Uma visita a Lewandowski…
por Cristiana Lôbo Todas
A preocupação de Lula com o julgamento do caso do Mensalão, conhecida de todos no mundo político, aumentou com a chegada de 2012 – ano do julgamento e, ainda, coincidindo com as eleições municipais nas quais o PT deposita grandes esperanças de crescer, particularmente, em São Paulo, antigo território adversário.
Foi a partir daí que ele incluiu o assunto em sua agenda prioritária do ano.
Fiel a seu estilo de falar muito e revelar seus passos políticos, mesmo aqueles que exigem maior discrição, Lula contou o desejo de visitar o ministro Ricardo Lewandowiski, ministro-revisor do relatório do Mensalão, um amigo de sua família.
E assim fez.
No começo do ano, acompanhado do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, ele foi à casa de Lewandowski e, conversa-vai-conversa-vem, chegou ao assunto: quando será julgado o mensalão?
Sua preocupação central…
Depois dessa conversa Lula passou a explicitar aos amigos políticos grande preocupação com a dificuldade de se deixar o julgamento para o ano que vem.
Ele diz abertamente que considera inconveniente o julgamento do caso este ano.
Com elogios à casa de Lewandowski, num condomínimo chique de São Bernardo, Lula relatou a um aliado a pressão que o ministro vem sofrendo para apresentar logo o seu voto-revisor.
E mais: o temor de que essa pressão de opinião pública possa afetar o conjunto do julgamento.
Este é Lula.
Por bravata ou relatando a realidade, ele conta a amigos os seus passos, até mesmo uns que deveriam ser inconfessáveis, como uma visita a um ministro do Supremo Tribunal Federal no ano do julgamento mais importante para sua história política – o caso que marcou negativamente o seu primeiro mandato.
Lewandowski ensaiou negar a conversa com Lula.
Mas, diante dos detalhes da conversa – a companhia do prefeito e os elogios à casa – ele sorriu e disse: “ele é amigo da família”.
De fato, a mulher de Lula, Marisa Letícia, foi amiga da mãe do ministro, falecida ano passado.
29/05/12
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