Brasil Telecom firmou contratos de R$ 150 milhões com agências do empresário antes do escândalo do mensalão
As transações, realizadas pouco antes de eclodir o escândalo do mensalão, assim como diversas outras anteriores, foram subscritas por Carla Cicco, então presidente da operadora de telefonia.
Carla assinou os contratos com as agências de Valério sem a anuência da diretoria de marketing da empresa e sem processo licitatório, contra as diretrizes da BrT.
Segundo depoimento do diretor da operadora à época, Luciano José Porto Fernandes, "possivelmente quem tenha indicado a contratação (das agências DNA e SMP&B) para Carla Cicco tenha sido Humberto Braz (considerado pela PF braço direito de Dantas, acusado de corromper o delegado federal Vitor Hugo Rodrigues a mando do banqueiro)".
À PF, Fernandes corrobora as informações obtidas pelos agentes e conclui que "a contratação das empresas SMP&B e DNA fugiram à rotina normal de contratações da empresa".
Ricardo Antonio Couto, ex-diretor executivo de marketing da operadora de telefonia, amparou as declarações de Fernandes à PF, ao afirmar que de seis relatórios referentes a contratos com as agências de Valério, "um ou dois" tinham qualidade razoável e "outros quatro tinham conteúdo técnico de baixa qualidade".
Segundo o novo relatório dos federais, os novos gestores da operadora informaram ainda, após a saída de Carla Cicco da BrT, em representação à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que o serviços da DNA e SMP&B ficaram "muito aquém do razoável, não fazendo jus aos significativos valores que por eles foram pagos".
Para salientar a importância da relação entre o Opportunity e as agências de Marcos Valério, o novo relatório traz ainda trecho do documento final da CPI dos Correios, que conclui que tais contratos "abasteceram as contas de Marcos Valério desde, pelo menos o ano de 2000, até a eclosão do escândalo (mensalão) que ora é investigado".
A representação da BrT à CVM, anexada ao novo relatório, traz ainda uma suposta funcionária, que teria gasto mais de R$ 2,2 milhões da operadora, sob indicação de Carla Cicco, sem produzir um único relatório.
Segundo a PF, Roberta Fisher, contratada pela BrT em maio de 2003 como conselheira de business opportunity, não é nome conhecido entre os executivo das empresas e prestava serviços diretamente à presidência.
Para os federais, ou a gestão Opportunity levou embora os registros de Roberta, ou ela "nunca prestou serviços à Brasil Telecom, apesar de ter sido muito bem remunerada pela empresa".
Por Fausto Macedo, no Estadão On Line
0 comentários:
Postar um comentário