é a mais nacional”, disse Lula.


Descendo ao específico, Lula afirma que apenas três partidos encolheram no domingo: os oposicionistas PSDB, DEM e PPS.


“Só essa trinca se deu mal”, disse Lula, sorriso nos lábios, no meio de uma reunião convocada para discutir a crise econômica.


A maioria dos presentes –congresistas que integram o conselho político do governo—foi às gargalhadas. Algo que estimulou Lula a prosseguir.


Epicaçou, por exemplo, ACM Neto (DEM-BA), excluído pelo eleitor da disputa pela prefeitura da Bahia. Mais cedo, referira-se ao desafeto ‘demo’ em tom depreciativo.


“O baixinho valentão quebrou a cara”, afirmou. Uma alusão ao discurso em que, no auge do mensalão, o neto de ACM ameaçara sair no braço com o presidente.


Em meio à animação, Lula permitiu-se até elogiar o desempenho de Walter Pinheiro, o petista que ajudou a riscar o nome de ACM Neto da disputa.

Marcello Casal/ABr


Lula nunca foi com a cara de Pinheiro. A despeito disso, pediu a Dilma Rousseff que reforce a campanha dele no segundo turno.


A euforia de Lula está escorada num levantamento que desconsidera o peso político das prefeituras em disputa.


Sérgio Guerra, o presidente do PSDB, diz que o “bicho papão de Lula” se dissipou nas eleições de São Paulo e Rio de Janeiro.


Em São Paulo porque Marta Suplicy, batida em número de votos pelo ‘demo’ Gilberto Kassab no primeiro turno, vai ao segundo turno com cara de derrotada.


No Rio porque o candidato de Lula, Marcelo Crivella (PRB), foi excluído da disputa por Fernando Gabeira (PV), apoiado pelo PSDB.


Lula dá de ombros para a perspectiva de o DEM manter Kassab na vitrine paulista. Prefere agarrar-se à contabilidade geral.


Na ponta do lápis, o DEM foi, entre as legendas consideradas grandes, a que mais perdeu prefeituras no domingo. Elegera cerca de 790 prefeitos em 2004. Conquistou 494 prefeituras no domingo.


Quanto ao PSDB, Lula prefere realçar a derrota de Geraldo Alckmin a reconhecer que o êxito de Kassab tonifica as pretensões presidenciais do governador José Serra.


O presidente agarra-se, de novo, à fotografia geral: o PSDB tinha 871 prefeituras. E só reteve 780 no primeiro turno.


Lula saboreia, de resto, o infortúnio do PPS de Roberto Freire.


“Esse virou partido nanico”, espezinha.


Manteve 132 das 306 prefeituras que conquistara quatro anos atrás.

Deve-se o esmagamento do PPS, na opinião de Lula, especialmente ao bom desempenho do PSB.


Sobretudo nas praças de Pernambuco, Estado governado pelo “amigo” Eduardo Campos (PSB), e do Ceará, submetido aos irmãos Cid (governador) e Ciro Gomes (deputado e presidenciável do PSB).


E quanto ao PT? Lula acha que seu partido cresceu menos do que deveria. Mas cresceu. Foi de cerca de 410 prefeituras para algo como 550.


Reconhece que a “política de alianças” fez com que o PT lançasse menos candidatos, consorciando-se com outras legendas governistas.


Uma estratégia que Lula considera acertada considerando-se os planos que traçou para 2010.


Acha que o PT, depois de muito “murro em ponta de faca” enxergou a importância do jogo das “alianças”.


Presidente faz troça do desempenho dos oposicionistas

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