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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A imagem desconstruída de Lula



LULA NA PLANÍCIE:
DESINTEGRA O MITO!

1. Em janeiro, Cesar Maia escreveu um artigo para a Folha de SP onde tratava de um tipo especial de liderança mítica.

Seguem alguns trechos: "Governar é fazer crer", dizia Maquiavel.

As lideranças míticas, sejam políticas, sociais ou religiosas, se afirmam por dois caminhos distintos.

De um lado, os líderes cuja autoridade se afirma como guias de seus povos pelas ideias que defendem. Eles as executarão.

Outras lideranças legitimam a sua autoridade pela ausência. Representam divindades. O que os legitima está ausente deles, está em outro plano como o Padre Cícero.

 

A autoridade legitimada pela ausência não é restrita à esfera religiosa.

2. Em alguns deles, a própria nação é uma divindade.
Agitam com símbolos milenares, cenografia e coreografia relativas. Representam essa divindade-nação ausente. Hitler (a raça germânica superior) é um caso.

Mas há um tipo de liderança mítica que se parece com a do tipo guia dos povos.

Apenas se parece.

Na verdade, legitima-se também pela ausência.

O Povo, em abstrato, passa a ser uma divindade.

Um Povo amalgamado, que incorpora todos os valores de fé, justiça e de esperança.

É o caso de Lula.

Aliás..., era.


3. Lula, como presidente, exercia esse tipo de liderança.

Era o Presidente-Povo que recebia todos e que resolvia tudo.

No PT, nunca se envolveu na máquina.

Era presidente de honra.

Agora, Lula resolveu fazer política na planície.

Antes, quando procurado por políticos, tirava o talão de cheque-orçamentário e dava uma ordem.

Agora tem que dizer:

Vou falar com a Dilma, vou falar com o ministro X...

Não tem mais a varinha mágica.

Um deputado disse outro dia: Se é para falar com a Dilma, mais fácil eu fazer diretamente, que a pressão é maior e ele (Lula) terá que levar, se levar, centenas de pedidos.


4. Assim, Lula se iguala aos demais nos assuntos do cotidiano político.

Faz palestras.

Vai para a imprensa falar abobrinhas.

Faz reuniões políticas.

Quer participar na planície, nas eleições municipais.

Sua autoridade mítica -antes legitimada na ausência (o Deus-Povo)- agora quer se legitimar na presença, como um guia do povo com ideias e opiniões.

Mudou e não sabe disso.

Ilude-se pensando que sua popularidade estava alicerçada no governo que fez.

Ilusão, pois estava legitimada pelo mito que desenvolveu.


5. A imprensa, ao diferenciá-lo de Dilma pelo estilo, reforça essa percepção que ele está na planície.

E o fracasso político de Dilma é prova disso.

Ela fazia parte dos milagres de Lula, agora desmistificado.

A cada dia mais, todos vão sabendo que Lula é mais um político "mortal".

Uma leitura de Jacques Seguelá, publicitário de Mitterrand ('Em nome de Deus'), ajudaria a seus assessores a compreenderem melhor a imagem desconstruída de Lula.

Em apenas 8 meses.


Cesar Maia


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