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domingo, 16 de novembro de 2008

ENTREVISTA - Patricia Andrade ( 2007 )

A ABORDAGEM DA PATRÍCIA ANDRADE – não só é politicamente correta, mas também de muita lucidez e coragem, sem nenhum reparo, acrescento e divulgo:

MEMÓRIA:


“Ser – un intelectual – de izquierda es como ser de derecha, una de las infinitas maneras que el hombre puede elegir para ser un imbécil; ambas en efecto, son formas de hemiplejia moral” [ “Ser da esquerda é, como ser da direita, uma das infinitas maneiras que o homem pode escolher para ser imbecil: ambas, com efeito, são formas da hemiplegia moral”.] José Ortega Y Gasset (1883-1955), in A Rebelião das Massas, escrito em 1926-1928.

o certo é que a esquerda - inspirada no glamouroso ódio ao capitalismo e ao burguês – que vem a ser a idéia força do comunismo, quando prevalece elimina a idéia democrática e suprime as liberdades públicas. Os exemplos históricos registram a maior barbárie provocada pela ação (des) humana no século passado.

A ESQUERDA SOBRETUDO LATINO AMERICANA – que pretende pousar de democrata e defensora dos direitos humanos - não tem tradição democrática e nem pretende ser democrática; sua origem está no partido comunista – sob a férrea direção do Partido Comunista da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), do qual saíram grupos e facções – a maioria associados à guerrilha – e à criminalidade por atentarem contra o Estado de Direito e, mesmo quando entrou no debate democrático – ficou com um pé na legalidade e outro na clandestinidade vinculada ao canibalismo, quando não justiçamento entre seus comissários, como se pode ver ainda hoje entre os honrados militantes petistas. Atualmente aparentemente reconfigurada em democrática, defensora dos direitos humanos e do igualitarismo dos pobres mas continua paradoxalmente a devotar amor patológico ao decrépito ditador da Ilha Cárcere e a aplaudir el grand emperador criollo – o teniente-coronel-presidente-golpista Hugo Cháves Frías, da Venezuela.

pode se avaliar o coeficiente de esquerdismo e direitismo, com uma precisão razoável.

No mundo dos direitistas podem coexistir direitistas e esquerdistas, mas, no mundo dos esquerdistas, só esquerdistas têm o direito de existir.

com efeito - o advento do reino esquerdista consiste, essencialmente, na eliminação de todos os direitistas, na erradicação completa da autoridade antiga (Antigo Regime), do burguês, posto que o pensamento único pretende ser universal e não admite a mínima dissidência. Basta observar a linguagem que usam quando se referem aos que simplesmente pensam diferentes deles.
A REALIDADE ATUAL demonstra as tentativas criminosas de abolir todo ponto de referência do sentido comum e de bom senso, que torna alguns insensíveis às provas da realidade, a ponto de comprometer a possibilidade de discernimento político, social e até do conhecimento científico, dificultando nos incautos a livre formação de convicções por meio da comunicação e do raciocínio; nos espertos escudados nos dogmas doutrinários não só no sentido político, mas também científico, cultural, ético e estético, cuja demonstração de efeito perverso inequívoco é a tsunâmica corrupção erigida – a simples erro dos cumpanheiros.

O PERVERSO esquema reducionista da esquerda – que apregoa que a direita ou centro político está vinculada com a somente ao regime militar, que é satanizado pelos efeitos colaterais que produziu e ocultado e desconsiderado pelo sucesso na atividade econômica, é verdadeiro disparate que carece de validade histórica, pois ignora precisamente a tradição da vida política centrista liberal, ilustrada desde o Império pelos liberais moderados, conservadores reformistas.

DO PONTO DE VISTA histórico não se pode falar de uma direita monolítica, de pensamento único ou hegemônico. Não existiu na História do Brasil. Desde a Corte Imperial – há o que se pode chamar de direita, mas com diferentes tendências e correntes, protagonista de episódios dramáticos, que contribuíram de um modo exemplar para a instituição da República e do aperfeiçoamento democrático.

EMBORA O esquerdismo – procure demonstrar sempre o contrário através do perverso discurso novilingüístico – como se tivesse o monopólio da ética, da transparência e da democracia – a direita liberal, não era monolítica, e, representava efetivamente o conservadorismo liberal e reformador, reformismo democrático e integrador.

asssim - Centristas e reformista – direita, centro-direita – tem sua origem histórica - formada por democratas sensatos, conservadores dignos e liberais centristas. A direita centrista liberal – está presente em toda a história do Brasil, porém, a falsificação histórica e política promovida pela orquestração esquerdista visa justamente num discurso anti-histórico deformar a verdade histórica.

o abuso pela simplificação com fins aparentemente eleitorais pretende deslegitimar histórica, política, social e cultural a direita brasileira, mediante falsificação histórica, induzindo a cidadania pensar que somente a esquerda tem legitimidade.

a Direita democrática e liberal – seria assim perversamente deslegitimada pelo discurso anti-histórico dos radicais de esquerda, vermelhos ou reacionários no sentido etimológico do termo.


