Foram incontáveis os assuntos abordados no quarto e último painel do seminário Liberdade em Debate.
“Fico muito à vontade para falar do assunto do álcool ou do cigarro. Morreu mais gente no carnaval por acidente de trânsito do que em Tripoli.
Aí vem um crítico e diz: mas seu programa é patrocinado por uma marca de cerveja.
Isso é um autoritarismo, como se beber uma cerveja não fosse uma decisão pessoal. Existe a lei para que ele não pegue o carro”, argumenta Marcelo Tas.
O jornalista admite que a força do programa “CQC” vem do patrocinador. Diz que no primeiro ano, quando eram patrocinados só por uma marca de cerveja, receberam toda a sorte de pressão. “Hoje, com 13 patrocinadores, temos muito mais liberdade de expressão”.
Para Reinaldo Azevedo, que escreve na revista “Veja”, “a sorte da liberdade de expressão depende da existência do patrocínio, das empresas que não dependam tão umbilicalmente do Estado. Quando menor for o percentual de publicidade dos veículos de comunicação que tenham origem estatal, mais livre é esse veículo porque está menos sujeito à pressão”.
“Vivemos hoje uma ditadura, ainda que velada, do politicamente correto”, opina o economista Rodrigo Constantino.
Ele, que também é articulista do Globo, diz que o cerceamento social é tão poderoso quanto as leis e normas. Tão poderoso que, às vezes, chega justamente a se transformar em discurso oficial.
“Durante o governo Lula, houve a tentativa patética da cartilha da linguagem politicamente correta. Quando o governo se arroga do direito de ditar uma linguagem apropriada, estamos a um passo de um regime totalitário”, diz.
Constantino brincou com o colega de painel Marcelo Tas, humorista e apresentador do “CQC”: “Temo muito pelo futuro profissional do Marcelo”.
Embora pregue a liberdade de expressão, o economista ressalta que ela esbarra no direito de propriedade.
“Não cabe a um jornal, que é uma empresa privada, dar espaço a qualquer um. Ele se reserva ao direito de dar voz a quem quiser. Liberdade de expressão é outra coisa, implica em ouvirmos coisas que não gostamos, que consideramos sórdidas ou chocantes. Não o de repetir, como um papagaio, o consenso”.
Constantino busca na literatura exemplos de discursos contra o consenso que têm função social. Ele cita “Gomorra”, de Roberto Saviano, retrato da máfia napolitana, e “Versos satânicos”, de Salman Rushdie:
“O progresso surge de mudanças promovidas por minorias que ousam ir contra o consenso. Todo o progresso está calcado na necessidade de tolerar os discursos contraditórios”.
Ainda no painel “Politicamente correto e liberdade de expressão″, o jornalista Reinaldo Azevedo recorda que o debate do politicamente correto só existe nas democracias.
“O exercício da liberdade é feito por quem discorda. Existem as patrulhas do bem, que se organizam para nos salvar. Querem nos salvar da gordura, do cigarro, da poluição. Em última instância, querem nos botar numa espécie de bolha de plástico moral, onde não há vida de verdade”.
Para o articulista da Veja, outra temática polêmica diz respeito ao Projeto de Lei 122, que criminaliza a homofobia.
“É uma lei contra a liberdade de expressão. Torna o crime inafiançável e submete o homossexual a um constrangimento de natureza filosófica. E, afinal de contas, uma pessoa, uma escola e uma igreja privadas estariam proibidas de dizer o que pensam. Nós já temos leis para punir os crimes contra o outro”, diz, acendendo a polêmica no debate a seguir.
“Existe uma pressão muito grande para que sejamos corretos. E acho que os jornalistas têm muito a ver com isso. Somos os porta-vozes de Deus. O jornalista é o cara que nunca erra e quando erra, pede perdão, fica vermelho. Gosto das pessoas radicais, que vão na raiz das coisas, mas não gosto de extremos”, assim o jornalista Marcelo Tas abriu sua participação no debate “Politicamente correto e liberdade de expressão”.
