Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

domingo, 16 de novembro de 2008

Le Livre Noir

LIVRO NEGRO DO COMUNISMO
prof. RIVADAVIA ROSA



O Le Livre Noir

O Livro Negro foi exumado meio século após sua proibição pelo poder stalinista (publicado na França em 1997 sob o título Le Livre noir du communisme e no Brasil em 1999 – sob o título O Livro Negro do Comunismo – crimes, terror e repressão, Rio, Ed. Bertrand Brasil). Os escritores/historiadores Ilya Ehrenburg, Vassili Grossman (teve a mãe morta no gueto de Berditchev) e outros, alguns participantes do sistema comunista quer da ortodoxia leninista-stalinista, quer de versões dissidentes como trotskistas e maoístas – fazem um relato dos sobreviventes da maior tragédia provocada pela ação (des) humana, em depoimentos de judeus letões, ucranianos, lituanos e russos, vítimas reais dos crimes do ‘socialismo real’; menciona sem intenção de comparação os crimes do nazi-fascismo; descreve o calvário, a violência, o saque, assassinatos e a fúria exterminadora sofrida por milhões de pessoas. A expressão "livro negro" cujo significado preciso é: o crime em massa (assassinato em massa de homens, mulheres e crianças), cuja cifra atingiu cerca de 100 milhões de pessoas (no Holocausto foram mortos de 5 a 6 milhões de judeus, com as demais pessoas soma cerca de 25 milhões) ou seja, os crimes dos socialistas/comunistas atingiram um terço da espécie humana em quatro continentes.

COM EFEITO, A 'memória do terror' mantinha permanente e eficaz ameaça de eliminação física. Assim funcionou a 'experiência comunista real' na China do 'Grande Timoneiro' Mao Tse Tung (Mão Zedong), Coréia de Kim II Sung, Vietnã do 'gentil Tio Ho', Camboja de Pol Pot e seus khemers vermelhos ,Cuba de Fidel Castro (e do ‘apóstolo/discípulo’ ERNESTO Che Quevara), Etiópia de Mengistu, Angola de AGOSTINHO Neto, Afeganistão de Najibullah, Laos, Rússia e Europa do Leste pelos 'missionários do socialismo real' (Lênin, Stálin, Trotski ...).
ONDE O SOCIALISMO/COMUNISTO foi imposto, dissimulado em ‘república democrática popular’ - as 'estruturas jurídicas' foram suspensas (direitos fundamentais e humanos), movida pelo permanente estado de exceção, para justificar a barbárie; não simples barbárie atávica, mas a barbárie cruel, sanguinária, demoníaca e de forma organizada, sistemática contra todos os valores espirituais, culturais, racionais e morais.

Além disso, Moscou, China e Havana financiaram a subversão através dos partidos comunistas comandados por Moscou, no mundo todo, inclusive no Brasil. É o Estado e o partido, a serviço de políticas e práticas criminosas, em nome de uma política de hegemonia ideológica, do messianismo socialista, cuja doutrina, fundamento lógico e necessário do sistema ‘autojustificou’ o massacre dezenas de milhões de inocentes sem que nenhum delito possa lhes ser atribuído, a menos que se reconheça que era criminoso ser nobre, burguês, kulak (camponês russo), ucraniano, ou mesmo trabalhador ou ..., homens e mulheres honestos, ‘devotados ao Partido, à Revolução, à causa leninista da edificação do socialismo e do comunismo’.

