Por Reinaldo Azevedo
Gurgel abriu seu relatório citando “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro. Querendo ou não, há aí uma ironia interessante.
A exemplo de Márcio Thomaz Bastos (aquele que tentou mandar ontem o julgamento pelos ares), Faoro, que morreu em 2003, também foi presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
A obra, ainda em catálogo, editada em dois volumes no Brasil, faz um alentado estudo da formação do patronato brasileiro a partir das origens do estado do português.
Faoro demonstra como o patrimonialismo — o uso do estado e do bem público em benefício de uma minoria — está arraigado na cultura política brasileira.
Gurgel lembra que o trabalho de Faoro abrange de D. João I (1357-1433), rei de Portugal, a Getúlio Vargas. Observa que, de Getúlio a esta data, os traços patrimonialistas de nossa formação permaneceram.
O que se chama “mensalão” é nada menos do que uma forma de apropriação do bem coletivo, público, por uma minoria, em seu próprio benefício.
Sendo assim, Faoro foi o ex-presidente da OAB (1977-1979) que estudou detalhadamente a formação do estado patrimonialista brasileiro, e Bastos, que também comandou a Ordem dos Advogados do Brasil (1983-1985), comanda hoje o esquadrão de advogados que defendem, de fato, as expressões contemporâneas desse estado patrimonialista.
Uma notável regressão, não é mesmo?03/08/2012
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Relatório de Gurgel: no julgamento em que Bastos se destaca, a memória de Raymundo Faoro.
Marcadores:
Mensalão,
Roberto Gurgel
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário