Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Documentos mostram recuo de Ministério do Esporte após pressão do denunciante




Corrupção


Depois de encaminhar à PM provas de irregularidades em convênios firmados por João Dias, ministério recuou para evitar que esquema fosse delatado
Gabriel Castro
João Dias, soldado da Polícia Militar (Cristiano Mariz )

Quando conversou com VEJA para rebater as acusações de que coordenava um esquema de corrupção no Ministério do Esporte, Orlando Silva negou ter cedido a qualquer pressão de João Dias, policial militar filiado ao PC do B que participou das fraudes e agora denuncia o esquema.

Mas a verdade não é exatamente essa.

Documentos obtidos por VEJA comprovam que, em 2008, o ministério recuou após Dias ter ameaçado delatar os desvios na pasta.

Como é Policial Militar, o integrante do PC do B estava ameaçado por uma sindicância interna da corporação, que apurava irregularidades em convênios que entidades ligadas a ele mantinham com o ministério.

A corporação pediu que a pasta de Orlando Silva desse detalhes sobre as irregularidades. Mas, depois de encaminhar à Polícia Militar documentos mostrando fraudes em convênios operados pelo soldado, a pasta pediu à PM desconsiderasse o material enviado anteriormente.

O que aconteceu nos três dias de intervalo entre uma data e outra?

Dias foi ao ministério pressionar para que a situação fosse revertida. Se o envolvido não tivesse nada que pudesse comprometer a cúpula do Esporte, o mais provável é que as ameaças fossem ignoradas.

Mas o policial militar conseguiu o que queria.


No primeiro documento, elaborado com base em uma sindicância feita em janeiro de 2008, o ministério confirma a existência de irregularidades na Federação Brasiliense de Kung Fu e na Associação João Dias de Kung Fu, ambas controladas pelo integrante do PC do B.

A análise que as entidades não executaram os serviços que deveriam.

Por isso, o policial deveria devolver 2 milhões de reais aos cofres públicos.

As principais irregularidades apontadas foram o uso de notas fiscais inválidas para prestar conta dos serviços, o desenvolvimento de projetos por menos tempo do que o acertado, a falta de apresentação de recibo do pagamento de salários e o não-fornecimento de alimentação aos beneficiados pelos programas esportivos desenvolvidos.

O material foi enviado à Polícia Militar em 2 de abril.



Reprodução

A primeira versão:
ministério lista irregularidades cometidas por entidades ligadas a João Dias. As fraudes, apontadas em janeiro, foram reportadas à Polícia Militar no dia 2 de abril

Curiosamente, cinco dias depois, o ministério volta atrás. Pede que o ofício anterior seja desconsiderado.

O motivo alegado: “As entidades solicitaram a este ministério, nesta data, pedido de prorrogação de prazo”. O resultado é que João Dias continua na Polícia Militar até hoje. O episódio comprova o que diz o militante do PC do B: com receio de que o esquema de desvios de recursos em Organizações Não-Governamentais (ONGs) fosse delatado, o ministério se dobrou às exigências feitas pelo soldado.


Reprodução

Segundo ofício: encaminhado cinco dias depois do primeiro documento, o texto pede que a Polícia Militar desconsidere as acusações. A pressão havia funcionado

O recuo do ministério comprova como a pressão de Dias funcionou.

E só funcionou porque a pasta temia o potencial explosivo das revelações que o militante do PC do B poderia fazer.


Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, o ministro Orlando Silva foi abordado sobre o assunto.

Ele disse que não houve "mudança, flexibilização ou recuo do ministério" nesse episódio.

"Não podemos responder por processos administrativos",
afirmou.

0 comentários: