Hélvio Romero/AE
Há alguns anos, seria quase impossível juntar Lula a Collor e Sarney em uma mesma frase. Nada tinham em comum. Agora, por um punhado de votos, estão no mesmo projeto político. Adivinha quem perdeu?
Otávio Cabral
O PASSADO É PARA SER ESQUECIDO
Lula abraça Collor, seu rival na eleição de 1989, durante evento em Alagoas:
"Quero fazer justiça ao senador Collor, que tem dado sustentação ao trabalho do governo no Senado"
Lula está com Fernando Collor e não abre. Para seu passado e para as pessoas que o seguiram com admiração na gloriosa trajetória da liderança sindical até o posto mais alto da hierarquia política do país, a Presidência da República, ele manda "aquele abraço".
Os ingleses têm um ditado memorável e adequado a momentos parecidos com esse:
"Politics make strange bed-fellows", que se traduz livremente por algo como "a política forma os mais estranhos casais".
Mas que casal formam Lula e Collor?
Um estranho casal. Lembra um pouco a distinção que o traidor do livro O Fator Humano, do grande romancista inglês Graham Greene, fazia entre o comunismo e o capitalismo.
Ele justificava seu trabalho de espionagem em favor da União Soviética com a explicação de que "os pecados do comunismo pertencem ao passado, enquanto os do capitalismo ao presente".
Levado ao impeachment em 1992 por corrupção, Collor é o cônjuge cujos pecados pertencem ao passado.
Os de Lula são do presente: a vista grossa e a legitimação (dada por sua enorme popularidade) da fisiologia, da corrupção e do coronelismo na política brasileira.
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