A verdade volta a atormentar Dilma
A revista Veja publicou, neste fim de semana, que técnico do Palácio do Planalto diz que tem filme da visita da ex-chefe do Fisco, Lina Vieira, convocada ao gabinete de Dilma, onde sofreu pressão para por fim da investigação sobre a família Sarney
Foto: Arquivo
A história de Lina Vieira é um pesadelo que volta a colocar Dilma Rousseff contra a parede: teria, enquanto ministra, cometido crimes e comprovadamente mentido pra dedéu
A ministra Dilma Rousseff pode ter cometido os crimes de Abuso de Autoridade e de Peculato, quando, para conseguir apoio político, pressionou outra funcionária pública, Lina Vieira, a suspender uma investigação de criminosos da família Sarney que cometeram crimes contra o fisco brasileiro.
Sem uma investigação não se pode saber, por exemplo, se além do apoio político, a Ministra obteve, ou almejava alguma vantagem econômica, mas essa é uma vertente viável, dado os personagens envolvidos na tramóia.
Questionada ontem sobre a revelação do técnico de informática Demetrius Sampaio Felinto de que teria cópia das imagens que comprovariam suposta reunião entre ela e a ex-secretária da Receita Lina Vieira em 2008, gravada no circuito interno de TV do Palácio do Planalto, a presidenciável Dilma Rousseff (PT) voltou a negar o fato.
O relato do técnico foi publicado na revista Veja desta semana. Segundo a reportagem, Felinto diz que teria feito cópia da fita e que tentou negociar tanto sua divulgação quanto seu sigilo - e chegou a pedir "compensações" à revista para contar o que sabe.
A Veja informa que se negou a pagar e que, após ele ter feito contato com o comitê de Dilma, foi contratado por empresa que presta serviços ao Senado.
O técnico relatou que vinha há sete meses negociando com o comitê de campanha do PT a não divulgação das imagens.
A reunião entre Dilma e Lina Vieira teria ocorrido em 9 de outubro de 2008. O assunto veio à tona em agosto do ano passado, quando a própria ex-secretária confirmou o encontro. Lina afirmara que foi chamada para reunião "sigilosa" com a então ministra da Casa Civil e que, na ocasião, lhe fora feito um pedido para encerrar investigações na Receita Federal que envolviam a família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB).
Na época, Dilma reagiu: "Encontrei a secretária da Receita várias vezes e estivemos juntas em grandes reuniões, com outras pessoas. Essa reunião privada a que ela se refere eu não tive." Diante da polêmica, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência havia afirmado que as fitas com imagens de acesso ao Planalto foram apagadas.
Em agosto passado, primeiro numa entrevista e depois em depoimento no Congresso, a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira acusou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de tê-la convocado para uma reunião no Palácio do Planalto. Na conversa, a ministra teria pedido que Lina interferisse no andamento de uma investigação tributária que incomodava a família do presidente do Senado, José Sarney.
Na ocasião dos depoimentos a ex-secretaria da Receita Lina Vieira, não apresentou provas convincentes, além do próprio testemunho, de que a conversa realmente existira. Quando questionada sobre a imprecisão, justificava afirmando que todos os detalhes estavam registrados em sua agenda pessoal, que não havia sido localizada devido à mudança que fizera de Brasília para Natal, onde foi morar após ter sido desligada da chefia da Receita.
Porém, dois meses depois a Secretaria já na sua residência em Natal, localizou a agenda onde encontrou um registro feito à mão em 9 de outubro de 2008, logo em seguida à reunião com Dilma. Ela escreveu: "Dar retorno à ministra sobre família Sarney". A reunião ocorreu pela manhã, próximo ao horário do almoço, fora da relação de compromissos oficiais da ministra.
Convocada às pressas para a reunião, a ex-secretária conta que chegou a desmarcar o bilhete de um voo entre Brasília e São Paulo, emitido para o início da tarde de 9 de outubro, por causa da convocação inesperada. A passagem foi reemitida para as 19h30, quando Lina embarcou com destino a São Paulo.
A ex-secretária também está de posse de outro documento que, acredita, pode esclarecer quem está falando a verdade. Trata-se de um CD-ROM com todas as mensagens eletrônicas trocadas entre ela e seus assessores durante os onze meses em que comandou a Receita Federal.
Procurada por VEJA em Natal, Lina disse que a polêmica com Dilma produziu grandes transtornos a ela e sua família e que, por isso, não gostaria mais de se manifestar sobre o caso. "Agora eu só falo sobre esse assunto ao Ministério Público, caso seja convocada", afirmou.
As provas contidas na agenda, a possibilidade de verificação de transferência da passagem e o material contido no CD-ROM nunca foram postos a público até agora.
Uma coisa ficou já ficou comprovada, o filho de Sarney, o empresário Fernando Sarney, mantinha uma conta não declarada à receita no exterior, o que justificaria o pedido criminoso da ministra e fecha o cerco contra ela.
Se fosse realmente inocente, a ex Ministra já teria ameaçado pedir a abertura de procedimento judicial contra a Revista Veja e contra Lina Vieira.
Mas o que ela tem feito é negar vagamente, fingindo veemência, pois uma investigação não lhe interessa. Se tudo ficar realmente provado, como parece ser possível, ela vai acabar sendo mais uma “ficha suja” a disputar essas eleições.
Agora o país fica a esperar a habilidade da oposição em fazer esses fatos serem transformados numa investigação legítima, convocando para tanto o Ministério Público Federal.
Lugar de bandido é na cadeia e não num palanque.
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