Às vésperas da Monte Carlo, advogado buscou informações com juízes de Goiás para prevenir ação
BRASÍLIA - Na semana que antecedeu a prisão por conta da Operação Monte Carlo, pessoas ligadas à quadrilha de Carlinhos Cachoeira recorreram a amigos na Polícia Federal e até acessaram o sistema interno da PF para tentar saber se estava mesmo em preparação uma ação contra elas.
Em conversas gravadas com autorização judicial, o advogado Leonardo Gagno fala da varredura que estava fazendo e avisa que tentará falar com o juiz do caso e também com o juiz Leão Aparecido Alves.
O diálogo ocorreu em 6 de fevereiro, às 16h12m.
A prisão de Cachoeira e de pessoas ligadas a ele se deu em 29 de fevereiro.
— A gente revirou o cartório inteiro, revirou o sistema da Polícia Federal inteiro, a gente conseguiu acesso, e nada. Estamos aguardando para falar com o juiz. A gente acabou de ver o Leão entrar aqui no Fórum. Mais tarde eu vou bater um bapo com ele também — diz Gagno em conversa com Francisco Marcelo Queiroga, irmão de José Olímpio Queiroga, braço-direito de Cachoeira.
— Não conseguiu nada ainda? — insiste Francisco Marcelo.
— Nada. Nada. Toda a pesquisa que a gente fez não tem registro nenhum. Revirei toda a vida de vocês pelo sistema da Polícia Federal e apareceu tudo e não apareceu nada aqui em Goiânia — procura tranquilizar o advogado
— E agora? — pergunta Francisco Marcelo.
— Vou dar a última cartada. Vou falar com o juiz. Tô na fila para falar com ele que está fazendo uma audiência.
Em outra conversa, dois dias depois, o mesmo advogado diz que estava saindo da PF.
Tinha pedido a emissão de uma certidão que atestasse não haver investigação em curso contra o grupo de Cachoeira.
— Oi, Marcelo. Saí da Federal agora. Nosso pedido já está com o corregedor despachando. Amanhã a certidão deve estar pronta. Olímpio me falou que o advogado do Carlinhos Cachoeira falou com o juiz, pediu uma certidão e ele deu na hora, falando que não existe nenhum processo contra Cachoeira e se existisse teria registro e seria informado a ele — informa o advogado.
E complementa, referindo-se, provavelmente, ao juiz Paulo Moreira Lima, da 11 Vara Federal em Goiânia:
— O cara não ia botar o rabo dele na reta dessa forma, botar isso no papel e botou no papel. Então acho que a nossa tese sobre o assunto é ela mesmo que aconteceu.
Mas Francisco Marcelo declara que o irmão não iria acreditar que não haveria problemas. Mas o advogado insiste:
— Falei com ele pelo rádio e ele já está começando a acreditar nessa hipótese. Estava mais calmo quando deu notícia da certidão do Carlinhos. Acho que morre aí mesmo. Não vai ter nada, não.
No dia 10 de maio, sem as certidões que atestariam que o grupo não estava sendo investigado, os dois voltam a se falar e, mais uma vez, o advogado procura acalmar o cliente. Ele revela que tem um contato na Polícia Federal.
— Ontem a gente até fez uma reunião com um policial federal que é nosso amigo aqui. Ele estava explicando que também pode estar acontecendo a investigação. Ele falou que os delegados têm feito toda investigação por meio de Termos de Averiguação. Depois que está tudo pronto, investigado, aí eles montam o inquérito policial, rápido.(...) E sem ninguém da área ficar sabendo. Entendeu? Porque eles já vão montando a Operação solicitando gente de fora. Então eu penso que com as investigações que a gente fez, a gente tem 50% de cada hipótese — diz Gagno.
O advogado ressalva que, apesar de acreditar que não há nada na PF, Olímpio Queiroga poderia estar sob investigação.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Grupo de Cachoeira invadiu sistema da Polícia Federal
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