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domingo, 19 de setembro de 2010

DIÁLOGO DO ABSURDO




PODE PARECER PIADA...
MAS NÃO É


Por Gustavo
Blog do Contra

Um marciano desembarca no Planeta Terra e cai direto no Brasil.

Por interesse antropológico, ele resolve se inteirar da vida política local.

Descobre que existe uma coisa chamada eleições.

Pergunta, então, a um gentil terráqueo sobre os candidatos.

Segue o diálogo:

- Percebi que a candidatura governista bebe no sucesso econômico do atual governo. Nesse sentido, acusa o principal oponente de, se eleito, colocar em risco as conquistas dos últimos anos. Pelo visto a estabilidade da economia sempre foi defendida pelos que hoje estão no poder...

- Não é bem assim. A estabilidade econômica foi uma herança do governo anterior.


- Mas a candidata do governo diz que foi uma conquista do atual presidente, que é seu patrono político... Inclusive vi a campanha dela outro dia, dizia que antes o país vivia o caos, que estava à beira da falência, e que foram eles, que hoje estão no governo, que botaram ordem na casa, possibilitando a milhões de pessoas melhorarem de vida.

Não foi assim?


- Não foi, não. Na verdade, o partido da candidata oficial foi contra as medidas de estabilização da economia. Diziam que era um "estelionato eleitoral"...


- Você está dizendo que o partido da candidata oficial foi contra as medidas que colocaram a economia em ordem quando foram implementadas, mas depois se apropriou delas e agora se diz seu maior defensor?


- Sim. Foi isso mesmo.


- Bem, parece um típico caso de conversão. Nesse caso, é claro que eles se desculparam pela oposição do passado, não?


- Não. Não se desculparam.


- Nem se arrependeram?


- Não. Também não se arrependeram.


- Então os que estão hoje no poder simplesmente se apropriaram do que antes condenavam, sem confissão nem arrependimento, e agora se apresentam como os garantidores da estabilidade econômica?


- Isso mesmo. Você definiu perfeitamente.


- Que estranho... Isso é, no mínimo, falta de honestidade. Isso sim, é o que se pode chamar de estelionato. Mas entendo, porque o candidato adversário deve ser mesmo um perigo para as conquistas econômicas, que o governo herdou do antecessor...


- Nada disso. O candidato adversário é do partido do presidente que antecedeu o atual, o mesmo que implementou as reformas. Inclusive, ele fez parte daquele governo, foi ministro...


- Espere aí. Você está me dizendo que a candidata do governo atual está acusando seu principal adversário de ser uma ameaça à continuidade da política econômica, quando ele fez parte do governo que implementou essas conquistas, enquanto o partido dela foi contra? É isso mesmo?


- Exatamente.

- Nesse caso, a população deve ter percebido que está sendo vítima de uma farsa grotesca, uma verdadeira empulhação, e deve estar muito zangado com ela...


- Pelo contrário! Ela está em primeiro lugar nas pesquisas, pode vencer até no primeiro turno.


- Mas ela não é a candidata do governo? E o presidente atual não é aquele que sequestrou as conquistas do seu antecessor, apenas colhendo os frutos do que outros fizeram? Imagino que ele deva ser muito impopular...


- Aí é que você se engana. Ele tem quase 90% de popularidade, segundo os institutos de pesquisa.


- Mas estive em outros países, aqueles que vocês chamam de desenvolvidos, e lá quem fizesse isso seria execrado como um farsante, e não louvado!


- Sim, mas aqui é o Brasil...


- Mas vocês não são todos uma mesma espécie?


- Sim, somos, mas...


- A lógica não é a mesma para todos os seres humanos?


- É, mas...


- Das duas uma: ou vocês, brasileiros, são muito estúpidos ou pertencem a uma outra espécie, diferente dos demais terráqueos. Pelo que você me disse, a noção de honestidade que vocês têm não é a mesma da do restante da humanidade.


-Bom, mas pelo menos o líder de vocês, pelo que diz a propaganda oficial, é um estadista global, comprometido com as melhores causas da humanidade, a política externa é um sucesso, o País é finalmente respeitado no exterior...


- (interrompendo) Er... Na verdade, também não é bem assim...


O marciano já se preparava para fazer outra pergunta, mas desistiu. Sem resposta, o gentil cidadão que se prontificou a explicar o Brasil ao visitante alienígena se calou, coberto de vergonha. Enquanto isso, o marciano coçava as antenas, intrigado diante do que julgou ser um mistério sem solução. Em todas as galáxias que visitara, jamais presenciou uma situação tão insólita. Voltando à sua nave, simplesmente desistiu de tentar compreender, cheio de piedade por uma espécie tão PRIMITIVA
.








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