É DE SE REITERAR À EXAUSTÃO - os crimes de Lênin e Stálin foram aplaudidos pelos comunistas do mundo inteiro (nos anos 20 a 50 do século XX). Muitos ainda por cegueira/perversidade ideológica, dizem não acreditar no ‘relatório secreto’ de Nikita Kruschev, primeiro-secretário, lido no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 24 de fevereiro de 1956 em que reconhece oficialmente os crimes do regime sob Stálin cometidos contra pessoas inocentes – ou seja na tragédia do comunismo russo), assim como do “Grande Timoneiro” (anos 50-70), em que os ‘erros’ de MAO somente foram admitidos pelo Partido Comunista chinês em 1979; os de Pol Pot quando de sua condenação por genocídio; Fidel Castro, ainda no poder continua negando as atrocidades cometidas na Ilha Cárcere de Cuba e, assim ou justamente por isso é objeto de amor e adoração por segmentos esquerdizóides brasileiros e latino americanos, alguns chegando até a prantos histéricos em sua presença.

NÃO OBSTANTE, A barbárie comunista (1914-1991) – volta a ‘rondar o rincão latino americano’, após ‘lavagem cerebral’ gramsciana (Antonio Gramsci) que satanizou qualquer idéia que não tenha o DNA esquerdista – pelos devotos que descaradamente - tentam 'ressuscitá-la', imputando ao mesmo tempo aos que eles denominam de direita todos os 'males do mundo'.

NO BRASIL – em que a implantação do ‘sistema’ foi tentada por duas vezes (em 1935 (Intentona Comunista – sob o comando de MOSCOU e em 1964 (sob as ordens de MOSCOU-HAVANA) em sua novíssima reconfiguração instrumentalizada pelo famigerado Foro de São Paulo - a repressão metódica e o crime de massa aos dissidentes (por falta das ‘condições objetivas’) – é substituída pela 'corrupção sistêmica' e o maior saque ao erário público do Estado Brasileiro, cuja conseqüência indireta são os baixos índices de investimentos, o crescimento pífio, o desemprego, a violência e a criminalidade em níveis anômicos, a degradação das instituições, dos costumes, dos valores, princípios ....


‘BREVE GLOSSÁRIO:


RECRUDESCIMENTO – se dá lamentavelmente - pela inércia e até pela colaboração (in) consciente dos segmentos político-econômicos capitalistas, alguns até simpatizantes pela sedução do canto da utopia igualitária, do ‘mundo melhor’ – que não passa de uma ‘sociedade ideal’ preconizada desde Platão (A República), que redundou no marxismo-leninismo como filosofia pós-hegeliana metamorfoseada em ideologia totalitária.

CRIME CONTRA A HUMANIDADE: “a deportação, a escravidão, ou a prática maciça e sistemática de execuções sumárias, de seqïestro de pessoas seguido de sua desaparição, da tortura ou de atos inumanos, inspirados por motivos políticos, filosóficos, raciais ou religiosos, e organizados em execução de um plano concertado que atinja um grupo da população civil”. Código Penal francês de 23 de julho de 1993.

domínio total, sem medida de comparação histórica senão pelo processo novilingüístico (George Orwell, 1984): de um lado, a encenação do espetáculo virtual da ‘boa democracia’, dotada de uma Constituição, de um Parlamento e demais poderes da República, porém, sustentado por toda sorte de movimentos 'sociais', ONGs, para facilitar o desvio dos recursos públicos, como 'exército marginal da reserva', para promover invasões, esbulhos, terrorismo político, assim como organismos burocráticos de todo tipo, sindicais e associativos, que simulam a racionalidade e a 'defesa da democracia e da Constituição'; a eficácia onde reina a negligência econômica; a sociabilidade, onde predominam a suspeita generalizada e o medo da denúncia; a liberdade, onde prevalece a arregimentação, o histrionismo símio, a demagogia, o neopopulismo, o arbítrio, a repressão e toda sorte de mistificação e fraude e, claro tudo isso com muita propaganda, apoio da mídia e dos intelectuais ‘orgânicos.
GENOCÍDIO: “é compreendido como um dos atos infracitados, cometidos na intenção de destruir, todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) mortes de membros do grupo; b) atentado grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submissão intencional do grupo às condições de existência que acarretem sua destruição física, total ou parcial; d) medidas que visem a impedir nascimentos no seio do grupo; e) transferências forçadas de crianças do grupo a um outro grupo.” Convenção das Nações Unidas de 1948.
- “O fato, a execução de um plano concertado que tenda à destruição total ou parcial de um grupo nacional, étnico racial ou religioso, ou de um grupo determinado a partir de qualquer outro critério arbitrário” (grifo nosso). Código Penal francês.
NOVILÍNGUA (perversão da linguagem): sistema dos campos de concentração – reeducação; carrascos – educadores aplicados em transformar os homens de uma sociedade antiga em “homens novos”; prisioneiros dos campos de concentração – zeks; na China – o interno do campo de concentração – estudante (ele deve estudar o pensamento justo do partido e reformar o seu próprio pensamento imperfeito).
MÉTODO LENINISTA: violência, crimes, terror.
Modus operandi do comunismo-socialismo – acometido pela síndrome da psicopatologia esquizofrênica e criminosa – seus devotos - assaltam, roubam, matam, mentem descaradamente, apóiam os ditadores sanguinários esquerdistas, sob a alegação de que realizam sua ‘missão histórica’ e, quando pegos em flagrante, dissimulam cinicamente, inventam ‘conspirações’ contra a democracia, seja para fingir que a defendem seja para demonstrar ao mundo os perigos que ela correria sem a ‘proteção’ deles, muito embora sejam os verdadeiros inimigos da democracia ao promoverem o caos e a anarquia.
experimento socialista – regressão totalitária, dissimulada e apoiada na ‘democracia’ com o propósito de alterar a natureza humana (‘criar’ um homem novo/nuevo) – em que obviamente prevalecem o cinismo e o desrespeito a todos os valores e princípios.
