Na semana que se encerra não foi fácil analisar a conjuntura nacional. Lá fora, a crise econômica é uma realidade, determinando alerta e precaução no âmbito interno.
Dentro do pais, sucedem-se as denúncias sobre corrupção.
Veja publica matéria de capa sobre o enriquecimento do Ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
E na Carta ao Leitor apresenta um texto intitulado toda a força à presidente, falando da determinação de Dilma em combater as irregularidades.
Horas depois da publicação, Dilma reafirmou seu apoio a Wagner Rossi, depois de tudo o que foi divulgado a seu respeito.
No Senado, Cristovao Buarque, Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos e outros pretendem criar uma frente de apoio a Dilma, na sua “luta contra a corrupção”.
Essas manifestações de apoio revelam que Dilma pode escolher um lado ou outro, sua base de apoio, ou a simpatia da imprensa mais um grupo minoritário no Congresso.
Para onde vai pender? Wagner Rossi é homem de Michel Temer que, por sua vez, pode representar o elo de Dilma com sua base de apoio, mais precisamente o PMDB.
O fim de semana foi marcado também por uma entrevista de Ideli Salvatti, afirmando que repudiava o movimento de deputados e senadores da base, que se recusaram a votar para dar um recado a Dilma. E que ia liberar R$1 bilhão em emendas. Por via das dúvidas
Tudo isso expressa o processo contraditório em que se meteu o governo com as primeiras denúncias de corrupção. Ele hesita entre surfar na onda moralizadora e estreitar seus vínculos com a base aliada.
Naturalmente, o governo não vê essa contradição como a exponho aqui. Vai tentar as duas coisas: manter a base aliada e combater a corrupção, pelo menos na aparência.
O caso de Rossi é emblemático. Dilma não quer hostilizar seu vice e desmanchar o casamento idealizado naquele bolo de aniversário da coligação, no qual ela e Temer aparecem como os noivos.
A oposição vai pedir coerência, alguns vão chamar de farsa o processo de moralização.
Acontece que é um nó difícil de desatar. Era preciso ganhar as eleições com uma proposta clara de um novo tipo de coalizão, sem loteamento de cargos entre partidos. O que não significa ausência dos políticos ou discriminação contra eles.
Dilma foi eleita de um jeito e para mudar as coisas teria também de mudar de base. O modelo que está aí permite que os políticos voltem as costas para a sociedade e se comportem como uma entidade autônoma, com suas próprias leis e padrão moral.
Só que esse modelo venceu as eleições e, possivelmente, vencerá muitas outras em escala regional.
É mas fácil cobrar dos eleitos com um discurso de mudança do que cobrar a mudança de quem foi escolhido para a continuidade.
Em outras palavras, dificilmente, a contradição será vencida sem participação popular.
14.agosto.2011
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