Tas acredita que o humor seja uma maneira inteligente de vacinar a sociedade contra o politicamente correto e agradece aos céus por “ter vindo ao mundo com esse espírito de porco cravado em mim”.
Marcelo Tas incrementou o início do debate citando o caso do humorista americano que foi demitido porque fez uma piada com a tragédia no Japão. “É a mesma coisa que demitir um dentista porque ele arrancou um dente”, compara.
O programa que ele apresenta atualmente, o “CQC”, vive sendo pressionado pelas autoridades e tendo problemas de restrição de liberdade dentro do Congresso Nacional.
“Acho isso uma grande piada. Normalmente, quando os caras nos restringem eles falam que nós não podemos ser levados a sério e o presidente do Congresso se chama José Sarney”, alfineta o jornalista.
O jornalista Leandro Narloch, autor do “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” (Leya, 2009), que está há mais de 60 semanas nas listas dos mais vendidos do país, iniciou o quarto e último painel do seminário Liberdade em Debate, “Politicamente correto e liberdade de expressão” citando uma frase do líder Che Guevara (“Executamos e executamos mais. Nosso regime é um regime de morte”) e provocando: “Hoje as pessoas usam camiseta com a imagem dessa pessoa estampada e eu que sou politicamente incorreto?Não. São eles”.
Os politicamente incorretos não são contra as minorias ou a prosperidade do Brasil, diz.
Narloch diz que a história tradicional reservou dois lugares para os negros e os índios: ou eram submissos ou heróis rebeldes que morriam em prol da liberdade.
“Na verdade, existiam os negros alforriados que capturavam escravos e era muito comum os brancos entregarem armas de fogo para os negros fazerem a segurança de suas terras. Isso deixa claro que existiam muitas personalidades. “Devemos mesmo lutar é contra as pessoas que tentam impor docemente um ideal de política pública. Devemos lutar, sobretudo, para que não imponham para nós um ideal de felicidade pública”.
“Fico muito à vontade para falar do assunto do álcool ou do cigarro. Morreu mais gente no carnaval por acidente de trânsito do que em Tripoli.
Aí vem um crítico e diz: mas seu programa é patrocinado por uma marca de cerveja.
Isso é um autoritarismo, como se beber uma cerveja não fosse uma decisão pessoal. Existe a lei para que ele não pegue o carro”, argumenta Marcelo Tas.
O jornalista admite que a força do programa “CQC” vem do patrocinador. Diz que no primeiro ano, quando eram patrocinados só por uma marca de cerveja, receberam toda a sorte de pressão. “Hoje, com 13 patrocinadores, temos muito mais liberdade de expressão”.
Para Reinaldo Azevedo, que escreve na revista “Veja”, “a sorte da liberdade de expressão depende da existência do patrocínio, das empresas que não dependam tão umbilicalmente do Estado. Quando menor for o percentual de publicidade dos veículos de comunicação que tenham origem estatal, mais livre é esse veículo porque está menos sujeito à pressão”.
Foto: Marcelo de Jesus
“Vivemos hoje uma ditadura, ainda que velada, do politicamente correto”, opina o economista Rodrigo Constantino.
Ele, que também é articulista do Globo, diz que o cerceamento social é tão poderoso quanto as leis e normas. Tão poderoso que, às vezes, chega justamente a se transformar em discurso oficial.
“Durante o governo Lula, houve a tentativa patética da cartilha da linguagem politicamente correta. Quando o governo se arroga do direito de ditar uma linguagem apropriada, estamos a um passo de um regime totalitário”, diz.
Constantino brincou com o colega de painel Marcelo Tas, humorista e apresentador do “CQC”: “Temo muito pelo futuro profissional do Marcelo”.
Embora pregue a liberdade de expressão, o economista ressalta que ela esbarra no direito de propriedade.
“Não cabe a um jornal, que é uma empresa privada, dar espaço a qualquer um. Ele se reserva ao direito de dar voz a quem quiser. Liberdade de expressão é outra coisa, implica em ouvirmos coisas que não gostamos, que consideramos sórdidas ou chocantes. Não o de repetir, como um papagaio, o consenso”.