poder popular – Nas Revoluções Russa, Chinesa e Cubana – o sujeito social foi o operário (classe trabalhadora), mas na prática – em todos os experimentos das famigeradas democracias populares – foi uma ficção. Todo o poder é concentrado no executivo de plantão, eleito sempre pela maioria, eliminando-se toda forma de intermediação política entre o cidadão e o poder pela entrada em cena do partido único. O regime soviético nunca teve uma participação popular. Os SOVIETS eram conselhos de operários, camponeses e soldados que surgiram espontaneamente na Revolução em 1905; num determinado momento em 1917 - a luta política concentrou-se entre os bolcheviques (com leve maioria) e os outros partidos revolucionários – mencheviques e anarquista. Os SOVIETS mais importantes eram os operários ainda que como ‘bucha de canhão’ para os estampidos revolucionários, principalmente os SOVIETS constituídos pelos camponeses em armas - ou seja – os soldados. De forma que a principal conquista dos bolcheviques não foram as fábricas para os operários ou terra para os camponeses, mas a paz eterna. Os SOVIETS que eram a emanação do poder popular, foram cooptados pelos bolcheviques. Estes tomam o poder, eliminam a Assembléia Constituinte eleita democraticamente e se impõem com o lema – TODO O PODER PARA OS SOVIETS . Nas assembléias manipuladas pelos bolcheviques – eles confiscam o poder popular, de sorte que os SOVIETS oriundos das bases, logo caem em mãos de uma organização militar, característica que diferencia os BOLCHEVIQUES dos demais partidos. Os demais partidos revolucionários são eliminados pelos BOLCHEVIQUES, ainda que os anarquistas tenha resistido em armas, durante um bom tempo, contra o regime. O poder popular – enfim, é expropriado/confiscado. Na URSS confiscou-se o poder popular, primeiro pelo COMITÊ CENTRAL, depois pelo POLITBURO e finalmente ... , pelas mãos limpas de Iossif Vissirianovitch Djugatchvili Stalin (Joseph Stalin 1879-1953).
princípio da corrupção sistêmica instituídos por seus profetas: “Quem luta pelo comunismo tem de poder lutar e não lutar; dizer a verdade e não dizer a verdade; manter a palavra e não cumprir a palavra, etc., etc., etc". Bertolt Brecht a seus camaradas em Die Massnahme; ''O fim pode justificar os meios enquanto houver algo que justifique o fim''. Leon Davidovich Bronstein (Trotsky). “É moral tudo o que serve para destruir a velha sociedade exploradora para unir todos os trabalhadores em torno ao proletariado que está criando uma nova sociedade comunista”, e, complementa lapidarmente - “O melhor é corromper! O melhor é corromper!”. Wladmir Illich Ulianov Lênin (1870-1924), Colected Works (1923), XVI, p. 142-145.
Sistema Comunista Mundial, assim denominado em 1984 por Annie Kriegel era composto por vários círculos concêntricos. No centro – origem – reinavam o Partido-Estado soviético e seu regime totalitário: o partido único, a ideologia obrigatória, o controle absoluto da mídia e do ensino, o monopólio dos meios de produção e de distribuição, o terror ou a sua ameaça permanente, o duplo fechamento do país tanto para os estrangeiros que desejassem entrar, quanto para os nacionais que aspiravam sair.
SAIBA MAIS também no livro Cortar o mal pela raiz! História e memória do comunismo na Europa, de STÉPHANE COURTOIS (continuação do Livro negro do comunismo).
Abs RR

