Ninguém fez, terei de usar a expressão, um trabalho tão
sujo na CPI dos Correios como a então senadora Ideli Salvatti (PT-SC),
hoje ministra das Relações Institucionais
É claro que políticos tendem a defender seus respectivos partidos e aliados.
O problema é que Ideli se especializou em negar o óbvio, em combater as evidências com gritaria, em recorrer a chicanas para obstruir os trabalhos da comissão.
Não é que ela se esforçasse em busca do melhor argumento; ela se esmerava em combater os melhores com piores, ganhando nos decibéis.
Aquela atuação lhe rendeu pontos no partido, como se vê. Pois bem. Um deputado do PMDB teve uma atuação bastante decente e serena na comissão: Osmar Serraglio (PR), hoje vice-líder do governo. Ele andou concedendo entrevistas — uma bastante eloquente à VEJA Online, em que se demonstrou indignado com as afirmações de que o mensalão não existiu ou de que não haveria provas.
E o PT, claro!, decidiu, mais uma vez, reagir contra os decentes em nome dos indecentes.
Leiam o que vai na VEJA Online, com informações da Agência Estado.
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O deputado federal Osmar
Serraglio(PMDB-PR), relator da CPI dos Correios, que investigou o esquema do mensalão em 2005, não se esquiva de falar quando perguntado sobre o maior esquema de corrupção da história do país.
Em entrevista concedida ao site de VEJA em maio deste ano, Serraglio deixou claro: a comissão produziu provas suficientes da existência do esquema, apesar dos entraves que a base aliada impôs à investigação.
O parlamentar voltou ao assunto em julho deste ano, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
E não foi perdoado pelos petistas.
Agora, o partido trabalha para tirar o deputado da vice-liderança do governo na Câmara, sob o argumento de que ele agiu contra as ordens da presidente Dilma Rousseff, que determinou distância do julgamento do mensalão.
Causaram mal-estar no Planalto e no partido declarações de Serraglio segundo as quais à época do escândalo, em 2005, petistas agiam como uma “tropa de choque” na CPI dos Correios a fim de impedir investigações contra o então ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Sobre os entraves políticos à investigação, Serraglio disse a VEJA: “Os trabalhos não eram abertos e independentes como prevê a força de uma CPI. Mas os problemas começaram, de fato, quando perceberam que a comissão não seria chapa-branca. A partir daí foi criada a CPI do Mensalão, que nos deixou sem competência legal para investigar o esquema. Passamos a apurar somente a origem do dinheiro – e não mais sua destinação. Percebemos que a intenção era fazer com que nossa investigação não chegasse a lugar algum”.
Nesta quarta-feira, primeiro dia de trabalho depois das férias parlamentares, os deputados Arlindo Chinaglia e Jilmar Tatto, líderes do governo e do PT na Câmara, respectivamente, procuraram a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para reclamar do aliado.
A conversa foi sobre a substituição do vice-líder.
A portas fechadas, no gabinete de Ideli no Palácio do Planalto, o comentário revelava a irritação.
A queixa não chegou a Dilma, segundo seus auxiliares, mas o PMDB do vice-presidente Michel Temer foi acionado e enquadrou Serraglio.
Líderes peemedebistas telefonaram para o deputado e determinaram que ele pare de falar sobre as investigações do mensalão.
Ideli teria ficado furiosa com o trecho da entrevista no qual Serraglio vinculou o nome dela à blindagem de José Dirceu, hoje o principal réu do mensalão.
“A tropa de choque que dificultava a evolução da investigação era formada por (Carlos Augusto) Abicalil, (Jorge) Bittar e Ideli (Salvatti), que era senadora à época”, disse o ex-relator da CPI na entrevista.
Serraglio afirmou que o PT barrava qualquer iniciativa da comissão para proteger Dirceu.
“Faltou muita coisa. Muito do que eles ficam batendo agora que ?não tá provado isso, não tá provado aquilo? é porque a gente estava amarrado, não tínhamos liberdade”, disse.
“Hoje, por exemplo, o Dirceu fala que não tem nada a ver com isso. Poderíamos ter feito provas muito mais contundentes em relação à evidente ascendência que ele tinha”. Apesar da ordem dada por líderes do PMDB para Serraglio seguir a lei do silêncio sobre o mensalão, petistas não acreditam que ele cumprirá a determinação. É com esse argumento que seus desafetos no Congresso tentam tirá-lo da vice-liderança.
Preocupação
A nova queda de braço do PT com o PMDB – em meio ao julgamento do mensalão e a seis meses da troca de comando na Câmara e no Senado – causa preocupação no Planalto.
Para Serraglio, a tese de que o dinheiro dado aos partidos aliados no governo Lula era “só de caixa 2″ não inocenta os réus do PT. É, inclusive, confissão de culpa.
Nesta quinta-feira, nem ele nem Ideli quiseram comentar o assunto.
03/08/2012
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