Um povo sem F, L e R e, pois, sem Fé, sem Lei e sem Rei
Trechos do artigo de Reinaldo Azevedo
Tio Rei achou lindas as fotos dos índios isolados e se fez uma primeira pergunta: um fato com essa relevância não seria matéria de divulgação da Funai em entrevista coletiva, com o levantamento fundamentado de hipóteses antropológicas aos menos?
Quer dizer que a Funai descobre um povo primitivo e “vaza” fotos para um portal da Internet?
Huuummm... Mas elas já estão nos sites e portais do mundo inteiro.
O Tio, em seu ceticismo deísta, mesmo sendo um indiodescendente, tem algumas dúvidas, que passa a dividir com vocês.
1 – Se eu fosse escrever um roteiro de filme B sobre o choque de civilização entre uma tribo isolada e o “pássaro de ferro”, imaginaria o quê? Ora, o que está nas fotos: índios majestosos erguendo seu arco e flecha contra o perigo que desaba da morada de Tupã (Tupã mora nas alturas? Não sei. Preciso me informar...);
2 – Na realidade dos fatos, acredito que índios isolados, se “ameaçados” pelo pássaro de metal, corram pra dentro do mato, borrando-se todos, com a virilidade recolhida no prepúcio por causa do medinho, hehe...
3 – O Acre é o segundo estado mais desmatado da Amazônia. Só perde para Rondônia. Podem olhar os mapas do Inpe. E justamente ali há índios isolados?
4- Achei as fotos, como direi, “super National Geografic”, vindas a público no momento em que se discutem os chamados “direitos dos índios” e em que se questiona se a política indigenista brasileira, que é segregacionista, está mesmo correta.
Quer dizer que esses índios nunca tiveram contato com branco — nem mesmo contato com quem já conhece os caras-pálidas?
Desculpem-me acreditar em Deus, mas não em índios isolados;
5 – Gostei também do perfilamento dos silvícolas para a batalha. Parece-me que os machos estão com o corpo pintado de vermelho, e as fêmeas, de preto (ou algo meio azulado).
Na composição das fotografias, há de tudo (elenco características de ambas):
A – arco e flecha contra o pássaro de ferro, em pose majestosa;
B – senso de coreografia (dois repetem gestos idênticos para dar a flechada);
C – adereços idênticos na perna e na cintura;
D – índia correndo com filhote no colo;
E – índio com duas lanças na mão, uma das imagens-clichê dos silvícolas.
Estou sugerindo que as fotos sejam fraudulentas?
Não necessariamente.
Estou estranhando é o conjunto da obra: da divulgação “informal” feita pela Funai a estes índios, cenográficos demais para o meu gosto.
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