O LIVRO NEGRO DO COMUNISMO - Roberto Campos
"Le livre noir du communismè". (Edições Robert Laffont. Paris, 1997), escrito por seis historiadores europeus, com acesso a arquivos soviéticos recém-abertos, é uma espécie de enciclopédia da violência do comunismo. O chamado "socialismo real" foi uma tragédia de dimensões planetárias, superior em abrangência e intensidade ao seu êmulo totalitário do entreguerra - o nazi-fascismo.
Ao contrário da repressão episódica e acidental das ditaduras latino-americanas, a violência comunista se tornou um instrumento político-ideológico, fazendo parte da rotina de governo. Essa sistematização do terror não é rara na História humana, tendo repontado na revolução francesa do século XVIII na fase violenta do jacobinismo, na "industrialização do extermínio judaico" pelos nazistas, e - confesso-o com pudor - na Inquisição Católica, que durante séculos queimava os corpos para purificar as almas.
O "Livre noir" me veio às mãos num momento oportuno em que, reaberto na mídia e no Congresso o debate sobre a violência de nossos "anos de chumbo" nas décadas de 60 e 70, me pusera a reler o "Brasil, nunca mais", editado em 1985 pela arquidiocese de São Paulo. Comparados os dois verifica-se que o Brasil não ultrapassou o abecedário da violência, palco que foi de um miniconflito da Guerra Fria, enquanto que o "Livre noir" é um tratado ecumênico sobre as depravações ínsitas do comunismo, este sem dúvida o experimento mais sangrento de toda a História humana. Produziu quase cem milhões de vítimas, em vários continentes, raças e culturas, indicando que a violência comunista não foi mera aberração da psique eslava, mas sim algo diabolicamente inerente à engenharia social marxista, que, querendo reformar o homem pela força, transforma os dissidentes primeiro em inimigos e depois em vítimas.
A aritmética macabra do comunismo assim se classifica por ordem de grandeza - China (65 milhões de mortos); União Soviética (20 milhões); Coréia do Norte (dois milhões); Camboja (dois milhões); África (1,7 milhão, distribuídos entre Etiópia, Angola e Moçambique); Afeganistão (1,5 milhão); Vietnam (um milhão); Leste da Europa (um milhão); América Latina (150 mil entre Cuba, Nicarágua e Peru); Movimento Comunista Internacional e partidos comunistas no poder (dez mil).
O comunismo fabricou três dos maiores carniceiros da espécie humana - Lenin, Stalin e Mao-Tsé-Tung. Lenin foi o iniciador do terror soviético. Enquanto os czares russos em quase um século - 1825 a 1917 - executaram 3.747 pessoas, Lenin superou esse recorde em apenas quatro meses após a revolução de outubro de 1917.
Alguns líderes do Terceiro Mundo figuram com distinção nessa galeria de assassinos. Em termos de percentagem da população, o campeão absoluto foi Pol Pot, que exterminou em 3,5 anos um quarto da população do Camboja. Fidel Castro, por sua vez, é o campeão absoluto da "exclusão social", pois que 2,2 milhões de pessoas, equivalentes a 20% da população da ilha tiveram que fugir. Juntamente com o Vietnam, Fidel criou uma nova espécie de refugiados, os "boat people" - ou sejam, os "balseros", milhares dos quais naufragaram engordando os tubarões do Caribe.
A vasta maioria dos países comunistas é culpada dos três crimes definidos no artigo 6º do Estatuto de Nuremberg - crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a Humanidade.
A discussão brasileira sobre, os nossos "anos de chumbo" raramente situa as coisas no contexto internacional da Guerra Fria, a qual alcançou seu apogeu nos anos 60 e 70, provocando um "refluxo autoritário" no Terceiro Mundo.
Houve intervenções militares no Brasil e na Bolívia em 1964, na Argentina em 1966, no Peru em 1968, no Equador em 1972, e no Uruguai em 1973. Fenômeno idêntico ocorreu em outros continentes. Os militares coreanos subiram ao Governo em 1961 e adquiriram poderes ditatoriais em 1973. Houve golpes militares na Indonésia em 1965, na Grécia em 1967, e, nesse mesmo ano, o presidente Marcos impunha a lei marcial nas Filipinas e Indira Gandhi declaravam um "regime de emergência". Em Taiwan e Cingapura houve autoritarismo civil sob um partido dominante.
O grande mérito dos regimes democráticos é preservar os direitos humanos, estigmatizando qualquer iniciativa de violá-los. Mas por lamentáveis que sejam as violências e torturas denunciadas no "Brasil, nunca mais", elas empalidecem perto das brutalidades do comunismo cubano, minudenciadas no "Livre noir". Comparados ao carniceiro profissional do Caribe, os militares brasileiros parecem escoteiros destreinados apartando um conflito de subúrbio... Enquanto Fidel fuzilou entre 15 e 17 mil pessoas (sendo dez mil só na década dos 60), o número de mortos e desaparecidos no Brasil, entre 1964 e 1979, a julgar pelos pedidos de indenização, seria em torno de 288 segundo a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e de 224 casos comprovados, segundo a Comissão de Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça. O Brasil perde de longe nessa aritmética macabra.
Mao foi responsável pela morte de 70 milhões de chineses. Ele foi totalmente imoral.
Os jovens chineses acreditam que Mao foi um grande herói que cometeu alguns erros ... Alguns aspectos da ditadura continuam em voga A liberdade de expressão é um deles. A internet é hoje controlada. Eles têm uma lista de nomes que são bloqueados.
Mao sabia a importância da informação.
Jung Chang - Autora do "best-seller": Mao - A história desconhecida (Estado de Minas / 22.nov.06)

