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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Justiça quebra sigilo telefônico de Paulo Lacerda

Justiça quebra sigilo telefônico de Paulo Lacerda

Objetivo é identificar contatos que ex-diretor da Abin
teria feito com o delegado Protógenes Queiroz

Fausto Macedo


A Justiça Federal decretou a quebra do sigilo telefônico do delegado Paulo Lacerda, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ex-diretor da Polícia Federal. O rastreamento pega 20 meses, de janeiro de 2007 a agosto de 2008. A Justiça quer identificar contatos que Lacerda teria realizado naquele período com o delegado Protógenes Queiroz, mentor da Operação Satiagraha - investigação sobre suposto esquema de crimes financeiros envolvendo o banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity.

A pesquisa expõe o homem que durante seis anos agiu intensamente nos bastidores do poder, ocupando os mais importantes cargos na cúpula do sistema de inteligência do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Lacerda dirigiu a PF cinco anos, de 2003 a 2007. Entre março de 2007 a setembro de 2008, conduziu a Abin.

O acesso ao histórico de telefonemas de Lacerda foi ordenado pelo juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Também é alvo da quebra do sigilo o ex-diretor de contrainteligência da Abin, Paulo Maurício Fortunato Pinto. Em 27 de maio, Mazloum mandou a Polícia Federal abrir inquérito para investigar os passos de Protógenes no cerco a Dantas. Por meio do ofício 2317/09, endereçado ao superintendente regional da PF em São Paulo, delegado Leandro Daiello Coimbra, o juiz inclui Lacerda no rastreamento e empresários que teriam mantido contato com Protógenes, municiando-o com dados sobre o banqueiro.

"Para cabal apuração de eventuais ligações entre referidas pessoas, dentre outras diligências a cargo da autoridade, deve-se solicitar às respectivas operadoras de telefonia histórico de chamadas de todas as linhas identificadas, desde janeiro de 2007, início da operação (Satiagraha), até agosto de 2008, bem como informações sobre existência de outras linhas em nome de tais pessoas", decidiu o magistrado.

Protógenes já é réu em ação penal na 7ª Vara. Denunciado pelo Ministério Público Federal, que a ele imputa quebra de sigilo funcional e fraude processual - crimes que teria praticado no curso da Satiagraha -, Protógenes mobilizou 84 agentes e oficiais da Abin. A suspeita é que o delegado contou com o apoio direto e orientação de Lacerda.

É a segunda investida do magistrado contra área sensível do governo. Em novembro, Mazloum determinou buscas na base de operações da Abin no Rio, onde a PF apreendeu documentos e mídias secretas.

Desta vez, o alvo é Paulo Lacerda, que detém alentada carga de informações estratégicas. É um autêntico arquivo vivo dos bastidores do governo. Sob seu comando, e aval, a PF executou cerca de 400 missões que levaram à prisão magistrados, deputados, empresários influentes e doleiros.

Lacerda, agora adido policial na Embaixada do Brasil em Portugal, não foi localizado para falar sobre a quebra de sigilo. À CPI dos Grampos e à PF, em depoimento formal que prestou no inquérito contra Protógenes, ele afirmou não ter tido participação na Satiagraha.
Estadão

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