Desabafo de um coração petista
De Malu Gaspar no blog Esquerda, direita e centro, do portal da revista EXAME:
A revelação de que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não é doutora, como afirmava a página do ministério na internet e também o sistema de currículo Lattes, reanimou antigas mágoas no coração do petismo.
Em resposta ao email de um amigo, que se dizia frustrado com as revelações, o ex-diretor de gás e energia da Petrobras, Ildo Sauer, que também é petista e hoje dá aulas na Universidade de São Paulo, enviou a um grupo seleto um email contando o seguinte episódio:
"Em fins de 2002, todos os membros do grupo de energia (dirigido pelo Lula) do Instituto Cidadania, foram solicitados a entregar o currículo. No dela (Dilma) constava o título de Doutor. Como ela tinha manifestado interesse em estudar os assuntos de regulação, perguntei:
- Você tem o Doutorado?
- Sim.
-Então vou te convidar para participar da banca de doutorado da Sonia Seger Pereira Mercedes, que analisa comparativamente, desde o Império até 2002, a estrutura e regulação das industrias de energia elétrica e saneamento, discutindo os impactos dos ajustes liberais dos anos 90. Você vai ter a chance de se atualizar e contribuir...
Resposta:
- Não tenho tempo para essas coisas...
Me senti constrangido. Afinal "estas coisas" para as quais ela não tinha sequer tempo, eram o foco principal da vida profissional e vocação de muitos de nós, e, com certo sentimento de orgulho...
Hoje compreendo.
O desprezo e o desdém eram ferramenta para encobrir a impostura.
Há outras.
Abraço, Ildo".
Liguei para Ildo Sauer para checar a veracidade do email. Ele confirmou, mas disse que estava apenas querendo consolar um amigo, e que a mensagem não deveria ter vazado. Mas também reafirmou a antiga rivalidade com a ministra.
Para quem não se lembra, Ildo Sauer saiu da Petrobras por causa de suas constantes divergências com Dilma Roussef , que queria substituí-lo por Graça Foster, na época a presidente da BR Distribuidora.
Na gestão de Sauer, a Petrobras viveu a crise do gás com Bolívia de Evo Morales, a discussão sobre uma nova regulamentação para a comercialização do gás no Brasil e iniciou as tratativas para a criação de terminais de gás liquefeito.
De temperamento tão difícil quanto a ministra, ele foi também um dos grandes defensores do gasoduto ligando o Brasil a Venezuela, que acabou aposentado quando Graça Foster finalmente assumiu.
"Nunca tive simpatia pela maneira como ela trata as pessoas.
Ela não conversa, só dá ordens.
Mas, com quem está acima dela, é um doce", diz Ildo.
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