Em 1978, quando em nosso Congresso já se discutia da "Lei da Anistia", havia em Cuba entre 15 e 20 mil prisioneiros políticos, número que declinou para cerca de 12 mil em 1986. No ano passado, 38 anos depois da Revolução de Sierra Maestra, ainda havia, segundo a Anistia Internacional, entre 980 e 2.500 prisioneiros políticos na ilha. Em matéria de prisões e torturas, a tecnologia cubana era altamente sofisticada, havendo "ratoneras", "gavetas" e "tostadoras". Registre-se um traço de inventividade tecnológica - a tortura "merdácea", pela imersão de prisioneiros na merda.
Não houve prisões brasileiras comparáveis à La Cabaña (onde ainda em 1982 houve cem fuzilamentos), Boniato, Kilo 5,5 ou Pinar Del Rio. Com estranha incongruência, artistas e intelectuais e políticos que denunciam a tortura brasileira visitam Cuba e chegam mesmo a tecer homenagens líricas a Fidel e a seu algoz adjunto Che Guevara. Este, como procurador-geral, foi comandante da prisão La Cabaña, onde nos primeiros meses da revolução ocorreram 120 fuzilamentos (dos 550 confessados por Fidel Castro), inclusive a execução de Jesus Carreras, guerrilheiros contra a ditadura Batista, e de Sori Marin, ex-ministro da Agricultura de Fidel. Note-se que Che foi o inventor dos "campos de trabalho coletivo", na península de Guanaha, versão cubana dos "gulags soviéticos" e dos "campos de reeducação" do Vietnam.
A repressão comunista tem características particularmente selvagens. A responsabilidade é "coletiva", atingindo não apenas as pessoas, mas as famílias. É habitual o recurso a trabalhos forçados, em campos de concentração. Não há separação carcerária, ou mesmo judicial, entre criminosos comuns e políticos. Em Cuba, criou-se um instituto original, o da "periculosidade pré-delitual", podendo a pessoa ser presa por mera suspeita das autoridades, independentemente de fatos ou ações.
Causa-me infinda perplexidade, na mídia internacional e em nosso discurso político local, a "angelização" de Fidel e Guevara e a "satanização" de Pinochet. Isto só pode resultar de ignorância factual ou de safadeza ideológica. Pinochet foi ditador por 17 anos; Fidel está no poder há 39 anos. Pinochet promoveu a abertura econômica e iniciou a redemocratização do país, retirando-se após derrotado em plebiscito e eleições democráticas, como senador vitalício (solução que se imitada em Cuba facilitaria o fim do embargo). Fidel considera uma obscenidade a alternância no poder, preferindo submeter a nação cubana à miséria e à fome, para se manter ditador. Pinochet deixou a economia chilena numa trajetória de crescimento sustentado de 6,5% ao ano. Antes de Fidel, a economia cubana era a terceira em renda por habitante entre os latino-americanos, e hoje caiu ao nível do Haiti e da Bolívia. O Chile exporta capitais, enquanto que Fidel foi um pensionista da União Soviética e agora, para arranjar divisas, conta com remessas de exilados, e receita de turismo e prostituição. Em termos de violência, o número de mortos e desaparecidos no Chile foi estimado em três mil, enquanto que Fidel fuzilou 17 mil!
Apesar de fronteiras terrestres porosas, o Chile, com população comparável a Cuba e sem os tubarões do Caribe, sofreu em êxodo de apenas de apenas 30 mil chilenos, hoje em grande parte retornados. Sob Fidel, 20% da população da ilha, ou seja, algo que nas dimensões brasileiras seria comparável à Grande São Paulo, tiveram que fugir. Em suma, Pinochet submeteu-se à democracia e tem bom senso em economia. Fidel é um PhD em tirania e um analfabeto em economia.
O "Livre noir" nos dá uma idéia da bestialidade de que escapamos se triunfassem os radicais de esquerda. Lembremo-nos que, em 1963, Luiz Carlos Prestes declarava desinibidamente que "nós os comunistas já estamos no Governo mas não ainda no poder". Parece-me ingenuidade histórica imaginar que, na ausência da Revolução de 1964, o Brasil manteria, apenas com alguns tropeços, sua normalidade democrática. A verdade é que Jango Goulart não planejara minimamente sua sucessão, gerando suspeitas de continuísmo. E estava exposto a ventos de radicalização de duas origens: a radicalização sindical, que levaria à hiperinflação; e a radicalização ideológica, pregada por Brizola e Arraes, que podia resultar em guerra civil.
É sumamente melancólico - porém não irrealista - admitir-se que no albor dos anos 60 este grande país não tinha senão duas miseráveis opções: "anos de chumbo" ou "rios de sangue"...

Roberto Campos

O Autor é deputado federal pelo PPB-RJ
Transcrito da Folha de São Paulo de 19.04.98 e da REVISTA DO CLUBE MILITAR - Maio/1998

0 comentários: