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sábado, 2 de junho de 2012

LULA E O CAPITÃO SIMONE SIMONINI





É sabido que a arte imita a vida e muitas vezes uma obra literária revela mais do que um tratado

Assim, quem ler O Cemitério de Praga, livro mais recente do notável escritor e pensador, Umberto Eco, sem dúvida fará um paralelo com o que se passa na política brasileira em termos de essência, é claro, e não de cenário histórico com costumes e personagens próprios de uma época


Maria Lucia Victor Barbosa

Nesta obra Umberto Eco conduz o leitor a uma vertiginosa aventura entre intrigas, calúnias, crimes, traições, conspirações.

Destaca-se a sordidez própria das tramas presentes nos jogos do poder, sendo que o personagem principal, capitão Simone Simonini, que conduz o enredo é o velhaco por excelência, o ardiloso falsificador, o traidor que oscila entre facções, o cínico que justifica todos seus atos, o frio calculista, o impiedoso carrasco dos adversários.

Enfim, Simonini, que tem personalidade dupla é um tremendo mau-caráter, um inescrupuloso, um corrupto que se vende e serve a quem lhe pagar mais.

Estas características não parecem familiares aos que me leem?

Não vem à mente determinados tipos que transitam com desenvoltura por nossa ribalta política?

É a selva humana em ação onde prevalece como mostrou Maquiavel, “a força do leão ou a astúcia da raposa”.
Feitas essas observações lancemos um olhar sobre o encontro de Lula e o ministro, Gilmar Mendes, do STF, promovido por Nelson Jobim.

No episódio, apesar dos muitos desmentidos e versões, um todo-poderoso Lula chantageia e lança seu veneno sobre o ministro oferecendo proteção de capo para não envolvê-lo na CPI do Cachoeira, desde que ajude a protelar o temido julgamento do “mensalão”, crime cometido durante seu governo por companheiros, entre eles, José Dirceu.

Nesse caso, o ex-presidente assume sua porção de um fabuloso Simonini.

Ele faz questão de demonstrar que não só dirige a CPI como manipula o STF, pois afirma já ter conversado com outros ministros ou ter meios para convencê-los do que deseja, como seria o caso da ministra Carmem Lúcia a ser influenciada pelo o ex-ministro Sepúlveda Pertence.

Lula é o caso típico de alguém que tendo tido origem humilde tornou-se dono de um imenso poder do qual abusa, que lhe propicia as delícias da burguesia que antes criticava e no qual se agarra com unhas e dentes.

Naturalmente, nem todos que foram pobres e que tiveram o mérito de ascender na escala social agem desse modo.

Exemplo disso, o ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Lula, contudo, não subiu por mérito e sim por sorte, sendo sua escola a sindical onde aprendeu tretas e mutretas dignas do capitão da ficção de Umberto Eco.
Matreiro, Lula é confundido com gênio da política e sua verborragia cheia de impropriedades linguísticas, gafes, palavrões, piadas de mau gosto é saudada como identificação perfeita com o povo.

Ele se move pela lei da desforra do que foi e apesar da arrogância, da fanfarrice, da vaidade desmesurada, no fundo é um recalcado com complexo de inferioridade que precisa constantemente de holofotes, aplausos, premiações, títulos, para se sentir bem.

Compara-se a Jesus Cristo, Tiradentes, Jk e se gaba de ser o melhor presidente que o mundo conheceu, o descobridor do Brasil que antes dele não existia, o salvador dos pobres e oprimidos.

Uma competente propaganda e a tendência humana para acreditar na mentira compõem o mito e o PT faz de sua criação o ser inimputável, intocável, onipotente, onisciente, o pequeno deus que no fundo sabe que tem pés de barro.

No caso do encontro com o ministro, Lula/Simonini, como é de seu feitio negará o que disse, não sabe de nada, não viu nada, nenhuma afronta ao STF foi feita, no que foi secundado pelo anfitrião, Nelson Jobim.

Ao mesmo tempo, a rede de intrigas e versões entrou em ação e nisto pelo menos nisso o PT é competente.

O errado é o ministro que ao se defender ficou mal visto. Pior, ficou sozinho.

Enquanto Lula foi homenageado pela presidente Rousseff, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, junto com seus pares declarou que o problema de Gilmar Mendes é pessoal.

O ministro Marco Aurélio Mello afirmou que é legitimo Lula opinar sobre o julgamento do mensalão, do qual, aliás, o ex-presidente foi avisado em 2005 por Marcondes Perillo, hoje na fogueira da CPI.

E o próprio José Dirceu andou dizendo que não fazia nada sem que Lula soubesse.

Em todo caso, as coisas vão bem para Lula, “mensaleiros” e companheiros da cúpula petista.

A tal CPI é uma farsa que desmoraliza ainda mais o Legislativo.

O Judiciário foi conspurcado em sua mais alta corte sem ninguém reclamar.

Sobra a hipertrofia do Executivo que se prepara para a volta, em 2014, do capitão Simonini, quer dizer, de Lula e de seus companheiros.

E ainda se acredita que vivemos em plena democracia.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.





01/06/2012

1 comentários:

To Fora disse...

Muito bom este texto.
Mas citar Juscelino Kubitschek de Oliveira como exemplo?
O cara foi um ladrão.
Tirava títulos de proprietário apocrifos.
Dentre outras coisas.
Deveria ter sido preso, não idolatrado.
Isto sem contar, o "sonho" de fazer Brasília, junto com a múmia, o Oscar, outro sem vergonha.
Pobre Brasil.