O ex-presidente da Comissão de Ética Marcílio Marques Moreira diz que falta sensibilidade ao governo e que, hoje, quem respeita a lei é considerado imbecil.
"Preocupa-me ouvir declarações de autoridades no sentido de que transgressões são rotineiras na vida pública brasileira. Isso é inaceitável"
O embaixador Marcílio Marques Moreira está na vida pública há cinqüenta anos e onze presidentes. Foi assessor especial do Ministério da Fazenda no governo João Goulart, ministro da Fazenda do governo Collor e, até o mês passado, presidente da Comissão de Ética Pública no governo Lula - órgão responsável pela análise da conduta dos altos funcionários da República.
Uma de suas últimas ações foi apontar o conflito de interesses que havia no fato de Carlos Lupi acumular o cargo de ministro do Trabalho e a presidência do PDT.
O embaixador recomendou que ele abandonasse um dos postos.
De início, o ministro não só não lhe deu ouvidos como ainda recebeu o apoio incondicional do presidente Lula. Depois acedeu. Mas, desapontado, Marcílio deixou a comissão antes. Diz que o episódio, além de revelador da fragilidade dos princípios éticos dos governantes, teve um efeito pedagógico.
Em entrevista a VEJA, ele não critica diretamente a postura do presidente Lula no episódio, mas diz que a sensibilidade ética não é uma característica marcante dos ocupantes de postos importantes em Brasília, principalmente no Palácio do Planalto.
0 comentários:
Postar um comentário