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quarta-feira, 27 de junho de 2012

“Cabocro” honrado desse jeito num toma pinga co’nóis’!!!







Por Reinaldo Azevedo


Anunciei que escreveria um post sobre o depoimento do jornalista Luiz Carlos Bordoni na CPI do Cachoeira. Os petistas o tratam como o homem-bomba contra o governador tucano Marconi Perillo (GO).

E assim ele se comportou. Também tentou bater a mão no peito, na linha “sou um homem honrado”.

E até está conseguindo ser tratado como tal aqui e ali.

Os tucanos ficaram furiosos com o seu depoimento. Os petistas se divertiam à larga. Tudo compreensível.

Os lulo-petistas têm agora um único objetivo na comissão: pegar Perillo.

Todas as outras pretensões naufragaram. Ontem, renunciando a sua missão e a seu papel — investigar com isenção —, o relator, Odair Cunha (PT-MG), afirmou que o governador “mentiu” à CPI.

Nada menos. O Estadão de hoje traz gravações que sugerem que o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), deu sinal verde a um conluio envolvendo licitação dirigida em favor da Delta.

Cunha não disse nada.


Reitero: à diferença do que faz o subjornalismo petralha, que declara a inocência de Agnelo e a culpa de Perillo, eu não proclamo a pureza de ninguém. Só peço investigação severa e honesta. Mas denuncio, sim, uma tramoia em curso da CPI: a maioria governista está se impondo para transformar a CPI do Cachoeira na CPI contra o governo de Goiás. O esquema da Delta — este, sim, o grande escândalo a ancorar escândalos menores — está ficando para trás. As tais gravações citando Agnelo, por exemplo, revelam que uma reunião fora marcada entre Fernando Cavendish, o dono da construtora, e o governador do DF. Petistas e governistas e geral não querem saber dessa história. Voltemos a Bordoni, o homem honrado.

Sua declaração mais forte do dia foi esta: “Eu trago aqui a verdade dos fatos. Pelo meu trabalho limpo, eu fui pago com dinheiro sujo”.

Certo!

E o honrado Bordoni só decidiu botar a boca no trombone porque o escândalo estourou. Antes disso, conformava-se em receber, calado e satisfeito, “dinheiro sujo” por seu “trabalho limpo”. Ele só teve a ideia de lançar ao vento essa forte antítese agora.

Bordoni, que faz trabalho limpo, diz ter recebido das mãos do próprio Perillo, que já era governador, R$ 40 mil em dinheiro vivo. Certo! Digamos que seja verdade. “Dinheiro vivo”, nesse volume, corre o risco de ser “sujo”, certo? Mas como ele fazia um trabalho “limpo”, então não se importou…

Só agora a consciência começou a lhe doer. Essa grana seria parte do combinado por seu trabalho: R$ 120 mil mais 50 mil em caso de vitória. Muito bem. Restou, depois de tudo, uma saldo de R$ 90 mil a receber. Honrado a mais não poder, Bordoni recebeu essa soma na conta de uma filha, chamada Bruna.

Nota à margem: pode ser verdade, é evidente, mas é absolutamente inverossímil que um governador de estado, numa campanha de milhões, se ocupe pessoalmente de pagar R$ 40 mil de caixa dois a um contratado menor da campanha.

Quem cuida de coisas assim são os estafetas. E todo mundo sabe disso. Ocorre que um testemunho dessa natureza implica diretametne aquele que é o alvo nº 1 dos petistas.


Muito bem. À CPI, Perillo havia afirmado que Bordoni recebera R$ 33,3 mil da Art Mídia por serviços prestados à campanha. O “jornalista honrado” negou de pés juntos e até se comprometeu a engolir um papel de assim fosse. Inquirido de novo, voltou atrás e admitiu que, de fato, recebera mesmo aquele dinheiro de forma regular. A CPI engoliu a inverdade, e ele não preciso comer papel.

Tão preciso em enumerar o que considera as falcatruas do governador, ele tem memória fraca sobre sua própria vida financeira. Inicialmente, disse ter depositado aqueles R$ 40 mil que recebeu em espécie. Afirmou depois não ter sido bem assim — pagara antes algumas contas…

O trabalho era “limpo”, mas Bordoni não gostava muito do Fisco, razão por que não declarou aqueles R$ 40 mil. Sobre o restante, inclusive a parte que a filha recebeu em seu lugar, não ficou claro.

Encerrando

Olhem aqui: não estou tentando desacreditar Bordoni para livrar a cara de Perillo, não! Que se investigue tudo e que cada um pague pelo que fez, inclusive… Bordoni!

Como se diz no meu interior, eu não tenho boa-fé quando um “cabocro desse” vem falar em nome da moralidade. Eu poderia escrever assim: “É bom a CPI avaliar direito um depoimento como o de Bordoni…” Mas seria bobagem! Infelizmente, não existe “a” CPI como instância institucional.

O que existe é uma maioria tentando usá-la como instrumento para atingir um representante da minoria — que pode, sim, ser culpado. Mas, para que se chegue à culpa, é preciso ficar claro que aquele não é um tribunal que seleciona alvos.

“Você endossa a versão de Perillo para a venda da casa, por exemplo, Reinaldo?” Eu??? De jeito nenhum!!! Quem endossa as explicações de Agnelo é o subjornalismo financiado por estatais. Não endosso nada! Não endosso, inclusive, a transformação da CPI num instrumento de luta político-partidária.

No seu depoimento, Bordoni se comportou mais de uma vez como juiz de Perillo, tentou fazer acusações genéricas muito além do objeto do seu depoimento e, incrivelmente, tentou desacreditar até os representantes da oposição na CPI.

E tudo, é claro!, porque ele teve, finalmente, um surto de honradez!, que não o socorreu, então, quando, segundo disse, Perillo lhe teria oferecido R$ 40 mil em “dinheiro sujo” por seu “trabalho limpo”…

Lá de onde venho, “cabocro” honrado desse jeito “num toma pinga co’nóis”
27/06/2012



Tags: CPI do Cachoeira

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