por Vannildo Mendes e Felipe Recondo
O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Correa, confidenciou ao presidente do (STF), ministro Gilmar Mendes, que o comando da PF, em Brasília, não coordenou a Operação Satiagraha, tendo sido posto à margem das investigações pelo delegado Protógenes Queiroz.
Agentes da Abin colaboraram com a operação na condição de arapongas, isto é, sem autorização do juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal.
As assessorias da PF e da Abin confirmaram ao Estado as duas informações.
O encontro de Correa e Mendes aconteceu anteontem, no STF, por volta das 18 horas.
Antes, o presidente do Supremo também havia conversado com o ministro da Justiça, Tarso Genro, mas por telefone.
"A participação dos agentes da Abin foi irregular porque não houve pedido institucional entre os dois órgãos, não houve requisição da ajuda e do pessoal entre os diretores", disse Correa por meio de sua assessoria.
"Além disso,a Abin compartilhou informações sigilosas que o juiz de São Paulo (De Sanctis) depositava legalmente apenas na Polícia Federal".
Esse procedimento, avalia a direção da PF, "pode contaminar o inquérito e ajudar os suspeitos na fase judicial".
O Estado apurou que Lacerda queria fazer a operação quando ainda dirigia a PF, ano passado, mas foi impedido pelo ministro Tarso Genro. Protógenes levou a tarefa adiante e contou, agora, com a colaboração de Lacerda.
Tarso e Mendes mantiveram contato, entre outros motivos, por causa de uma informação surgida na tarde de quinta-feira.
Um telefonema para o gabinete da presidência do STF levantou a suspeita de que a PF, por ordem do juiz De Sanctis, estaria monitorando as conversas do ministro do Supremo com seus assessores.
Porém, uma varredura feita por técnicos do próprio tribunal na madrugada de ontem no gabinete de Mendes e de seus principais assessores desmentiu a informação da existência de grampos telefônicos ou de escutas ambientais.
A desconfiança partiu da desembargadora do Tribunal Regional Federal da 3ª Região Suzana Camargo, que relatou ao presidente do STF a informação de que a PF e a Justiça teriam trechos de gravações de conversas do ministro com assessores, falando mal do juiz De Sanctis. Legalmente, o juiz não tem competência para autorizar a investigação de um ministro do STF.
Somente outro ministro do Supremo pode fazê-lo.
Diante da suspeita, o presidente do Supremo cobrou explicações de Tarso, que negou categoricamente o monitoramento pela PF.
O ministro da Justiça considerou "um absurdo completo" a notícia de que a PF monitorou o gabinete do presidente do STF (leia nesta página). "Alguém, a soldo de alguém, está plantando provavelmente uma intriga. Não é a PF'', afirmou.
Além da varredura nos gabinetes de Gilmar Mendes e de seus assessores, uma outra investigação foi feita no início da manhã de ontem no Supremo.
Num telefonema, uma pessoa afirmou que três bombas foram dispostas em três pontos diferentes do tribunal.
Os seguranças tiveram de fazer uma segunda varredura, desta vez nos três prédios do STF. Nada foi encontrado.
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