Ex-presidente conversou com a sucessora em São Paulo e a aconselhou a não esticar mais a corda, para não atiçar o PMDB, e promover mais encontros com parlamentares aliados
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff teve nesta quarta-feira, 10, uma longa conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.
Dilma está preocupada com a crise de relacionamento entre o PT e o PMDB e com a instabilidade na base de sustentação do governo no Congresso. Foi por isso que bateu à porta de Lula.
Segundo apurou o Estado, o ex-presidente aconselhou a sucessora a não esticar mais a corda, para não atiçar o PMDB, o mais importante aliado do Planalto depois do PT.
Lula avalia que Dilma precisa promover mais encontros com deputados e senadores, fazer afagos nos parlamentares e "repactuar" a coalizão.
Ele também está apreensivo com a "guerra de dossiês", com infindáveis denúncias de corrupção. Trata-se de uma base aliada em pé de guerra.
Na terça-feira, 9, o PMDB chegou a ameaçar romper com o governo depois de saber que o Ministério do Turismo, dirigido pelo partido, havia sofrido uma devassa, no rastro da Operação Voucher, da Polícia Federal.
Dilma ficou furiosa por não ter sido avisada antes da operação e enquadrou o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo.
Pressionado, Cardozo cobrou explicações da Polícia Federal, "em caráter de urgência", sobre o uso de algemas nas ordens de prisão.
O vice-presidente Michel Temer, que comandou o PMDB, agiu para conter o princípio de rebelião.
Em reunião com o Conselho Político, nesta quarta-feira, Dilma pediu apoio da base aliada para votações importantes no Congresso, como a que prorroga, por mais quatro anos, o mecanismo que permite ao governo manejar livremente 20% do dinheiro do Orçamento, a chamada Desvinculação das Receitas da União (DRU).
Formado por presidentes e líderes de 15 partidos , o Conselho ouviu atentamente Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Na Câmara e no Senado, porém, muitos deputados e senadores que participaram do encontro disseram ser difícil apoiar tudo o que o governo quer depois de serem "maltratados" pelo Planalto.
Dilma está disposta a continuar a "faxina" na administração. Determinou, por exemplo, a demissão de todos os diretores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Mas, ao que tudo indica, a partir de agora pretende fazer consultas sobre as vagas, antes do preenchimento dos cargos.
10 de agosto de 2011
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