Santuário é a mãe!
“... e a tua mãe também”, é um filme mexicano que recomendo ao leitor.
Nele são enfocadas as confusões em que se metem as pessoas imaturas, nas suas aventuras amorosas, temperadas com drogas.
E a maturidade, depende do quanto superamos o triângulo amoroso “criança, mamãe, papai” que nos envolve na infância.
Nele, primeiro a criança imagina que a mamãe é um pedaço dela e, após dar-se conta de que isso não é verdadeiro, se ilude que a mamãe é sua.
Mais tarde é novamente frustrado, quando perde a “sua mamãe” para o papai e, freqüentemente, para irmãos que chegam, tal como “exóticos” que desestabilizam um “bioma” em equilíbrio perfeito.
Uma das grandes funções paternas é justamente ajudar a romper os laços simbióticos “mamãe-criança”.
A isso, o povo, na sua sabedoria, denomina “tirar a criança da barra da saia”.
E tem que ser assim, pouco restando à criança, mais do que se consolar com a ilusão de que sua mãe é “forçada” a estar com o pai que, além de “maltratá-la”, a fecunda, o que é sentido como a suprema humilhação pelo “pequeno e possessivo Édipo”, diria Freud.
A persistência ou retorno, no adulto, da fixação infantil na mãe e da hostilidade ao pai, mantêm vivas as fantasias sobre o maltrato do pai (antropizador, exótico) sobre ela, bem como a tola idéia de que com “ o filhinho” é que a mamãe ficaria preservada, infecunda, platonicamente santuarizada e feliz.
Nos diz a Psicanálise que os sentimentos, emoções e fantasias infantis, para “saírem do armário”, são deslocadas e recaem sobre objetos que simbolizam a “mamãe” e o “papai”.
Em todas as épocas e culturas a mulher-e-mãe é símbolizada pela natureza e a terra, enquanto a figura paterna é deslocada por aquele que “ fecunda o cio da terra”: o agricultor, o produtor.
Percebe-se hoje uma versão ambientalista que gravita obsessivamente em torno dos conceitos de “ameaça”, “impactação” e “preservação”, que parecem expressar, simbolicamente, as fantasias infantis sobre a mamãe possuida, sempre ameaçada e vilipendiada pelo pai.
Tal corrente de pensamento é fascinada pela idéia de colocar “cinto de castidade” na natureza e, portanto, santuarizá-la, tal como a criança gostaria de poder ter feito com a mamãe, protegendo-a das maldades fecundantes do papai.
Daí a dificuldade desse ambientalismo em falar de manejo florestal na Amazônia, Cerrado produtivo, melhoramento de pastagem no Pantanal.
Para eles o canavial, o gado, a soja, o tansgênico, o reflorestamento, o biocombustível,....
Nada lhes é suficientemente bom!
Mas suas roças têm ar condicionado e servem-se muito bem do desenvolvimento criado por quem fecunda a terra e que, finalmente, paga os seus holerites, bolsas de estudo e verbas dos projetos preservacionistas.
O pessoal do Ministério do Meio Ambiente é outra história: até 80 % de suas verbas são internacionais...
Já viram falar em “gringo bonzinho”?
Pois é, conta outra, que nós gostamos!
Por tudo isso, dizem os pantaneiros:
“Santuário é a mãe”!
Literalmente.
por Valfrido M. Chaves
Psicanalista
Psicanalista
0 comentários:
Postar um comentário