Constantino busca na literatura exemplos de discursos contra o consenso que têm função social. Ele cita “Gomorra”, de Roberto Saviano, retrato da máfia napolitana, e “Versos satânicos”, de Salman Rushdie:
“O progresso surge de mudanças promovidas por minorias que ousam ir contra o consenso. Todo o progresso está calcado na necessidade de tolerar os discursos contraditórios”.
Foto: Marcelo de Jesus
Ainda no painel “Politicamente correto e liberdade de expressão″, o jornalista Reinaldo Azevedo recorda que o debate do politicamente correto só existe nas democracias.
“O exercício da liberdade é feito por quem discorda. Existem as patrulhas do bem, que se organizam para nos salvar. Querem nos salvar da gordura, do cigarro, da poluição. Em última instância, querem nos botar numa espécie de bolha de plástico moral, onde não há vida de verdade”.
Para o articulista da Veja, outra temática polêmica diz respeito ao Projeto de Lei 122, que criminaliza a homofobia.
“É uma lei contra a liberdade de expressão. Torna o crime inafiançável e submete o homossexual a um constrangimento de natureza filosófica. E, afinal de contas, uma pessoa, uma escola e uma igreja privadas estariam proibidas de dizer o que pensam. Nós já temos leis para punir os crimes contra o outro”, diz, acendendo a polêmica no debate a seguir.
Foto: Marcelo de Jesus
“Existe uma pressão muito grande para que sejamos corretos. E acho que os jornalistas têm muito a ver com isso. Somos os porta-vozes de Deus. O jornalista é o cara que nunca erra e quando erra, pede perdão, fica vermelho. Gosto das pessoas radicais, que vão na raiz das coisas, mas não gosto de extremos”, assim o jornalista Marcelo Tas abriu sua participação no debate “Politicamente correto e liberdade de expressão”.
Tas acredita que o humor seja uma maneira inteligente de vacinar a sociedade contra o politicamente correto e agradece aos céus por “ter vindo ao mundo com esse espírito de porco cravado em mim”.
Marcelo Tas incrementou o início do debate citando o caso do humorista americano que foi demitido porque fez uma piada com a tragédia no Japão. “É a mesma coisa que demitir um dentista porque ele arrancou um dente”, compara.
O programa que ele apresenta atualmente, o “CQC”, vive sendo pressionado pelas autoridades e tendo problemas de restrição de liberdade dentro do Congresso Nacional.
“Acho isso uma grande piada. Normalmente, quando os caras nos restringem eles falam que nós não podemos ser levados a sério e o presidente do Congresso se chama José Sarney”, alfineta o jornalista.
Foto: Marcelo de Jesus
O jornalista Leandro Narloch, autor do “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” (Leya, 2009), que está há mais de 60 semanas nas listas dos mais vendidos do país, iniciou o quarto e último painel do seminário Liberdade em Debate, “Politicamente correto e liberdade de expressão” citando uma frase do líder Che Guevara (“Executamos e executamos mais. Nosso regime é um regime de morte”) e provocando: “Hoje as pessoas usam camiseta com a imagem dessa pessoa estampada e eu que sou politicamente incorreto?Não. São eles”.
Os politicamente incorretos não são contra as minorias ou a prosperidade do Brasil, diz.
Narloch diz que a história tradicional reservou dois lugares para os negros e os índios: ou eram submissos ou heróis rebeldes que morriam em prol da liberdade.
“Na verdade, existiam os negros alforriados que capturavam escravos e era muito comum os brancos entregarem armas de fogo para os negros fazerem a segurança de suas terras. Isso deixa claro que existiam muitas personalidades. “Devemos mesmo lutar é contra as pessoas que tentam impor docemente um ideal de política pública. Devemos lutar, sobretudo, para que não imponham para nós um ideal de felicidade pública”.
16 de março de 2011
1 comentários:
Obrigado pelo apanhado geral. Como infelismente não pude assistir às 18h e as gravações por enquanto não estão disponíveis deu pra saborear um "tequinho". Tequinho não, foi um resumo de muita qualidade: um filé mignon.
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