A despeito do inusitado da cena, não é o desapreço de Dilma Rousseff pelo Congresso o que chama atenção. Espanta é o repentino desapreço da ministra para com a credibilidade da própria palavra.
Instada a dizer a verdade na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, por uma muitíssimo infeliz comparação do senador Agripino Maia à conduta dela quando militante de esquerda, Dilma resguardou de imediato o seu passado com uma longa reprimenda ao incontinente.
Acusada pela senadora Marisa Serrano de mentir aos senadores em plena democracia, a ministra não exibiu a mesma altiva indignação. “Não respondo a isso”, esquivou-se, sucinta.
Quando José Aparecido Nunes Pires a desmentiu, confirmando no Senado a existência do dossiê, a ministra Dilma tampouco se manifestou em defesa de sua palavra.
Calando, não apenas consentiu: mostrou que sua exaltação às virtudes da mentira não se prende a épocas; antes, diz respeito ao modo de ser fiel às causas.
por Dora Kramer
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