1. A política externa brasileira durante o governo Lula era apresentada através de dois personagens.
De um lado o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, de total adesão ao bolivarianismo chavista, com passagem pela assinatura testemunhal de Lula ao acordo Irã-Turquia, inspirador da negativa de Lula, em Israel, colocar flores no tumulo do líder e fundador do sionismo, além das fotos de Lula sorridente com ditadores africanos, da "neutralidade" em relação à Síria (só dois anos depois há uma nota crítica)...
Enquanto isso, o ministro Celso Amorim ia rolando a rotina do Itamarati, sempre asfixiado pela presença bolivariana do embaixador Samuel Guimarães como seu vice-ministro.
2. Com a ascensão de Dilma, seus gestos iniciais em matérias de política externa sugeriram uma suavização daquelas posições.
Uma ou outra declaração trouxe essa expectativa.
E a escolha como ministro de Antonio Patriota criou até um ambiente de alívio, pelos anos que esteve nos EUA e por ser casado com uma norte-americana, funcionária qualificada da ONU.
3. Mas o tempo foi passando e nada -rigorosamente nada mudou.
Ao contrário: está ocorrendo uma intensificação dos piores momentos da política externa anterior.
Síria é um exemplo e o silêncio de Dilma e seu ministro é ensurdecedor. Um vídeo, divulgado dias atrás, de Lula exaltando Chávez não pode ter sido feito sem que -no mínimo- não incomodasse Dilma. Os atropelos bolivarianos à democracia e à liberdade de expressão são recebidos com normalidade por Dilma e Patriota.
4. O assustador é que Marco Aurélio Garcia, que comandava a coreografia bolivariana e iraniana no governo Lula, esteja agora silente.
O caso do Paraguai mostrou que ele nem precisa dar entrevistas e reverberar. Dilma radicalizou pessoalmente, atropelando os Tratados do Mercosul e convocando Mujica do Uruguai e Cristina da Argentina a excluírem –manu militari- o Paraguai e incluírem –manu militari- a Venezuela.
A seu lado, Patriota defendeu e justificou, para espanto do Itamarati de antigamente.
5. Em depoimento no Congresso, semana passada, Patriota disse com todas as letras que a Venezuela é uma democracia.
No governo Lula a política externa radical era o outro lado da moeda da política interna suave. Isso agradava a militância petista. Mas, agora, a política externa é convergente com política interna, que avança a passos firmes para a radicalização.
6. Num quadro desses, Marco Aurélio Garcia não precisa se desgastar. Afinal, Dilma e Patriota passaram a ser os executores de tudo o que Garcia defendia na política externa. Pode ficar calado, pois tem executores de primeiro nível para defender as políticas que propunha e propõe.
7. Agora, a tríade Dilma, Patriota e Marco Aurélio Garcia comanda, como um naipe de violinos, o bolivarianismo estabelecido.
Tudo em enorme harmonia.
Não há divergência.
Dilma se encarrega de liderar a comissão de frente, com Patriota batendo o bumbo ao lado.
E Garcia, discreto, como carnavalesco desse enredo setentão.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
DILMA, PATRIOTA E MARCO AURÉLIO GARCIA!
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