CONTUDO - O QUE SE PERCEBE NOS ESTATISTAS DE PLANTÃO apegados à ideologia neo-regressiva totalitária é a crença e o desejo piedoso de que se realize a profecia marxista da queda do capitalismo decorrente da atual crise financeira (subprime) – em que o Estado como protagonista econômico substituirá o mercado.

O AVANÇO DO ESTADO REGULADOR – nas relações econômicas, políticas e sociais já é assustador. Agências Reguladoras e órgãos de fiscalização e controle – controlam absolutamente tudo. As longas mãos do governo (que não se confunde com o Estado) mediante leis, decretos, instruções, resoluções, decisões e, sobretudo com funcionários encarregados de fiscalizar e intervir em todos os setores da economia, menos nas atividades essenciais do Estado. Nada se faz e se empreende sem a autorização do governo – desde um simples negócio de compra e venda, em que só se escapa pela informalização da atividade ou livre mercado do crime organizado, até a geração e distribuição de energia, transportes de todo tipo (menos por enquanto o transporte ‘a pé’, mas que é limitado pela (in) segurança), produção e comercialização de produtos agrícolas, até o controle de alguns preços; o assanhamento envereda até para derrogar a lei de oferta e demanda, e, culmina nos direitos e garantias fundamentais – que já não tem garantia nenhuma pela (in) segurança pública e jurídica.

É A TENTATIVA DE REGRESSO A UM MODELO comprovadamente sem sustentabilidade técnica, política, jurídica, nem sócio-histórica.
Abs RR


Patrícia Andrade - VEJA

O QUE É SER DE DIREITA?

A economista Patrícia Carlos de Andrade é defensora das liberdades individuais. Coisa rara hoje em dia. Mas ela mesma tem sido escrava de uma agenda cada vez mais lotada, como diretora executiva do Instituto Millenium. A entidade acredita que o horizonte revolucionário no Brasil é liberal. Trabalho, portanto, é o que não falta.

O GOVERNO LULA É ACUSADO PELA ESQUERDA DE TER SE TORNADO NEOLIBERAL. A CRÍTICA PROCEDE?

O governo está muito distante do liberalismo. Apesar de estar mantendo um conjunto de medidas que foi a base do avanço econômico, como a estabilização, todo o resto guarda um abismo em relação ao liberalismo. É um Estado que vem crescendo, que volta e meia tenta atacar liberdades. Eles tentam e depois recuam quando a opinião pública se manifesta contrariamente. Em seguida, tentam de novo. Ainda somos muito travados. Não temos, por exemplo, um Banco Central independente.

O BRASIL É UM PAÍS DE DIREITA, CENTRO OU ESQUERDA?

Há no país um pensamento hegemônico de esquerda, em todas as camadas. Somos uma sociedade que espera do Estado a solução para todos os seus problemas. A maioria dos cidadãos está programada assim, sejam os mais educados, sejam os mais ricos ou os mais pobres. Ainda não temos uma visão mais centrada no indivíduo, nos mercados e nas liberdades.

PRECISAMOS, ENTÃO, DE UM CHOQUE DE LIBERALISMO?

Não existem modelos prontos a seguir. Até mesmo nos Estados Unidos o governo faz movimentos pendulares, ora é mais liberal, ora mais intervencionista, com restrição de liberdades individuais. Mas o fato é que não fomos capazes de crescer como uma força política social-democrata. No entanto, todos os remédios que se pretende ministrar são mais do mesmo: mais Estado, mais intervenção, mais sindicalismo, mais coletivismo. O caminho claramente não é esse.

QUAL É O CAMINHO?

As melhores opções são sempre aquelas que dão aos indivíduos maior liberdade de empreender, buscar seus projetos pessoais, fazer o que é melhor para seus filhos e sua família.

QUEM SE DECLARA ABERTAMENTE DE DIREITA SOFRE PRECONCEITO?

A palavra direita está tão desgastada que o próprio senador Jorge Bornhausen, numa entrevista a VEJA, afirmou que não é de direita, sendo ele do PFL. Falou de direita como se isso fosse um xingamento. Ser de direita choca as pessoas. Associa-se a direita ao nazismo e ao apoio à ditadura militar.

JÁ FOI HOSTILIZADA POR ISSO?

Minha filha participou de uma atividade na faculdade em que se discutia um artigo publicado por mim. Falava sobre os meninos de rua. Escrevi, em resposta ao Arnaldo Jabor, que falava da culpa que todos nós temos por aqueles meninos estarem pedindo dinheiro nos sinais de trânsito. Eu disse que não tenho culpa nenhuma. Sempre cumpri meus deveres. Durante a leitura, disseram algo do tipo "quem é essa mulher que pensa que é economista...".

A SENHORA SE CONSIDERA UMA PESSOA DE DIREITA. O QUE É SER DE DIREITA HOJE EM DIA?

É você não esperar que o Estado venha solucionar a sua vida. É tomar suas decisões pessoais e arcar com a responsabilidade por elas. Muitas pessoas são assim e não se dão conta de que têm uma atitude de direita. Isso por conta de uma imprecisão histórica. O que se chamou de direita no Brasil foram forças retrógradas, coronelistas. Não é a isso que me refiro. É a uma direita que existe nas democracias modernas, que dá mais força ao mercado, à competição e às liberdades individuais.
Fonte: Veja - 24 de janeiro de 2007

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